O
Brasil transformou-se num país ingovernável.
Qualquer
presidente (seja de que partido for) ao se decidir tomar uma medida (seja ela
qual for) é, imediatamente, bombardeado, ofendido, achincalhado pela mídia. As
redes sociais que criticam os meios de comunicação, nada mais fazem que
reproduzir o que disse a imprensa. Se a imprensa, em grande medida, é calhorda,
as redes sociais, em sua maioria, também o são.
Imprensa
e redes sociais se arvoram a dizer qualquer tolice em nome do direito (mais
um!) de opinar sobre tudo, inclusive sobre o que não sabem. A verdade que o
brasileiro é despolitizado, mas a participação em redes sociais lhe dá a falsa
idéia de que tem consciência política.
Ouço
e leio tantos absurdos (nos meios de comunicação e nas redes) que, às vezes,
penso em me isolar do mundo. Estou cansado de ler ou ouvir que o “político tal”
pensou, pensa, tem refletido, refletiu, como se o jornalista ou sujeito da rede
tivessem o poder de penetrar no pensamento do dito cujo.
Assisti
“The Post” – um belo manifesto em prol da liberdade de imprensa. Mas não só
isto: “The Post” é, em todos os sentidos, uma aula de jornalismo, pois, além da
liberdade de imprensa, mostra que o jornal defendeu o direito de divulgar fatos dos quais ele dispunha de provas – e
não de suposições. No Brasil, a imprensa e as redes sociais vivem de
suposições.
Dou
um exemplo. Outro dia, o Boechat falou que Temer recebeu o diretor da Polícia
Federal – e acrescentou malicioso: “fora da agenda”. Ora, o presidente pode
receber quem quiser, no momento que quiser, mas a malícia do “fora da agenda”
tinha um objetivo: se foi “fora da agenda”, a conversa girou em torno de alguma
coisa fora da linha. Foi a repercussão que li nas redes sociais.
Estamos
no carnaval. O prefeito Crivella, por exemplo, está sendo esquartejado porque
deu aos blocos e escolas de samba bem menos grana do que eles costumam receber.
Eu se fosse prefeito não daria um só centavo, mas como o brasileiro gosta de
viver à custa do dinheiro público. Assim, todos cobram de Crivella uma grana
que a prefeitura não tem. Quando o Brizola tomou posse, descobrimos que havia
um folguedo – “banho de mar à fantasia” – que recebia grana do estado. A verba
foi cortada – e um jornalista idiota disse que o Brizola era contra o carnaval.
Não
perco minhas horas de leitura e sono assistindo a Broadway das Escolas de
Samba. Minha neta, que veio almoçar comigo, disse que a Tuiuti e Beija-Flor
fizeram, para gáudio dos idiotas, protestos e críticas. Afora o fato de que o
desfile foi apropriado pela Rede Globo (tal qual o futebol brasileiro), nunca é
demais sambar que as escolas de samba são dominadas pela contravenção, pelo
crime organizado e foram cúmplices dos porões da ditadura. Tudo está bem
contado no excepcional “Os porões da contravenção – jogo do bicho e ditadura
militar: a história da aliança que profissionalizou o crime organizado”, de
Aloy Jupizara e Chico Otávio. Este é um livro que todos deveriam ler. Aliás,
todos já deveriam ter livro, pois é de 2015.
As
críticas da Tuiuti e Beija-Flor são oportunistas e não merecem respeito. Não o
meu, pelo menos. Quem aplaudiu essas escolas – bateu palmas para o crime, a
corrupção e o desalinho político.
Enfim voltaste!
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