quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Edição Extra do Jornal do Velhote do Penedo


 

 

Jornal do Velhote do Penedo

Número 6

Quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Vergonha! Vergonha! Vergonha!

Em decisão que envergonha a todos nós, cidadãos que pagamos impostos (dos quais são pagos os salários dos salafrários, digo, dos políticos), o deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), que cumpre pena de 15 anos por desvio de R$ 8,4 milhões (R$ 58 milhões em valores atualizados) dos cofres públicos de Rondônia, foi absolvido no processo de cassação de que era alvo na Câmara Federal.

E pensar que a Rede Globo e a GloboNews chama de vândalos os manifestantes que fazem quebra-quebras! Vandalismo foi o que aconteceu ontem na Câmara, casa que abriga assassinos, poltrões, ladrões, arrivistas e delinquentes de várias espécies. Donadon continua deputado, mesmo estando atrás das grades! Vergonha!

Espero que no dia 7 de setembro, o povo saia às ruas mais uma vez para mostrar às autoridades e políticos, como dizia minha avó, com quantos paus se faz uma canoa!

O Velhote do Penedo está, hoje, impossível!  

domingo, 25 de agosto de 2013

Cadê as providências, senhores políticos?


 

Jornal do Velhote do Penedo

Número 5

Segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Editorial

Supõe-se que no dia 7 de setembro ocorrerá no Brasil grandes manifestações de rua. Segundo se diz, os manifestantes irão cobrar das autoridades as providências que elas prometeram em junho e julho, mas que não atenderam até hoje.

De fato, quando o povo brasileiro saiu às ruas, a presidente Dilma foi à televisão – e, confusa como de hábito, jurou que era contra a corrupção, prometeu um plebiscito, uma constituinte e várias reformas, entre as quais a política. Depois, foi a vez do senador Renan subir à tribuna do Senado – e, esperto como é, prometeu uma série de providências, todas elas impossíveis e inviáveis a curto e a médio prazos. Enfim, nada se fez. Tivemos apenas promessas – e bla-bla-blas. A inflação continua alta – e, sem os subsídios que o governo dá (preços da gasolina, por exemplo), já estaria beirando os 10%. O dólar continua subindo, a corrupção campeia (todos os dias temos denúncias as mais cabeludas, envolvendo políticos e autoridades dos mais variados partidos). Tem-se a impressão que os políticos não dão a menor bola para o povo.

Considerando a educação, a saúde, o saneamento, os transportes coletivos, entre outras indicações de civilidade, o Brasil é, na verdade, uma semi-África, embora sem aqueles generais sanguinários e amedalhados que vemos nos noticiários e filmes. Tal como na África, grande parte da população brasileira vive em favelas, guetos, na rua, em manguezais, em choças.

A população brasileira, apesar da propaganda governamental, é, em sua maioria, pobre, paupérrima, analfabeta, doente. Prova disso é que milhões de famílias se sentem gratificados com a migalha da bolsa-família (70 reais por família!), que os governos do PT inventaram como uma espécie de tapa-boca dos miseráveis. Nossas elites – políticas, governamentais, empresariais e intelectuais - não merecem o chão que pisam, pois a maioria deles vivem às custas de subsídios e auxílios governamentais. Vejam o caso do Sr. Elke Batista, que enganou a muitos, utilizando dinheiro público (do BNDES), que, por força de suas ligações com o ex-presidente Lula, lhe era repassado em condições extremamente favoráveis. Vejam os casos das grandes empreiteiras, dos grandes bancos, das grandes empresas – muitas deles envolvidos em escândalos e golpes.

Semanalmente, as revistas Época, Veja e Istoé reportam escândalos que, num país civilizado, fariam cair governos e levariam políticos e gestores à penitenciária. Não são escândalos que envolvem apenas o PT, embora este partido, por ser o governamental, esteja sempre no epicentro dos principais maracutaias. O PSDB, por exemplo, vai ter que explicar – ou responder penalmente – as denúncias da Siemens, que envolvem figuras de proa do partido.

