Está bem,
todos concordamos que os políticos brasileiros são, em grande maioria, um bando
de safados e incompetentes. Há exceções, claro, mas eles pouco aparecem, mas
quando surgem nos fazem ainda acreditar na espécie humana.
Escrevi no título um verso de “Nêga maluca”, samba de Fernando Lobo e Evaldo Rui (carnaval
de 1950), porque acabei de saber que o custo de manutenção do Parque Olímpica é
da ordem de 17 milhões de reais, razão pela qual a prefeitura passou o
trambolho para o governo federal. Que aceitou. Quando digo que desisti de
entender o Brasil, amigos próximos me olham desconfiados. Acho.
A Copa e as
Olimpíadas foram duas loucuras da era petista-peemedebista. Foram construídos
estádios (hoje, chamam de arenas, mas eu me recuso) em lugares onde não há
futebol. Brasília, por exemplo. O público médio em partidas de futebol entre os
clubes da capital é inferior a 1.500 espectadores – possivelmente depressivos
em fuga, pois o futebol daqui é pior do que nós, meninos, jogávamos no colégio.
O estádio
brasiliense, que custou um bilhão e meio, custa, em manutenção mensal, algo em
torno de um milhão de reais aos combalidos cofres do governo. Imagino quanto
custam os estádios de Salvador, Cuiabá, Manaus, entre outros. O Maracanã, o
velho Maraca dos geraldinos e arquibaldos, perdeu o charme, a graça e a luz
própria que possuía. Pobres e negros deixaram de ir ao Maracanã.
Agora,
ponhamos a mão na consciência – e pensemos. O povo brasileiro, em especial o
carioca, tem lá sua parcela de culpa. Bem, em termos, afinal o povo não tinha
como saber o que os estádios, as construções olímpicas, as facilidades de
crédito, que permitiram compras de carros, eletrodomésticos e o escambau, tinham
por trás. Certo, os indícios eram quase palpáveis – e o que veio depois nós
estamos sentindo na pele, no estômago e na cuca. A fila de funcionários e aposentados
em busca de uma providencial cesta básica me fez pensar no fim do mundo. Pensei
que estivéssemos num país africano, daqueles em que a Cruz Vermelha distribui
comida aos nativos.
O que mais me
incomoda é a insensibilidade e a cegueira política do PT, PCdoB, entre outros
grupamentos jurássicos, como CUT, MST, MTST. Esperar dessa gente uma
autocrítica e o reconhecimento dos seus erros é inútil, pois isto o fazem
lembrar dos processos de Moscou, nos quais a autocrítica e o reconhecimento de
erros antecediam o assassinato – via tiro na nuca. Pelo menos deviam ficar calados,
mas preferem fazer alaridos e escândalos.
Hoje, estamos
pagando pela incompetência, roubalheira e loucura da era petista, que muita
gente apoiou porque o marketing e as facilidades criadas (em nome de ficções
econômicas) eram permanentes e convidativas. Muita gente se endividou. Estados
se endividaram, municípios se endividaram.
Termos saída?
Eu creio que sim, mas o brasileiro precisa reconhecer, afinal, quem é de fato –
e não o que pensa que é. Seria um começo – ou um recomeço.