domingo, 8 de janeiro de 2012

Estamos longe do futuro, mas o governo quer nos enganar (4)


Há dois anos, municípios pobres de Alagoas foram devastados por chuvas, alagamentos e destruição de casas, ruas e estradas. Morreram centenas de pessoas e um número não sabido perdeu tudo, inclusive suas casas. Vimos na TV mulheres e homens paupérrimos, aos prantos, chorando a morte de um parente ou amigo, chorando também a perda da casa e de todos os seus bens. O governo prometeu ajudar. Nada foi feito desde então – e os donativos em cesta básica, roupas e utensílios foram roubados ou desviados, até um incêndio criminoso no galpão onde as doações eram guardadas aconteceu. Os ladrões e os incendiários nunca foram presos.
Há um ano, municípios da região serrana do Rio de Janeiro foram devastados por chuvas, alagamentos e destruição de casas, ruas e estradas. Na região morreram centenas de pessoas e um número não calculado de famílias ficou desabrigado. O velho professor do Penedo mostrou aqui, em setembro, que o dinheiro prometido por “tia” Dilma não chegou à região. O governador Sérgio Cabral, com a eficiência que lhe é peculiar, prometeu, na presença da “tia” Dilma – e não cumpriu – a construção de seis mil residências para os desabrigados. Agora, diante das novas chuvas, ele prometeu construir duas mil. Ano que vem prometerá outras.
Há dois meses chove sem parar em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Mais alagamentos, destruição de casas, ruas e estradas. E mais mortes – de homens, mulheres, idosos e crianças. Todos os mortos, como nos anos anteriores, são pobres. Os políticos do Brasil desprezam os pobres. Estes são apenas votos. É gente que não merece a preocupação de ninguém.
“Tia” Dilma interrompeu suas agradáveis férias na Bahia para ver de perto o que seus ministros estão fazendo diante das emergências pluviais. Como todos os anos, a presidente prometeu recursos (que não chegarão às áreas atingidas, querem apostar?), informou que está preocupada, tossiu, reuniu-se com seus auxiliares, deu ordens, tossiu, fez cara de quem está preocupada, disse dois ou três palavrões. Esse Brasil dá um trabalho!
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Transcrevo abaixo um artigo do jornalista Augusto Nunes, que eu colei em setembro de 2011 aqui mesmo neste Papo de Amigos.

Brasileiros conformados com a vida não vivida agora se rendem à morte







Multidões afundadas na pobreza aprenderam faz tempo a sofrer sem balidos. Os deserdados do Brasil vão agora aprendendo que devem ser gratos a seus algozes.

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Farinha pouca, meu pirão primeiro
Hoje sabemos que o ministro da Integração Nacional destinou 90% dos recursos da sua pasta ao estado de Pernambuco, seu estado natal, sua base política, governado pelo presidente do seu partido.
E ele disse que “tia” Dilma foi informada disso – e concordo com essa justa distribuição dos recursos públicos.

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Paulinho da viola canta “Pra que mentir”, de Noel Rosa
Esta semana, aqui em Brasília, fui assistir a um show do Paulinho da Viola. Uma maravilha! Resolvi então trazer Paulinho para adoçar um pouco a vida de todos nós.


Cúmplices por omissão da matança premeditada, Dilma e Cabral não escapariam da ira das vítimas se o rebanho fosse menos obediente. Mas até os intelectuais cariocas, antes tão inclementes com nulidades e impostores, hoje ajudam a manter em altitudes confortáveis a popularidade de uma dupla de farsantes.
De novo, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral vão assistir de longe à reedição do pesadelo. Enquanto as imagens do horror frequentarem as vitrines dos telejornais e as primeiras páginas, os comparsas capricharão na cara de choro, repetirão promessas que não serão cumpridas e lembrarão que, graças à harmonia entre os governos federal e estadual, o Rio se transformou numa Califórnia sul-americana, só que com praias e mulheres mais bonitas.
Foram mais de mil os soterrados e afogados há menos de um ano. E os que perderam parentes não se queixam. Outros tantos podem ser levados por inundações e deslizamentos de terra. E os marcados para morrer não protestam. Os brasileiros conformados com a vida mal vivida agora se rendem à morte anunciada.
Ainda recolhidos a abrigos improvisados nas cidades devastadas, os flagelados de janeiro aguardam a chegada da estação dos temporais com a angústia dos indefesos. Ninguém sabe que fim levaram as 6 mil casas anunciadas por Dilma Rousseff e Sérgio Cabral.
Dos R$ 9 milhões prometidos ao Rio de Janeiro para 2011, por exemplo, nenhum centavo saiu do papel. Por falta de verba, nenhuma obra preventiva abrandou o medo dos moradores da Região Serrana.
Blog de Augusto Nunes
O Orçamento da União reservou R$ 296,9 milhões para o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, uma peça de ficção vinculada ao lastimavelmente real Ministério da Integração Nacional. A três meses do início da temporada de chuvas e inundações, ninguém viu a cor do dinheiro.

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