sábado, 20 de maio de 2017

País de vermes


Assisti trechos da delação de mafioso Joesley. Não tive estômago para assistir até o fim. Desliguei a TV me perguntando: por que esse cara não está preso? Como um sujeito como esse Joesley, notório salafrário, fez a lambança e mandou-se para Nova York, onde deve estar dando gargalhadas – de todos nós, que vamos arder da fogueira que ele armou com a cumplicidade de muitos.

Não me venha falar em acordos, tratativas, leniência, delação premiada. O que há por trás de tudo isso é uma tremenda farsa, uma tramoia – e, sempre que há farsas e tramoias políticas, traições e covardias sob os mais variados modos e justificativas. Não vou tratar disso agora, mas traidor foi Roberto Freire, que largou deslealmente o seu chefe, pouco interessado em saber o que havia, de fato, acontecido. Na fatídica reunião ministerial da madrugada de 24 de agosto de 1954, muitos ministros abandonaram Getúlio Vargas, largando-o à própria sorte. Pois Roberto Freire, como tantos ministros daquela época, desnudou deslealdade, covardia e oportunismo. Espero que outros políticos do PPS, entre os quais o meu amigo Cristovam Buarque, não sigam os passos do desleal Roberto Freire.

Sabemos hoje que na maré do turbilhão, a JBS ganhou mais de um bilhão na venda dos dólares que comprara um dia antes. Sabemos, também, que a gravação do diálogo entre Temer e Joesley foi forjado, frases foram truncadas, ruídos foram acrescentados. Janot e Fachin estranhamente aceitaram de pronto a gravação, que, inclusive, não tinha sido autorizada pelo STF – logo seria ilegal e não poderia ser incorporada aos autos. Há quem diga que o presidente Temer não deveria ter recebido Joesley e não devia ter ouvido o que Joesley disse: mas será que Temer ouviu mesmo as frases ditas por Joesley? As frases são foram acrescentadas depois na gravação forjada? Li, não lembro onde, uma frase que diz mais ou menos o seguinte: não se pode obter nenhum benefício a partir da própria torpeza. Joesley foi torpe – e mereceu da justiça brasileira o benefício de sair do Brasil e se instalar num hotel de luxo em Nova York.

O que se pretende com todo esse turbilhão? Não parece haver dúvida que Joesley fez o que fez cumprindo ordens. Em troca ganhou alguns benefícios – em espécie e em vantagens jurisdicionais.

O Brasil parou, as reformas foram para o espaço e as possibilidades, mesmo remotas, de melhoria das condições de vida do povo brasileiro derreteram.

Quando disse que não renunciava, Temer mostrou uma coragem e uma firmeza raras na política brasileira. Muitos, no lugar dele, iriam embora cuidar da própria vida – e assistir de camarote o Brasil seguir a sua sina de atraso. Como disse certa vez o jornalista Cláudio Abramo: somos um país de vermes.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo ótimo depoimento.Também eu fiquei enojada com este verme que considero um BANDIDO com letra maiúscula mesmo. É corrupto, corruptor, desleal, oportunista, ladrão e não merece prêmio por delação nem credibilidade em tudo o que diz! Merece cadeia e que devolva todo o dinheiro que roubou da Nação!

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