Escrevo o presente texto às 2 horas e quinze minutos do dia 28 de novembro de 2011. Isto significa que deixei de fumar há exatos 16 anos, 3 meses, 2 dias e 8 horas. Como sei? Enfartado, eu dava entrada no hospital, levado por meu filho. Lembro-me perfeitamente do médico me dizendo “o senhor não pode fumar!” Minha resposta: “doutor, eu estou morrendo... Este cigarro não faz a menor diferença...” Bem, eu estava certo de que ia morrer. Isto aconteceu no dia 27 de agosto de 1995.
Como vocês já perceberam, eu não morri. Mas quase. Resolvi parar de fumar ainda no hospital (depois de um pós-operatório complicado, que me obrigou a ficar na UTI seis dias). Mas ainda hoje, tantos anos depois, ainda sinto vontade de fumar e, às vezes, chego a sonhar que estou fumando. Admito: acordo assustado, pois sei que não fumar é, para mim, um constante processo de autocontrole, que eu administro permanentemente.
Parei de fumar porque a minha vontade de viver é superior à minha vontade de fumar. Parei de fumar, mas não me vanglorio – nem me tornei um antitabagista. Sou daqueles que considero o hábito de beber pior que o hábito de fumar.
Parei de fumar bem antes das campanhas e medidas de combate ao fumo em curso no Brasil. Recentemente, o Senado aprovou a MP 540/2011, que entre outras medidas proíbe os fumódromos em 100% dos locais fechados, incluindo até tabacarias, onde o fumo era permitido sob certas condições. A justificativa da MP, dizem os nossos dignos senadores, revela, sobretudo, um valor fundamental: a defesa da saúde e da vida. Mas - diabos! - a bebida talvez seja mais perniciosa que o cigarro: taí os acidentes e as barbaridades cometidas por motoristas bêbados que não me deixam mentir. (Vá lá: se não é mais, o álcool é certamente tão pernicioso à vida e à saúde quanto o fumo).
Parei de fumar bem antes das campanhas e medidas de combate ao fumo em curso no Brasil. Recentemente, o Senado aprovou a MP 540/2011, que entre outras medidas proíbe os fumódromos em 100% dos locais fechados, incluindo até tabacarias, onde o fumo era permitido sob certas condições. A justificativa da MP, dizem os nossos dignos senadores, revela, sobretudo, um valor fundamental: a defesa da saúde e da vida. Mas - diabos! - a bebida talvez seja mais perniciosa que o cigarro: taí os acidentes e as barbaridades cometidas por motoristas bêbados que não me deixam mentir. (Vá lá: se não é mais, o álcool é certamente tão pernicioso à vida e à saúde quanto o fumo).
Dizem que, em 1989, 35% dos brasileiros eram fumantes. Hoje seriam 15%. Tenho dúvidas: a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) informa que a produção do tabaco quase dobrou de 1989 para cá. O lucro anual da indústria de fumo, a despeito das campanhas antitabagistas, é da ordem de R$ 15 bilhões.
Posso e tenho autoridade para falar: fumei durante 40 anos, sempre cigarros fortes. Quando tive o meu enfarte, eu fumava 3 maços por dia de Continental, sem filtro! Meu enfarte, contudo, não se deve exclusivamente aos 60 cigarros que eu fumava todos os dias. Segundo meu cardiologista e os diversos livros e artigos que li, o enfarte é produto de uma conjugação de fatores: alimentação inadequada, stress, sedentarismo, herança genética, cigarro – e vai por aí. Cigarro é, antes de tudo, uma droga e um vício, como a cocaína. O fumante é um dependente – e uma vítima.
Enfim, o tabagismo, em minha opinião, é uma questão de saúde pública, pois é uma droga que vicia. Campanhas fascistas contra os fumantes, proibições, estigmas, acusações, não resolvem – e, sim, políticas e programas que ajudem os que querem deixar de fumar. Trata-se de uma tarefa difícil, que exige acompanhamento médico e psicológico.
Apesar de tudo, vivo bem sem fumar, mas não generalizo o meu exemplo. Tenho um amigo que já deixou de fumar umas vinte vezes. Eu pelo menos só deixei uma vez.
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Os grandes da MPB (5)
Curtam, ainda, o pout-pourri de sambas com Paulinho de Viola e os Quatro Crioulos: Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento e Anescarzinho do Salgueiro.
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