Estava
sozinho em Paris tomando meu café da manhã quando veio falar comigo um sujeito,
brasileiro, pernambucano, baixo, magro, cabeçudo, uns 55 anos. Estava com a sua “senhôra”. Sem
que eu os convidasse, sentaram-me comigo - e ele pôs-se a falar: estava
entusiasmadíssimo com o pré-sal – e repetiu o discurso ufano-mentiroso do Lula
a respeito da nossa redenção pelo petróleo. Ouvi, falei pouco, mas alertei, com
enfado: “Não será exatamente assim”. Despedi-me – e me mandei.
A dupla
Cabral-Pezão também acreditou no discurso petista – e se deu mal. Se deu mal porque,
como Dilma, a dupla fez uma péssima gestão, irresponsável em todos os aspectos.
Contando o ovo no fiofó da galinha, como dizia minha avó, além do inchaço da
máquina (a companheirada se fartou!), distribuíram desonerações adoidado, foram
perdulários, corruptos, transformaram o Rio numa verdadeira zona de quinta categoria.
O mesmo – exatamente o mesmo - que a Dilma fez com o Brasil.
Pezão, na TV,
parece uma donzela que, de repente, acordou e percebeu que perdera a virgindade:
comenta a crise do Rio como se ele (e o Cabral) nada tivesse a ver com ela,
como se tivesse sido enganado por um sedutor insidioso, cujo nome se recusa a
dizer. Propõe, como solução da sua própria incompetência e irresponsabilidade, um
pacote de medidas indecente, imoral, estúpido, nojento, sórdido, salafrário, pouco se lixando
para os servidores do estado, os aposentados e os pensionistas do estado. Só
falta dizer: eu quero resolver os problemas, mas a malta não permite.
Vários
estados estão na mesma situação do Rio – e todos eles assim estão porque
seguiram o breviário petista de governança: o estado tudo pode, inclusive gastar acima do que
arrecada, pois, como dizia o velho samba, “se o Brás é o tesoureiro/a gente
acerta no final”.
A esquerda
pré-histórica brasileira não sabe o que dizer ou propor, apesar do fato de que
grande parte dela é responsável pela situação do Brasil, do Rio e dos demais
estados - que, mais cedo ou mais tarde, irão explodir. Estamos, todos nós,
agarrados nas tábuas de um naufrágio causado por comandantes que, diante de um
iceberg, resolveram encará-lo de frente. Alguns náufragos sugerem que as tábuas
sejam agrupadas, um modo de salvar todo mundo, mas a esquerda pré-diluviana limita-se a repetir os slogans,
os clichês – e promover a baderna de sempre.
Aqui, em
Brasília, motoristas e cobradores entraram de greve contra a PEC dos gastos, a
PEC do ensino médio e por um aumento de não sei quantos por cento. No Brasil, a
CUT age assim, como os movimentos dos sem teto e dos sem terra. Essa turma
apoiou Dilma e os governadores dos estados que hoje estão sufocados, à míngua.
Defenderam a tragédia e a hecatombe como se fosse o melhor dos mundos – e hoje
atuam como se não tivessem a menor responsabilidade pelo buraco em que estamos
enfiados. A propósito: de que vivem Boulos e Stédile?
Falei da
greve em Brasília – e aproveito para contar um fato pessoal: minha faxineira e
minha fisioterapeuta (estou com dores na coluna) moram em Goiás, em municípios
goianos que cercam Brasília. Dependem do transporte coletivo para chegar ao
trabalho e voltar para casa. Estavam desesperadas. Não conheço em Brasília um
só petista (todos de classe média) que não tenha carro próprio – e andem de ônibus. Mas todos eles
estão aplaudindo a greve dos “companheiros motoristas e cobradores”.
Gostei. Concordo.
ResponderExcluirPura realidade. Parabéns pelo artigo.
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