quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma crônica: A vida como ela é

Um amigo que se deu bem
 
Numa livraria, encontro um amigo que não via desde o início do primeiro governo Lula. Na época, o meu amigo era sindicalista e filiado ao PT. Era magro, pobre e esquerdista. Na livraria, a sua nova aparência me surpreendeu: vestia um terno impecável e bem cortado. Foi logo me dizendo que continuava filiado ao PT. Perguntei o que andava fazendo.
A resposta dele me surpreendeu: sou do conselho da Petrobrás, da Eletrobrás e do Banco do Brasil. E riu, riu muito. E acrescentou: hoje, ganho muito bem.
Provoquei: mas, você entende de petróleo, eletricidade e finanças? A resposta dele, juro, foi a seguinte: e precisa? E riu muito, alto, exageradamente.
O papo do meu amigo mudara desde a última que eu o encontrara, tinha uns dez anos. O meu amigo elogiou os industriais, que compreenderam, segundo ele, o sentido do petismo e do lulismo. Indaguei qual era esse sentido. A resposta foi surpreendente:
- Eles compreenderam que o Lula buscava a conciliação de classes, em benefício da classe trabalhadora. O nosso socialismo, hoje, é esse. Muito mais viável para as condições brasileiras.
Provoquei mais uma vez:
- E a corrupção? E o mensalão?
- Uma bobagem. A imprensa burguesa fez um escarcéu perfeitamente desnecessário.
- Mas, afinal, houve ou não houve mensalão?
- Não acredito. Nós, do PT, não roubamos.
Mudei de assunto:
- Comprando um livro?
- Não. Não tenho mais tempo de ler! E você?
- Acabei de comprar o livro do Casagrande.
- Ah!
Conversamos mais um tempo. O meu amigo se despediu - e foi embora. Meu amigo, como já disse, era magro, pobre e esquerdista. Hoje, ele é gordo, rico e direitista. Em nome do socialismo do Lula, que nem sabe exatamente o que é isso.

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