quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

É preciso lavar a Petrobrás


A Petrobrás e os ratos

Lembro-me do meu pai, o velho Manoel Aguiar, defendendo a criação da Petrobrás, lá pelos anos 1950. Um dia ele me deu um livro, cujo título aguçou a minha curiosidade: “O que sabe você sobre o petróleo?”, do jornalista Gondim da Fonseca (1899-1979), corajoso e brilhante lutador das causas nacionalistas. Um livro que guardo até hoje, e cuja leitura aconselho a todos e tanto me orgulha.

Gondim da Fonseca foi um dos muitos heróis da defesa das riquezas naturais brasileiras, nome que se iguala a Jesus Soares Pereira, Monteiro Lobato e Horta Barbosa, figuras que infelizmente a “morte da memória nacional” (a expressão é de Franklin de Oliveira, grande expressão da nossa vida intelectual e política) sepultou. Uma pena que, hoje, ao se falar dos assuntos ligados ao petróleo brasileiro, ecoem apenas os nomes de notórios canalhas, como Cerveró, Paulo Roberto Costa, Youssef, Vaccari, entre outros pulhas.

Os inimigos da Petrobrás, desde a sua criação em 1953, sempre a miraram como um alvo a ser atingido e destruído. Sempre imaginaram transforma-la em pó de traque, como se dizia no meu tempo de guri.

Mas, a Petrobrás é mais, muito mais, que uma empresa de grande envergadura, a maior empresa brasileira. A Petrobrás é um símbolo: ela é, de fato, a própria nação brasileira. Para o Velhote do Penedo, lutar pela preservação da Petrobrás, é lutar pela memória dos brasileiros que, nos idos de 1950, lutaram por ela. É lutar pela memória do meu velho Manoel Aguiar. A Petrobrás é a própria Carta-Testamento de Getúlio Vargas, que a criou e por ela foi levado ao suicídio.

Hoje, a Petrobrás está sendo destruída por dentro por obra e graça (êpa!) de uma esquerda sem escrúpulos, que traiu seus princípios, golpeou os brasileiros que nela acreditaram e pisou na dignidade do povo brasileiro. A roubalheira petroleira transformou-se num prato cheio para os inimigos da Petrobrás. O partido governista, que se autointitula de esquerda, está oferecendo a Petrobrás numa bandeja à direita mais reacionária. Ao mesmo tempo em que sua militância nada diz, nada faz, omissa, covarde, despudorada, idiotizada. A militância petista cacareja que a direita quer destruir a Petrobrás, mas silencia em face dos gatunos que assaltaram os cofres da empresa.

É preciso defender a Petrobrás – e defender a Petrobrás, hoje, é limpá-la, lavá-la com soda cáustica, como disse certa vez o Brizola a respeito do Banco Central. É preciso tornar a Petrobrás imune aos descalabros que alimentam a direita e enriquece a rataria – de direita, centro e esquerda. A militância petista devia estar nas ruas, exigindo a salvação da Petrobrás, o que só será possível com a sua limpeza e a prisão dos seus assaltantes.

Escrevi o presente texto movido pela indignação. Deixo no ar uma pergunta. O que é pior: a direita que sempre sonhou com o aniquilamento da Petrobrás ou a autointitulada esquerda que está tornando isso possível? Minha resposta é: ambas. Ambas merecem um banho de soda cáustica.