O Velhote do Penedo espera que o povo saia mais uma vez às ruas, cobrando das autoridades o que lhe foi prometido e não cumprido. Não mudaremos o Brasil enquanto as autoridades não respeitarem – e temerem – o povo organizado.

 “Os reis da voz”   

Lancei esta semana, pela Editora Casa da Palavra, o livro “Os reis da voz”, que discute a trajetória de 15 grandes cantores da música popular brasileira: Francisco Alves, Mário Reis, Jorge Goulart, Orlando Silva, Cauby Peixoto, Carlos Galhardo, Vicente Celestino, Tito Madi, Nelson Gonçalves, Ciro Monteiro, Silvio Caldas, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Germano Mathias e Moreira da Silva.
 

Este livro complementa o meu “As divas do Rádio Nacional”, que lancei, em 2010, contando a história de 14 grandes cantoras dos anos dourados do rádio brasileiro.

Como nas “Divas do Rádio Nacional”, o livro “Os reis da voz” inclui um CD com gravações originais.
 

domingo, 18 de agosto de 2013

Vamos "desmilitarizar" a polícia?


 

Jornal do Velhote do Penedo

Número 4

Segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Editorial

Os recentes conflitos entre a Polícia Militar e manifestantes urbanos, trouxeram à baila uma discussão tardia, mas necessária: a “desmilitarização” da polícia. É sempre bom lembrar que nem sempre a polícia foi “militarizada” no Brasil; ela tornou-se “Polícia Militar” no Brasil durante a ditadura (1964-1985), como braço armado da repressão e como mecanismo de não envolvimento direto da soldadesca das Forças Armadas na luta contra os opositores da ditadura.

Todos sabemos que Forças Armadas e polícia cumprem papéis distintos. As Forças Armadas visam diretamente o aniquilamento do inimigo: é o que provam as guerras. Elas são vencidas quando determinadas armas destróem as armas do inimigo, forçando-o à rendição – em geral, incondicional.

A polícia tem como objetivo a manutenção da ordem pública, o que não significa diretamente a repressão e o aniquilamento dos que estão do outro lado. A polícia cumpre, por vezes, o papel de apaziguador de tensões, utilizando a persuasão e, não, a repressão.

É o que nos ensina o filme “Nova York sitiada” (The siege), no qual o exército é chamado a substituir o policiamento da cidade ameaçada por ações terroristas. O exército parte para a repressão direta, sem levar em conta direitos mínimos da população. Com a militarização de Nova York, a polícia civil é afastada do caso: sobram, então, violência e repressão generalizada em nome da “ordem”.

Uma premissa é essencial nessa análise. Quando a polícia se torna “militar” ou é “militarizada”, as duas tarefas  se misturam: a polícia passa a assumir o papel de “aniquilador” do suposto inimigo, ou seja, daqueles que, a seu juízo, estão bagunçando a “ordem pública”, vistos agora como “inimigos puníveis ou aniquiláveis”. Com isso, os direitos humanos vão para o espaço e todos passam a ser vítimas potenciais da repressão.

Os conflitos que estamos assistindo resultam fundamentalmente da duplicidade de papéis da PM: ela é polícia, mas é também militar, o que a leva a “engrossar” contra manifestantes, mesmo quando estes estão apenas protestando, pois o pressuposto é o aniquilamento do inimigo, ou seja, dos manifestantes. Não fosse a desonestidade (orientada de cima) das coberturas midiáticas, principalmente da Rede Globo e da GloboNews, saberíamos, por exemplo, que em várias oportunidades a PM foi a primeira a agredir, transformando, ela sim, uma manifestação pacífica em conflitos violentos.

Claro, no meio dos manifestantes há sempre “agentes provocadores” (muitas vezes infiltrados pela própria polícia), irresponsáveis e “porraloucas”. Mas estes seriam neutralizados pelos próprios manifestantes se a polícia cumprisse com serenidade o papel que lhe cabe – ou deveria caber.

