segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Da série "O Brasil que jamais desejei (IV)"

O texto abaixo diz tudo. Não é preciso acrescentar nada. É o retrato exato do Brasil. De um país onde os políticos e governantes discursam, mas o país, na realidade, continua o mesmo. 
Mudamos muito, dizem alguns. Mudamos? Um dia, alguém disse que o Brasil era, na realidade, uma senzala pintada à óleo: bonitinho, mas ordinário na sua essência. Mudamos nesse sentido: possuímos mais de 100 milhões de celulares, mas, no fundo, ainda permanecemos na senzala. Porém, rejubilemo-nos: a partir de 2014 teremos belos e caríssimos estádios de futebol, verdadeiros monumentos ao cínico orgulho de morar no país do melhor futebol do mundo. Temos celulares e estádios, que mais precisamos?
Em Alagoas, onde ocorreu enchente semelhante à da região serrana, os desabrigados vivem ainda hoje em barracas, em condições sub-humanas, sem quaisquer perspectivas.
Lá, em Alagoas, até o impensável (mas esperável!) ocorreu, ou seja, o desvio dos donativos enviados por brasileiros compadecidos com a situação daqueles pobres e miseráveis alagoanos. O que fazer? O que dizer?

O velho professor do Penedo diz sempre que só lhe restou uma trincheira, o seu computador, onde manda suas humildes brasas de festim.

Leiam com atenção o texto abaixo.

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Brasileiros conformados com a vida não vivida agora se rendem à morte

Blog de Augusto Nunes

O Orçamento da União reservou R$ 296,9 milhões para o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, uma peça de ficção vinculada ao lastimavelmente real Ministério da Integração Nacional. A três meses do início da temporada de chuvas e inundações, ninguém viu a cor do dinheiro.

Dos R$ 9 milhões prometidos ao Rio de Janeiro para 2011, por exemplo, nenhum centavo saiu do papel. Por falta de verba, nenhuma obra preventiva abrandou o medo dos moradores da Região Serrana.

Ainda recolhidos a abrigos improvisados nas cidades devastadas, os flagelados de janeiro aguardam a chegada da estação dos temporais com a angústia dos indefesos. Ninguém sabe que fim levaram as 6 mil casas anunciadas por Dilma Rousseff e Sérgio Cabral.

Foram mais de mil os soterrados e afogados há menos de um ano. E os que perderam parentes não se queixam. Outros tantos podem ser levados por inundações e deslizamentos de terra. E os marcados para morrer não protestam. Os brasileiros conformados com a vida mal vivida agora se rendem à morte anunciada.

De novo, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral vão assistir de longe à reedição do pesadelo. Enquanto as imagens do horror frequentarem as vitrines dos telejornais e as primeiras páginas, os comparsas capricharão na cara de choro, repetirão promessas que não serão cumpridas e lembrarão que, graças à harmonia entre os governos federal e estadual, o Rio se transformou numa Califórnia sul-americana, só que com praias e mulheres mais bonitas.

Cúmplices por omissão da matança premeditada, Dilma e Cabral não escapariam da ira das vítimas se o rebanho fosse menos obediente. Mas até os intelectuais cariocas, antes tão inclementes com nulidades e impostores, hoje ajudam a manter em altitudes confortáveis a popularidade de uma dupla de farsantes.

Multidões afundadas na pobreza aprenderam faz tempo a sofrer sem balidos. Os deserdados do Brasil vão agora aprendendo que devem ser gratos a seus algozes.

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Um comentário:

  1. Como sempre um orçamento apenas declarado, servindo apenas para dar uma satisfação a mídia que nessas horas se faz com a audiência que rende a desgraça desse povo.

    Posso ainda ser muito jovem mas nunca vi um governo resolver de fato algum problema desse povo.

    Povo que parece também não se importar, já que se conforma a aceita tudo como se fosse apenas um triste e inevitável destino.

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