domingo, 21 de abril de 2013

Golberi explica o que está havendo na Venezuela e na Argentina


A investida reacionária
 
O mais importante estrategista da ditadura militar brasileira chamava-se Golberi do Couto e Silva. É dele, por exemplo, a teoria do “sístole e diástole”, com a qual pretendia explicar as tendências históricas dos regimes políticos latino-americano.

Golberi imaginou tal teoria tendo por base os movimentos do órgão cardíaco: sístole (estado de contração de fibras musculares do coração); diástole (movimento de dilatação do coração, após fase de contração). Segundo Golberi, as sociedades do continente se “fecham” (sístole) e se “abrem” (diástole) em períodos mais ou menos definidos. Creio que ele falou em períodos de 20 a 30 anos. Era a maneira golberiana de tratar, por assim dizer, da luta de classes.

Em termos políticos, a aplicação da teoria golberiana seriam, no extremo, a ditadura e a democracia. Assim, os países latino-americanos alternariam períodos de ditadura e períodos democráticos, como a que vivemos no Brasil.

Hoje, na América Latina respira-se democracia (embora imperfeita), mas ela, em vários países estão sofrendo investidas mais ou menos violentas das forças reacionárias. São os casos da Argentina e da Venezuela, onde as elites, descontentes com as ainda limitadas concessões dadas ao povo pelos governos de Cristina e de Chavez, estão manipulando as classes médias locais, de modo a:

1) demonstrar que argentinos e venezuelanos estão descontentes;

2) justificar, a médio prazo, uma eventual solução golpista para os problemas. Nós, brasileiros, vivemos situação similar em 1964.

No Brasil, o governo popular liderado pelo PT faz constantes afagos e distribui benesses, no atacado e no varejo, às elites bancárias, industriais e do agronegócio. Agora mesmo, o megaempresário Elke Batista recebeu, segundo o Correio Braziliense (20/abril/2013), a bagatela de R$ 935 milhões do BMDES, que usará na construção do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). Detalhe: Elke já recebeu do governo petista R$ 10 bilhões. Ano passado, o presidente do Bradesco afirmou, em entrevista ao Estado de S. Paulo, que nada foi melhor para o desempenho dos bancos que o governo Lula. Políticos reacionários (alguns acusados de práticas pouco recomendáveis) ocupam cargos importantes no governo da “tia” Dilma. Tais concessões, feitas em nome de uma suposta governabilidade, impede, no fundo e no médio e longo prazos, o avanço das conquistas populares e atrasam o efetivo processo de desenvolvimento soberano e sustentável brasileiro.

Nem de longe podemos comparar os governos de Chavez com os governos do PT. A Venezuela vem crescendo a 5% a 6% ao anos; os dois anos de governo de “tia” Dilma foram pífios nesse quesito: 2,7%, em 2011, e 0,9%, em 2012. Chavez reduziu o analfabetismo do país a algo em torno de 1,5% da população; no Brasil, a situação da educação é um verdadeiro horror.

O importante é o seguinte: os países democráticos e populares da América Latina estão sendo vítimas de uma poderosa investida política dos setores reacionários e conservadores. Os meios de comunicação, no Brasil, com seu noticiário tendencioso, ajudam a propagar a necessidade de soluções, digamos, pouco ortodoxas para esses países. Pensem nisso.
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