Ao tentar fazer a cabeça dos ouvintes, levando-os a ficar contra as manifestações, os comentaristas e jornalistas da Rede Globo e da GloboNews influenciam também os policiais, que também são ouvintes dos noticiários, levando-os a exorbitar a repressão. Contra os “vândalos”, a porrada! A coisa funciona dessa maneira.

A democracia exige a “desmilitarização” da polícia. Esta tem que ser uma das reivindicações mais urgentes da sociedade brasileira.

Novo curto-circuito

A matéria baixo, assinada pela jornalista Miriam Leitão, foi publicada em O Globo, de 13 de agosto de 2013. Leiam e me respondam: tem jeito?

 

“O erro do Ministério das Minas e Energia nas hidrelétricas do Rio Madeira é apenas um dos exemplos das falhas que rondam o setor de energia. Por não ter sido planejada a compatibilização de equipamentos de segurança, as usinas não poderão transmitir a energia que estarão aptas para gerar até o fim do ano, do contrário, as turbinas podem queimar.

“O problema foi detectado, conta o repórter Daniel Rittner, do “Valor Econômico”, em 2010. Desde então, nenhuma autoridade achou que fosse necessário contar o que acontece ao distinto público. As hidrelétricas foram viabilizadas com financiamento subsidiado e participação de estatais para manter em pé os consórcios, mesmo assim, o governo preferiu fazer uma conspiração do silêncio.

“Ministério das Minas e Energia, empresas, Operador Nacional do Sistema, Agência Nacional de Energia Elétrica, todos omitiram que, por erro de planejamento, não será possível escoar a energia a ser gerada por Santo Antônio e Jirau além de 1.100 Megawatts, porque o risco é de as usinas queimarem.

“Esconder a informação dessa falha já é um erro em si. Empresários do setor se diziam ontem apanhados de surpresa por mais esse imbróglio. O trio elétrico MME-Aneel-ONS e os consórcios conseguiram esconder do país o que o país tinha direito de saber.

“As duas hidrelétricas foram licitadas com a capacidade de gerar, juntas, 6.400 MW. Depois, Jirau fez uma mudança no projeto elevando o número de turbinas e essa potência aumentou. Muito mais aumentou o preço. As duas custariam pouco mais de R$ 20 bilhões, segundo os números do leilão em maio de 2008. Em 2011, o custo das duas já tinha ido para R$ 28 bi e está terminando num valor superior a R$ 30 bi.

“Santo Antônio já está iniciando a geração de algumas das 44 turbinas sem que haja como escoar a energia pela falta de linhas de transmissão. E o problema é que quando chegar no fim do ano, data de conclusão das obras, ainda será preciso resolver esse novo problema.

“Soube-se dele só agora porque a ata da reunião de junho do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico informa que a Aneel registrou “preocupação” com a carta recebida do ONS no qual o problema é relatado. “Os sistemas de supervisão e controle das usinas e do complexo de transmissão não são compatíveis”, informa o “Valor”.

“É um espanto de incúria administrativa e uma deliberada omissão de informação relevante. Procurada pelo jornal, a agência reguladora nada quis dizer. Temos uma agência que pensa que não é sua obrigação pronunciar-se sobre um fato espantoso como esse. O ONS admitiu que o problema existe, mas que “um atraso acabou ajudando o outro”. Como há atraso da entrada de funcionamento das usinas e das linhas de transmissão, vai se tentar resolver o que deveria ter sido pensado desde o início: que os sistemas de segurança sejam compatíveis.

“O setor de energia está sempre preparado para culpar as licenças ambientais por qualquer atraso que ocorra. Em relação a essas duas hidrelétricas houve tudo: erro nos projetos e processos, saída de empreendedores do consórcio de Jirau, brigas entre os grupos de Jirau e Santo Antônio, eclosão de protestos de trabalhadores no canteiro de Jirau. A revolta de trabalhadores foi contida com o uso da Força Nacional, o que é uma ironia. No governo de um partido que se chama “dos trabalhadores”, usam-se recursos públicos e a Força Nacional em um conflito entre capital e trabalho.

