A imprensa
televisiva gosta mesmo é de especulação. Os jornalistas da Globo News adoram
fazer comentários dúbios, insinuantes, matreiros, enroscados como rabo de porco. Como os telejornais são
longos e repetitivos, cada comentarista ou repórter acrescenta, a cada
aparição, um novo ingrediente, que irá justificar o comentário seguinte – numa
sucessão de insinuações, “ouve-se dizer”, “Temer pensa”, “comenta-se em
Brasília”, "uma fonte", por aí. Tais comentários, por sua vez, reverberam nas redes sociais,
que, por sua vez, acrescentam um novo ingrediente à “notícia” ao sabor da visão
política e ideológica de cada um. A pergunta que se impõe é a seguinte: esta
ciranda é democrática? Ou melhor: ela faz bem à democracia?
Não sou
contra a imprensa, mas absolutamente contra o falso jornalismo, o jornalismo
delinquente. Não defendo – e nunca defenderei a censura, a restrição ao
noticiário, a definição de normas, regras, que pretendam restringir a liberdade
de imprensa. Mas é certo que o jornalismo que se pratica hoje no Brasil,
sobretudo na TV, é abusivo, calhorda e canalha. Os jornalistas televisivos têm
um instrumento importante a seu favor, mas os demais cidadãos não têm como se
defender. Outro dia, um hacker afirmou que tinha colhido informações dos meios
eletrônicos da Primeira Dama, que, se divulgados, enlamearia a biografia do
presidente. Um crime, agravado pelo fato de que o hacker tentou chantagear o
presidente. Dois crimes. Pois eu vi a Renato Lo Prete sugerir que a informação
sobre Temer devia aparecer, no que o seu entrevistado (um professor) disse que
não podíamos coonestar com um duplo crime. A jornalista calou-se. Como calou-se diante do João Dória, quando este a colocou em seu devido lugar.
Repito o que
venho dizendo: um sujeito citado numa delação premiada não se transforma em
réu, nem pode ser tratado como tal. Li e ouvi que o sujeito da Odebrecht tinha
jantado com Temer, e recebeu um pedido de grana. O depoimento vazou e o sujeito
da Odebrecht não tinha dito nada disso. O jantar tinha sido apenas um jantar, no
qual não se falou em dinheiro.
Durante a
ditadura havia a figura do “dedo-duro”. O Velhote do Penedo foi vítima de
dedo-duro – e sabe do que está falando. Delação premiada é um instrumento
legal, a ser usado pela justiça, que reúne muitas informações, cruzando-as, a fim de chegar a uma conclusão. O
jornalismo brasileiro usa informações vazadas de modo irresponsável, canalha –
e o fazem com total inconsequência e idiotia.
A imprensa
brasileira, principalmente a televisiva, sobretudo a da GN, me dá a impressão
de que perdeu o juízo. Como muitos jornalistas estão sendo demitidos, todos
procuram o “furo”, o “que somente eu sei”, e congêneres. Querem talvez garantir
o seu emprego.
Repito a
pergunta: esse tipo de jornalismo é democrático? Faz bem à democracia?
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