Esta semana, o Velhote do Penedo postou duas matérias no Facebook. Elas estão aí, pois os assuntos tratados são dramáticos e, creio, vão interessar os meus leitores de tantos países.
Linchamento:
estamos na pré-história
O
Velhote do Penedo ficou literalmente horrorizado ao ver a foto de um homem
amarrado em um poste e espancado até a morte por moradores do bairro São
Cristóvão, em São Luís, Maranhão. Não é o primeiro caso: desde janeiro de 2014,
houve nove casos de linchamento que terminaram em morte, no interior e na
capital maranhense. Isto sem contar os inúmeros casos de linchamento que
ocorreram país afora.
Casos
como esses evidenciam que, apesar dos avanços técnicos, econômicos, políticos,
a sociedade brasileira não superou inteiramente o estágio da barbárie. No
fundo, o Brasil é um país que vive de slogans e de promessas sobre um futuro
radioso que, sabemos, não vai chegar nunca. O Brasil é um país condenado ao
fracasso histórico.
A
foto é chocante – e mais chocante ainda é ver um bando de gente em torno da
vítima, espiando a cena, indiferentes, como se um linchamento não fosse em si
uma indicação de que nunca seremos uma sociedade civilizada.
Outro
linchamento: a barbárie
Esta
semana o Velhote do Penedo postou uma crônica sobre um linchamento ocorrido no
Maranhão. Indignado, o Velhote falou em barbárie e afirmou que “o Brasil é um
país condenado ao fracasso histórico”. Houve comentários contrários, mas como o
Velhote trata bem seus amigos, embora discorde de alguns deles, as críticas que
recebi foram sérias, louváveis e respeitosas.
Bem,
passados dois ou três dias do linchamento maranhense, outro linchamento
ocorreu, agora na zona oeste da Cidade Maravilhosa. Claro, o linchamento
carioca não se consumou, ou seja, o linchado não foi assassinado (sim, é um
assassinato!) devido a interferência da PM.
O
Velhote repete: este linchamento, como o do Maranhão, e como tantos outros que
aconteceram no Brasil nos últimos anos, confirma a minha tese de que a herança
bárbara ainda domina o inconsciente coletivo do brasileiro. E ela irrompe em
certos momentos com uma força tal que nos leva a pensar em nós mesmos, pois não
somos exceções a esta regra. Afinal, a barbárie não se manifesta apenas nos
linchamentos. Ela está presente na roubalheira brutal dos cofres da Petrobrás,
dos Fundos de Pensão – e nos argumentos daqueles que, supondo agir
politicamente, dizem que sempre foi assim, que debater a roubalheira é golpismo
ou moralismo pequeno-burguês. A cumplicidade travestida de posicionamento
ideológico ou político é outro traço marcante da barbárie brasileira. Ou, no
mínimo, da estupidez pátria.
Quando
o Velhote lê sobre hospitais sem equipamentos, remédios, quartos, escolas
caindo aos pedaços, penso na grana, milhões de dólares, furtada diretamente ou
maquiadas de consultorias e palestras fajutas – e chego a conclusão, tão
polêmica quanto melancólica, de que o Brasil está mesmo condenado à derrota
histórica.
Disse
outro dia que o Velhote, tal qual D. Quixote, está cansado, mas enquanto puder
se expressar, estará na rinha, enfrentado os entulhos da nossa
realidade.
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