“Quanto vai custar esse atraso? Quem é o responsável pelo erro de planejamento? Por que isso foi escondido? O governo deve ao país muitas informações sobre esse nebuloso caso, do qual só se sabe quem vai pagar a conta: o contribuinte”.

NOTAS

1 – O drama da família do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há mais de um mês após ser abordado por policiais militares na Rocinha, se reproduz milhares de vezes no estado do Rio de Janeiro. Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro revela que desde 1991 foram registrados 92 mil desaparecimentos. É preciso dizer mais?

2 – Leiam, com atenção, o livro “Cidades Rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil”, reunião de artigos e ensaios sobre as recentes manifestações populares no Brasil. O livro é da Boitempo/Carta Maior.

3 – Tudo bem. O ministro Joaquim Barbosa não devia ter sido tão descortês com o ministro Ricardo Lewandowski. Mas o ministro Lewandowski não precisa ser tão chato e extenso nos seus votos, mesmo naqueles em que concorda com Barbosa. Claro, a chatice de Lewandowski tem como objetivo protelar o julgamento dos mensaleiros e, pior ainda, arrumar um jeito de reduzir as penas da cúpula petista condenada.

4 – E o governador Cid Gomes, hem? Contratou um bufê por 3,4 milhões de reais, abastecendo as dispensas palacianas com taças de cristal, orquídeas, caviar, salmão e crepes de lagosta. Um horror diante da miséria reinante do estado do Ceará.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

As manifestações populares e a violência na TV


 
Jornal do Velhote do Penedo

Número 3

Segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Editorial

Um amigo meu, veterano jornalista de Brasília, costuma dizer que a ditadura militar (1964-1985) agravou as mazelas históricas do Brasil. O Velhote do Penedo concorda com ele – e diz mais: o golpe militar bagunçou o processo histórico brasileiro, que, apesar de tudo o que se possa dizer a respeito, tinha um rumo, um sentido, uma orientação, que nos levaria, certamente, a um cenário socioeconômico bem melhor e menos injusto que o atual.

O golpe militar de 1964 foi desfechado contra o presidente João Goulart, mais especificamente contra o seu projeto de reformas de base, que incluíam, entre outras, a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma do ensino, a reforma bancária e a reforma política. A verdade é que as elites brasileiras e os interesses multinacionais instalados no Brasil temiam – e com razão – que as reformas afetassem seus privilégios, e foram buscar nas Forças Armadas os meios de impedi-las. Vivíamos, nos anos 1960, a época auge da guerra fria – e na cabeça dos milicos lutar contra as reformas de base era a maneira tupiniquim de lutar contra o comunismo.
 
A reforma agrária proposta pelo Governo Jango tinha dois objetivo principais: 1) fixar o rurícola no campo, impedindo, assim, o inchaço desmesurado das cidades; 2) criar um imenso mercado interno, o que favoreceria principalmente as indústrias de bens de consumo, predominantemente nacionais.

Cabe lembrar que, no início dos anos 1960, o grosso da população brasileira vivia no campo – e grande parte dela em condições sub-humanas, daí o projeto generoso de dotar os rurais de um pedaço de chão de onde pudesse produzir e extrair da produção o seu sustento digno. Com o golpe militar de 1964, que esmagou os ideais reformistas do governo deposto, ocorreu forte migração campo-cidade, ao ponto de chegarmos aos índices dos dias atuais, em que menos de 20% dos brasileiros são residentes no campo. Em contrapartida, favelas e guetos enxamearam as cidades brasileiros, criando situações que hoje beiram a catástrofe social.

As cidades brasileiras, principalmente as metrópoles, são o caos que são devido, principalmente, a falta de reforma agrária, que deveria ter sido feita no Brasil há, pelo menos, 50 anos.

