sexta-feira, 10 de julho de 2015


Esta semana, o Velhote do Penedo postou duas matérias no Facebook. Elas estão aí, pois os assuntos tratados são dramáticos e, creio, vão interessar os meus leitores de tantos países.


Linchamento: estamos na pré-história

O Velhote do Penedo ficou literalmente horrorizado ao ver a foto de um homem amarrado em um poste e espancado até a morte por moradores do bairro São Cristóvão, em São Luís, Maranhão. Não é o primeiro caso: desde janeiro de 2014, houve nove casos de linchamento que terminaram em morte, no interior e na capital maranhense. Isto sem contar os inúmeros casos de linchamento que ocorreram país afora.

Casos como esses evidenciam que, apesar dos avanços técnicos, econômicos, políticos, a sociedade brasileira não superou inteiramente o estágio da barbárie. No fundo, o Brasil é um país que vive de slogans e de promessas sobre um futuro radioso que, sabemos, não vai chegar nunca. O Brasil é um país condenado ao fracasso histórico.

A foto é chocante – e mais chocante ainda é ver um bando de gente em torno da vítima, espiando a cena, indiferentes, como se um linchamento não fosse em si uma indicação de que nunca seremos uma sociedade civilizada.

Outro linchamento: a barbárie

Esta semana o Velhote do Penedo postou uma crônica sobre um linchamento ocorrido no Maranhão. Indignado, o Velhote falou em barbárie e afirmou que “o Brasil é um país condenado ao fracasso histórico”. Houve comentários contrários, mas como o Velhote trata bem seus amigos, embora discorde de alguns deles, as críticas que recebi foram sérias, louváveis e respeitosas.

Bem, passados dois ou três dias do linchamento maranhense, outro linchamento ocorreu, agora na zona oeste da Cidade Maravilhosa. Claro, o linchamento carioca não se consumou, ou seja, o linchado não foi assassinado (sim, é um assassinato!) devido a interferência da PM.

O Velhote repete: este linchamento, como o do Maranhão, e como tantos outros que aconteceram no Brasil nos últimos anos, confirma a minha tese de que a herança bárbara ainda domina o inconsciente coletivo do brasileiro. E ela irrompe em certos momentos com uma força tal que nos leva a pensar em nós mesmos, pois não somos exceções a esta regra. Afinal, a barbárie não se manifesta apenas nos linchamentos. Ela está presente na roubalheira brutal dos cofres da Petrobrás, dos Fundos de Pensão – e nos argumentos daqueles que, supondo agir politicamente, dizem que sempre foi assim, que debater a roubalheira é golpismo ou moralismo pequeno-burguês. A cumplicidade travestida de posicionamento ideológico ou político é outro traço marcante da barbárie brasileira. Ou, no mínimo, da estupidez pátria.

Quando o Velhote lê sobre hospitais sem equipamentos, remédios, quartos, escolas caindo aos pedaços, penso na grana, milhões de dólares, furtada diretamente ou maquiadas de consultorias e palestras fajutas – e chego a conclusão, tão polêmica quanto melancólica, de que o Brasil está mesmo condenado à derrota histórica.

Disse outro dia que o Velhote, tal qual D. Quixote, está cansado, mas enquanto puder se expressar, estará na rinha, enfrentado os entulhos da nossa realidade.