quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O Velhote pede licença - e manda a sua brasa!


A trágica realidade

As chuvas que desabaram sobre a região de Xerém, município de Duque de Caxias, só não foram piores que os aguaceiros que cairam, em 2011, sobre a região serrana do Rio de Janeiro. Nas serras fluminenses, mais de mil pessoas perderam a vida. Em Xerém, pelo que se sabe, morreram apenas três pessoas. Contudo, tanto num caso como no outro, casas, pontes, ruas e estradas foram destruídas, um número imenso de famílias foram e estão desabrigadas, o desespero tornou-se sentimento comum a centenas de famílias, serviços públicos entraram em colapso, afetando a vida de um número incalculável de pessoas. Teme-se que novas chuvas piorem esse quadro de horrores.

Em Xerém, a lama e a água misturaram-se ao lixo que, há seis meses, não era recolhido pela prefeitura, algo que deveria levar Sua Excelência à cadeia, em rito sumári. A verdade é que a destruição causada pelas enxurradas e a perplexidade das autoridades revelam algo profundo: primeiro, a distância existente entre as elites do poder e a população; segundo, o desconhecimento revelado pelas autoridades sobre os problemas que devem realmente enfrentar; terceiro, o pasmo e a indefinição das autoridades quanto às soluções que devem levar a diante. Nós, cidadãos comuns, vivemos a esmo, nas mãos de criminosos que se arvoram ao papel de “representantes do povo”.

Foi patético assistir o sobrevôo de autoridades do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e do governador do Rio, Sérgio Cabral, sobre o distrito de Xerém, ao qual se seguiram as promessas de sempre. Os repórteres presentes apenas registraram o que as autoridades diziam, mas foram incapazes de pedir esclarecimentos sobre os recursos não gastos (embora programados) nas regiões afetadas pelas chuvas de 2011 e 2012, pelas providências não tomadas (mas anunciadas, inclusive na presença da “tia” Dilma, que dessa vez não foi inspecionar a catástrofe, preferindo ficar gozando férias na Bahia) e pelas promessas que as mesmas autoridades fizeram nos dois anos passados – e que, agora, diante das TVs foram repetidas com a desfaçatez e a cara de pau de sempre. Todos sabemos que nada será feito, até que, ano que vem, novas enxurradas aconteçam.

Em abril de 2010, em face dos deslizamentos ocorridos no estado, principalmente em Angra dos Reis e na favela-lixão de Niterói, que mataram 219 pessoas, feriram 161, desabrigaram 12 mil pessoas, o governador Sérgio Cabral prometeu remover cariocas e fluminenses das áreas de risco. Informou, ainda, que em outras áreas faria obras de contenção. Não fez nem uma nem outra coisa. Preferiu culpar antigos governadores pelas desditas atuais do estado (o que é uma maneira de tirar o corpo fora) e elogiar o então presidente Lula, que, por sinal, não liberou um tostão sequer dos recursos que seriam destinadas à remoção, coisa que Cabral não informou aos seus eleitores. Em janeiro de 2011, por ocasião da tragédia da região serrana, o governador fluminense repetiu as velhas promessas de sempre, mas, de prático, nada fez.

Não se trata apenas de culpar as autoridades pelos acontecimentos da região serrana e de Xerém, mas de lastimar que nos foros burocráticos do estado ninguém tenha alertado (ou soubesse ou previsse) que as chuvas teriam a força que tiveram. É patético se falar em duzentos ou trezentos milhões de reais para o programa de auxílio aos atingidos pelas enchentes e pelos deslizamentos, enquanto as obras do Maracanã, segundo o jornal O Globo, vão custar cinco ou seis vezes isso, ou seja, algo em torno de 1 bilhão e 1 bilhão e duzentos milhões.

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PICLES

1 – O absurdo dos gastos com os megaespetáculos esportivos (Copa das Confederações e Copa do Mundo) não é característica única do Rio de Janeiro. Em Brasília, onde serviços de saúde, o transporte coletivo e o sistema de ensino estão sucateados, vão ser gastos mais de 1 bilhão de reais na construção de um estádio de futebol. Um estádio que vai sediar apenas uma partida na Copa das Confederações e três na Copa do Mundo. E depois? Esse estádio será o palco do vibrante campeonato de futebol do Distrito Federal, cuja média de público nos jogos nos últimos três anos não atingiu a 3 mil pagantes. O novo estádio tem capacidade para 74 mil pagantes.

Como o Velhote do Penedo nada pode fazer para impedir essa loucura, faço o meu protesto individual e assino abaixo: jamais irei pôr os meus honrados pés nesse Elefante Branco!

2 – Outro dia, no Aeroporto de Brasília, após uma grande confusão, do qual resultou atrasos e cancelamentos de vôo, um cidadão estressado berrou: “Quem, aqui presente, for votar no Lula e na Dilma é um grandíssimo filho da puta!” Foi aplaudido.

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