As chamadas reformas de base não eram meros discursos políticos, como são os discursos da “tia” Dilma; elas formavam um conjunto estruturado de projetos e programas que visavam, de fato, transformar o Brasil, dotando-o de condições que o levassem ao desenvolvimento pleno e harmonioso, em benefício de todo o povo brasileiro.

O golpe militar de 1964 implantou a ditadura no Brasil e soterrou as reformas de base. O presidente João Goulart foi para o exílio, onde faleceu em circunstâncias misteriosas. A imagem que passou a prevalecer sobre Jango foi aquela criada por seus inimigos e por alguns intelectuais vesgos de tanta admiração pelos países centrais e pelas teorias que não nos explicam. Todavia, nada do que se falou (e ainda se fala) sobre Jango foi casual ou fruto de erro de análise.

Os militares (e seus aliados civis) afirmavam, por exemplo, que o Governo Jango era uma soma de corrupção desenfreada, demagogia, caos econômico e subversão da ordem. Nada do que ele fizera tinha valor. As chamadas esquerdas revolucionárias enxergaram no apoio e na aliança do presidente com o movimento sindical uma manifestação de peleguismo e paternalismo, cujo objetivo seria o de alienar os trabalhadores dos seus interesses. Intelectuais equivocados, incapazes de compreender o que de fato estava ocorrendo no Brasil, formularam a teoria do populismo, cujo conceito nem eles mesmos conseguiram decifrar e definir. Populismo tornou-se tudo aquilo que tais intelectuais, por uma razão ou outra, não entendiam ou discordavam.

Os jovens de hoje pouco sabem sobre Jango e sobre o seu governo e as reformas de base. Os jovens não sabem que a ditadura militar foi construída no Brasil para impedir que as reformas de base dessem partida à transformação do Brasil, permitissem a inclusão social de enormes parcelas do povo brasileiro e lançassem as bases de um futuro (hoje!) bem diferente do que somos.

As manifestações populares recentes trouxeram à baila a ideia e a necessidade de reformas profundas na sociedade brasileira, muitas delas, como a reforma política e a reforma urbana, ainda hoje necessárias e reclamadas pelo povo brasileiro. Nas ruas, os brasileiros estão exigindo tudo aquilo que não foi feito nos últimos 50 anos, desde a deposição de Jango. Com os agravantes naturais de um atraso de meio século.  

Como resolver os problemas urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, metrópoles de 20 e 10 milhões de habitantes? Como dotar tais metrópoles de hospitais e escolas eficientes? Como desatar o nó do trânsito permanentemente congestionado das metrópoles brasileiras? Como enfrentar a questão da segurança em São Paulo e no Rio de Janeiro? Como tornar a educação e a saúde dignas? Como expelir da vida política brasileira a politicalha indecente que domina os poderes constitucionais do país. As questões são muitas, intrincadas e difíceis.

A verdade é uma só: fazer hoje o que devíamos ter feito há 50 anos não é tarefa simples. Mas temos que lutar pelas reformas. O povo deve voltar às ruas – e encostar os dirigentes e os corruptos contra a parede.

Tomem nota e não esqueçam

Hoje já se pode ler alguns livros de boa qualidade sobre João Goulart. Mas o Velhote do Penedo prefere citar aqui três documentários imperdíveis sobre o governo Jango, sobre as circunstâncias que cercaram a sua deposição, inclusive sobre a interferência direta do governo dos Estados Unidos, através do embaixador Lincoln Gordon, naqueles acontecimentos.

Jango – Silvio Tendler (1984)

O dia que durou 21 anos – Camilo Tavares (2012)

Dossiê Jango – Paulo Henrique Fontenelle (2012).

Violência extrema

Um dia, o Velhote do Penedo fez a seguinte pergunta a uma de suas alunas: Quantos homicídios seus filhos já viram? A aluna levou um susto, e respondeu: Nenhum, professor!

Pois os filhos dessa minha aluna já viram centenas, talvez milhares, de assassinatos – só que minha aluna não se deu conta disso. Se os meninos assistem televisão, eles já viram muitos crimes – e não só de morte.

