Vi, ouvi, cheirei e não gostei
Esta semana fiz algo que
não costumo fazer. Pela TV Câmara, assisti as sessões que resultaram na aprovação
da MP da Modernização dos Portos. Muitas coisas me chamaram a atenção. Vou
resumi-las:
1 – Primeiro, a
desfaçadez da maioria dos políticos: todos repetiam que a modernização dos
portos é essencial para o Brasil, mas era evidente que todos estavam ali para
“negociar” o seu voto em troca de uma fatia dos 2 bilhões que o governo
prometeu aos chamados “partidos aliados”, caso a MP fosse aprovada.
2 – Pelo que se sabe a
negociação corria solta, nos gabinetes e no próprio plenário, às escancaras,
pois houve um momento nas sessões que os deputados e emissários do governo
deixaram de lado qualquer resquício de pudor. É bom não esquecer que os 2
bilhões que o governo resolveu doar aos deputados, são produtos do imposto que todos nós,
brasileiros e idiotas, pagamos.
3 – O Parlamento
brasileiro é uma verdadeira zona! É o único, em todo mundo, onde os deputados
não se sentam em seus lugares: ficam amontoados em torno de um microfone de pé, em frente à Mesa Diretora.
Todos falam ao mesmo tempo, ninguém se entende – mas prá quê? Aquilo tudo é
jogo de cena mesmo.
4 – Num dado instante o
deputado Ronaldo Caiado subiu à tribuna e fêz um discurso candente contra o
deputado Garotinho. Caiado chamou Garotinho de porco, de ladrão, de chefe de
quadrilha e, para culminar, chamou-o à briga, lá fora. Garotinho retrucou
dizendo apenas que nada daquilo o atingia, mas foi, subitamente, interrompido por um deputado (maluco!)
de Minas Gerais, que desfraldou uma faixa (que ninguém conseguiu ler) e
tumultuou ainda mais a sessão. Enquanto era agarrado por seguranças da casa,
Garotinho aproveitou a oportunidade – e sumiu. Jamais saberemos se ele ia
encarar o deputado Ronaldo Caiado, lá fora. Certamente não.
5 - A sessão da Câmara
dos Deputados varou a noite – e o Velho Professor do Penedo resolveu
ir dormir.
6 – Dia seguinte, O
Globo estampou fotos de deputados, no Plenário, dormindo (de boca aberta e
babando) como se tivessem cumprido seus deveres para com a cidadania.
7 - Uma vez, Leonel Brizola disse, na TV, uma frase que jamais esqueci: "A política é uma atividade nobre, mas no Brasil ele possui a enorme capacidade de atrair gente ordinária!" Brizola estava certo.