O sambista, escritor,
pesquisador, ótimo cidadão, vascaíno, Ney Lopes, cuja obra – em todos os
sentidos - é digna de respeito e leitura acurada, postou no blog Meu Lote o
texto abaixo que o Velho Professor do Penedo endossa, divulga e chama a atenção
de todos. É preciso que todos nós tenhamos em mente que o racismo não pode ser
tolerado em hipótese alguma, que uma das suas mais cruéis formas é a
ridicularização do negro pobre, desdentado e iletrado.
DE VOLTA AO ESCRACHO
Ney Lopes
Na década de 1920, era comum, no cinema americano, a
representação de personagens negros por artistas brancos pintados de preto,
prática essa banida no contexto das lutas pelos direitos civis do povo
afro-americano, mas que ainda persistiu na televisão brasileira, filha bastarda
de Hollywood.
Com as conquistas dos movimentos de afirmação da identidade
afrobrasileira, conquistas essas em boa parte acolhidas pelo Poder
institucional, isso parecia também ter acabado por aqui.
Mas de repente eis que um programa “humorístico” da maior rede
de tevê do Brasil, retoma o escárnio e a violência destrutiva do estereótipo
mais negativo (mulher negra, feia, iletrada, ridícula) , através do malfadado
“black-face”.
A notícia nos chega através da Internet, pois naturalmente
nenhuma “zorra”, total ou parcial, consta no cardápio televisivo aqui do Lote.
E a adrenalina da indignação nos empalidece o rosto.
Mas a bronca arrefece um pouquinho ao sabermos que providências
legais estão sendo tomadas contra mais esta ação racista, a qual confirma algo
já sabido: que apesar dos avanços tecnológicos, a postura ideológica e ética da
televisão brasileira parou na década de 1920.
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