Em 1992, o Velhote do Penedo participou de um levantamento, uma pesquisa sobre violência na TV. A equipe se concentrou na programação da Rede Globo – e durante sete dias foram acompanhados 77 programas, entre filmes, seriados, novelas, humorísticos, variedades, noticiários e infantis). A pesquisa cobriu 144 horas e 33 minutos de programação.
 
Os resultados foram alarmantes, pois a violência mostrada na telinha superava todas as expectativas. Mas vamos aos números. Nos sete dias de programação acompanhados foram mostrados:

·         244 homicídios (tentados ou consumados), o que aponta uma média de 2,15 homicídios/hora;

·         397 agressões (média: 3,47 agressões/hora);

·         190 ameaças (média 1,66 ameaças/hora);

·         11 sequestros;

·         5 crimes sexuais com violência ou ameaça;

·         26 crimes sexuais de sedução;

·         60 casos de condução de veículos com perigo para terceiros ou sob efeito de drogas;

·         12 casos de tráfico ou uso de drogas;

·         50 casos de formação de quadrilhas;

·         14 roubos;

·         11 furtos;

·         5 estelionatos;

·         E mais 137 outros, entre os quais: tortura (12 casos); corrupção (4); crimes ambientais (3); apologia do crime (2); suicídios (3).

·         Outros detalhes:

- Cenas de violência nos desenhos animados: 58 cenas/dia;

- Novelas: 150 cenas de violência/semana ou seja 11,2 cenas/dia;

- Programação humorística: 74 cenas de violência/semana (principalmente agressões, o que dá uma média diária de 10,5).

  Em 1992, não tínhamos nem celular nem esses joguinhos de guerra e luta que as crianças manejam durante horas em casa. Então, é bem provável que os números acima apresentados atinjam, hoje, proporções inimagináveis.

Diariamente, no Brasil e no mundo, crianças de pouca idade estão matando outras crianças, pais, parentes, amigos, se suicidando. A violência banalizou-se de tal maneira que as crianças estão achando natural matar e inspirar-se na violência que elas observam maciçamente pela televisão.

sábado, 3 de agosto de 2013

Amarildo, vítima do vandalismo policial


 
Jornal do Velhote do Penedo

Número 2

Sábado, 3 de agosto de 2013

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Editorial

Parece não restar dúvida de que Amarildo, o trabalhador residente na Rocinha, foi assassinado pelos policiais acantonados na UPP da favela. UPP significa ironicamente Unidade de Polícia Pacificadora.

O assassinato de Amarildo foi covarde, bárbaro, como tantos outros que ocorrem, quase diariamente, nos guetos e favelas do Rio de Janeiro. Há um mês, três trabalhadores foram confundidos com bandidos e mortos no Complexo do Alemão por policiais do BOPE – e nada foi feito até hoje.

Amarildo foi assassinado – um crime vil, torpe e que contou com o silêncio cúmplice do governador Sérgio Cabral, que, agora, pressionado pela opinião pública, admite pelo menos que Amarildo desapareceu e que, talvez, a polícia, que o prendeu, tenha a ver com o desaparecimento.

O corpo de Amarildo não foi achado, e provavelmente nunca o será. Os assassinos, com toda a certeza, não serão identificados e, em breve, um manto de silêncio cobrirá o assunto, pois Amarildo não passa de um favelado, de um pintor de paredes, de um afrodescendente pobre. Numa sociedade como a brasileira, preconceituosa, tacanha e elitista, Amarildo não é ninguém. É apenas um favelado, um trabalhador braçal e um negro pobre.

Os jornalistas e comentaristas da TV Globo e da GloboNews continuarão a chamar os manifestantes de “vândalos”. Afinal, na cabeça idiotizada dessa gente, “vandalismo” é a quebra de uma vidraça de uma agência bancária ou a pichação de um muro (“fora PM fascista”), segundo vi e ouvi no Jornal Hoje, da TV Globo. A morte de Amarildo, um pai de família, não, isto não é “vandalismo”. É um fato banal, que merece apenas uns três segundos no noticiário.

