O
velhote do Penedo defende a tese de que o mundo já se acabou, faz tempo. A sensação
de que ainda estamos vivos é mero reflexo, tal como o rabo da lagartixa que
continua a se mexer apesar de ter sido cortado do corpo da bicha. Um amigo meu
jura que viu uma galinha decapitada andando como se estivesse completa! Mero
reflexo!
Se
o mundo não se acabou, como explicar a eleição do Renan para a presidência do
Senado? Como explicar o artigo que tenho em mãos no qual José Sarney (autor do
próprio) nos diz que a corrupção é o pior dos males da humanidade?
Não,
meus leitores, o mundo já se acabou, só que nós, tal como o rabo da lagartixa
ou a galinha decapitada, ainda não percebemos.
Li,
no New York Times, que alguns tanques de lixo radioativo estão vazando no
estado de Washington, Estados Unidos. No local, há 9 reatores nucleares,
montados como parte do projeto Manhattan, que produziu as bombas que foram
jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki. O velho professor do Penedo ficou cabreiro:
porque os jornais e noticiários televisivos brasileiros não falaram sobre isso?
Fico imaginando o que diriam os nossos “comentaristas” se o vazamento estivesse
ocorrendo na Coréia do Norte ou no Irã.
Anda
pelo Brasil uma jovem cubana. Por onde passa, eu soube, há enorme reboliço,
tantos dos que a admiram quando dos que a desprezam. Vi o senador Suplicy, a
quem Paulo Francis chamava de “Mogadon” gritar, apoplético, contra os que
vaiavam a jovem. O senador Suplicy é, antes de tudo, um chato.
Segundo
diferentes fontes, a jovem cubana é jornalista ou blogueira ou coisa que o
valha, não sei, pois nunca li nada que ela escreveu. O que talvez seja uma
falha minha.
Dizem
que ela é contra o governo do seu país – e que os irmãos Castro morrem de medo
dela. Será? Não vou meter minha mão nessa cumbuca. Dizem que ela fará uma longa
viagem de 80 dias pelo mundo denunciando as autoridades cubanas, mas não li nada
sobre quem está financiando tal périplo. E não só isso. Não me consta que ela,
ao mesmo tempo que ataca o governo de Cuba, fale alguma coisa sobre o embargo e
o bloqueio econômico que os Estados Unidos impõem à ilha.
A
verdade é que o velhote do Penedo não tem simpatia nenhuma pelos extremos: não
gosta dos que amam acriticamente Cuba, como não suporto quem faz campanha
visceral contra a ilha. Antes que pensem que estou em cima do muro, declaro:
gosto de Cuba e estive lá duas vezes. E pretendo voltar.
Recentemente,
estando na Europa, vi reportagens, na TV e em jornais portugueses, espanhois e
franceses, que mostravam os estragos causados pelo furacão Sandy nas províncias
de Holguin e Santiago, em Cuba. Centenas de casas foram destruídas. Nem as
televisões brasileiras nem os jornais falaram sobre isso. Não deram uma só linha
e não se falou uma só frase a respeito. Mas quando o Sandy atingiu os EUA, meu
Deus!, vi “comentaristas” e “noticiaristas” falando, com voz embargada, sobre
os estragos do Sandy em terras ianques. Quanta hipocrisia! A imprensa
brasileira é hipócrita!