Jornal do Velhote do Penedo
Número
2
Sábado,
3 de agosto de 2013
Um jornal a serviço de ideias desabusadas
Editorial
Parece
não restar dúvida de que Amarildo, o trabalhador residente na Rocinha, foi
assassinado pelos policiais acantonados na UPP da favela. UPP significa
ironicamente Unidade de Polícia Pacificadora.
O
assassinato de Amarildo foi covarde, bárbaro, como tantos outros que ocorrem,
quase diariamente, nos guetos e favelas do Rio de Janeiro. Há um mês, três
trabalhadores foram confundidos com bandidos e mortos no Complexo do Alemão por
policiais do BOPE – e nada foi feito até hoje.
Amarildo
foi assassinado – um crime vil, torpe e que contou com o silêncio cúmplice do
governador Sérgio Cabral, que, agora, pressionado pela opinião pública, admite
pelo menos que Amarildo desapareceu e que, talvez, a polícia, que o prendeu,
tenha a ver com o desaparecimento.
O
corpo de Amarildo não foi achado, e provavelmente nunca o será. Os assassinos,
com toda a certeza, não serão identificados e, em breve, um manto de silêncio
cobrirá o assunto, pois Amarildo não passa de um favelado, de um pintor de
paredes, de um afrodescendente pobre. Numa sociedade como a brasileira,
preconceituosa, tacanha e elitista, Amarildo não é ninguém. É apenas um
favelado, um trabalhador braçal e um negro pobre.
Os
jornalistas e comentaristas da TV Globo e da GloboNews continuarão a chamar os
manifestantes de “vândalos”. Afinal, na cabeça idiotizada dessa gente,
“vandalismo” é a quebra de uma vidraça de uma agência bancária ou a pichação de
um muro (“fora PM fascista”), segundo vi e ouvi no Jornal Hoje, da TV Globo. A
morte de Amarildo, um pai de família, não, isto não é “vandalismo”. É um fato banal,
que merece apenas uns três segundos no noticiário.
A
leniência da TV Globo e da GloboNews para com a violência e a truculência
policial, mormente quando ela atinge quem protesta ou é pobre, é um dos maiores
crimes que se comete diariamente neste país. Eu disse crime, mas poderia
escrever “vandalismo”.
E
por falar em leniência e crime, finalmente a ministra dos direitos humanos Maria
do Rosário (PT-RS), quebrou o seu silêncio para dizer uma obviedade: “a
hipótese”, disse ela, “é que o desaparecimento de Amarildo tenha sido obra de
agentes policiais”. Se Amarildo tivesse sido assassinado por policiais de um
estado governado pelo PSDB, ela estaria se esgoelando e borrifando acusações em
todas as direções. Como o crime foi realizado pela polícia de um “aliado”, bem,
a ministra elabora uma “hipótese”, como se o desaparecimento de Amarildo fosse
tema de um trabalho acadêmico.
Da série “o que é vandalismo?”
A Controladoria-Geral da União (CGU) apurou
fraudes ou problemas graves na aplicação de recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação,
Fundeb, em cerca de 70% das cidades. Segundo a CGU, nas fiscalizações feitas em
180 municípios, foram verificados simulação de processos licitatórios,
direcionamento e falta de competitividade em 73,7% cidades. Em 69,3%, foram
detectados gastos incompatíveis com o objetivo do fundo, e em 25% havia
contratos irregulares. Tal tsunami de falcatruas, meus leitores, é “vandalismo”
no mais puro sentido da palavra.
Djalma Santos e Dominguinhos
Em
matéria de futebol, fui um privilegiado. Vi inúmeros craques jogarem: Zizinho,
Ademir Menezes, Danilo Alvim, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Canhoteiro,
Orlando Peçanha, Barbosa, Zito e Pelé. Vi, também, o craque Djalma Santos espargir talento e refinamento na lateral
direita dos clubes em que atuou: Portuguesa de Desportos e Palmeiras. Além, é
claro, nas 111 vezes que vestiu a camisa da seleção brasileira, inclusive nas
copas de 1958 e 1962. Djalma Santos morreu na semana passada. Tinha 84 anos.
Dominguinhos
chamava-se José Domingos de Morais. Faleceu no último dia 23 de julho. Cantor,
compositor e exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luís Gonzaga e
Orlando Silveira. Ganhador de inúmeros prêmios. Uma grande perda da música popular
brasileira. Ao falecer, Dominguinhos tinha 72 anos e muitas canções ainda a
compor, a cantar e a alegrar nossa vida.
Segundo
a Associação Brasileira de Supermercados, Abras, a inflação começou a afetar a
compra de alimentos. Em junho, houve um recuo nas vendas de 2,71% em comparação
a maio. Ainda segundo a Abras, o preço da cesta de 35 produtos de largo consumo
subiu 12,61% em junho, em relação ao mesmo período de 2012.
Ao
mesmo tempo, o comércio de móveis e eletrodomésticos estagnou e registrou em julho o pior momento desde
2010. Apesar do programa Minha Casa Melhor, que financia esses itens, as lojas
estão às moscas. Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que 38% dos lojistas
de móveis e eletrodomésticos e 48% do segmento de tecidos e vestuário apontam a
falta de demanda como o principal problema. O aumento dos juros, as
dificuldades de crédito e o comprometimento da renda das famílias afastaram o
consumidor das lojas.
No Brasil, tudo pode
Deu
no Correio Braziliense (01/08/2013): “Em Rio Verde, Goiás, um avião usou
agrotóxico com Tiametoxam na fórmula para pulverizar a região. Acidentalmente,
crianças em uma escola foram atingidas e intoxicadas. Daí a manobra de usar
produto proibido veio à tona. Mas o problema maior é que o Brasil está
liberando o que é proibido no mundo todo. Servimos de lata de lixo e ninguém
reage”.
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