A leniência da TV Globo e da GloboNews para com a violência e a truculência policial, mormente quando ela atinge quem protesta ou é pobre, é um dos maiores crimes que se comete diariamente neste país. Eu disse crime, mas poderia escrever “vandalismo”.
 

E por falar em leniência e crime, finalmente a ministra dos direitos humanos Maria do Rosário (PT-RS), quebrou o seu silêncio para dizer uma obviedade: “a hipótese”, disse ela, “é que o desaparecimento de Amarildo tenha sido obra de agentes policiais”. Se Amarildo tivesse sido assassinado por policiais de um estado governado pelo PSDB, ela estaria se esgoelando e borrifando acusações em todas as direções. Como o crime foi realizado pela polícia de um “aliado”, bem, a ministra elabora uma “hipótese”, como se o desaparecimento de Amarildo fosse tema de um trabalho acadêmico.

Da série “o que é vandalismo?”

 A Controladoria-Geral da União (CGU) apurou fraudes ou problemas graves na aplicação de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação, Fundeb, em cerca de 70% das cidades. Segundo a CGU, nas fiscalizações feitas em 180 municípios, foram verificados simulação de processos licitatórios, direcionamento e falta de competitividade em 73,7% cidades. Em 69,3%, foram detectados gastos incompatíveis com o objetivo do fundo, e em 25% havia contratos irregulares. Tal tsunami de falcatruas, meus leitores, é “vandalismo” no mais puro sentido da palavra.

Djalma Santos e Dominguinhos

Em matéria de futebol, fui um privilegiado. Vi inúmeros craques jogarem: Zizinho, Ademir Menezes, Danilo Alvim, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Canhoteiro, Orlando Peçanha, Barbosa, Zito e Pelé. Vi, também, o craque Djalma  Santos espargir talento e refinamento na lateral direita dos clubes em que atuou: Portuguesa de Desportos e Palmeiras. Além, é claro, nas 111 vezes que vestiu a camisa da seleção brasileira, inclusive nas copas de 1958 e 1962. Djalma Santos morreu na semana passada. Tinha 84 anos.
 
 
 
 
 

Dominguinhos chamava-se José Domingos de Morais. Faleceu no último dia 23 de julho. Cantor, compositor e exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luís Gonzaga e Orlando Silveira. Ganhador de inúmeros prêmios. Uma grande perda da música popular brasileira. Ao falecer, Dominguinhos tinha 72 anos e muitas canções ainda a compor, a cantar e a alegrar nossa vida.
 
Inflação: Mantega nega, mas o bolso do cidadão acusa

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, Abras, a inflação começou a afetar a compra de alimentos. Em junho, houve um recuo nas vendas de 2,71% em comparação a maio. Ainda segundo a Abras, o preço da cesta de 35 produtos de largo consumo subiu 12,61% em junho, em relação ao mesmo período de 2012.

Ao mesmo tempo, o comércio de móveis e eletrodomésticos estagnou  e registrou em julho o pior momento desde 2010. Apesar do programa Minha Casa Melhor, que financia esses itens, as lojas estão às moscas. Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que 38% dos lojistas de móveis e eletrodomésticos e 48% do segmento de tecidos e vestuário apontam a falta de demanda como o principal problema. O aumento dos juros, as dificuldades de crédito e o comprometimento da renda das famílias afastaram o consumidor das lojas.

No Brasil, tudo pode

Deu no Correio Braziliense (01/08/2013): “Em Rio Verde, Goiás, um avião usou agrotóxico com Tiametoxam na fórmula para pulverizar a região. Acidentalmente, crianças em uma escola foram atingidas e intoxicadas. Daí a manobra de usar produto proibido veio à tona. Mas o problema maior é que o Brasil está liberando o que é proibido no mundo todo. Servimos de lata de lixo e ninguém reage”.