sexta-feira, 4 de outubro de 2013


As loiras de Brasília

 

Jornal do Velhote do Penedo

Sexta-feira, 4 de outubro de 2013 - Número 8

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

Gangue das meninas

O Velhote do Penedo não tem por hábito frequentar o Congresso Nacional. Suas eventuais idas – reitero: raras - ao Parlamento brasileiro limitam-se às bibliotecas (realmente excelentes) das duas casas. Não vou a gabinetes de parlamentares, há anos não subo às galerias (um saco!), não frequento cafezinhos e lanchonetes. Tampouco fico zanzando pelos corredores. Fico, porém, abismado com o número de pessoas que transitam nas duas casas – e mais abismado fico com os tipos humanos que vagam pelos corredores. Já esbarrei por lá com grupos indígenas, estudantes, sindicalistas, membros do MST e do Hare Krishina. Além, é claro, dos indefectíveis sujeitos de terno preto, camisa branca e gravata vermelha. São os assessores e os lobistas.

Nas poucas vezes que estive no Congresso Nacional e nas raríssimas vezes que cruzei seus corredores, notei sempre a presença de figuras femininas, quase todas vestidas do mesmo modo: saias mínimas, sapatos com saltos altíssimos, decotes – e, além das bolsas,  uma indefectível “pastinha”, onde, conforme se sabe, guardam os segredos de seus “passeios” pelo Congresso. Em geral, são loiras, penteadíssimas e tão pintadas que mais parecem bonecas de porcelana. Não fazem o tipo do Velhote do Penedo, razão pela qual não vou elogiá-las.

Descobriu-se agora a função primordial dessas jovens: chamar a atenção de congressistas e, mediante argumentos “dengosos”, convencê-los a incluir sua assinatura (dos congressistas) em listas de apoio a projetos de lei. Diante daquelas loiras, raros são os congressistas e prefeitos que se dão ao trabalho de ler o que estão ou vão assinar. Assinam de olhos fechados, ou melhor, de olhos postos nos decotes “peitorais” ou nas pernocas das “loiras”.

Na verdade, as loiras fazem parte de um esquema de corrupção, que envolve parlamentares, lobistas, gente encastelada nos ministérios e prefeitos. Um esquema que garante a transferência para os bolsos de espertalhões de milhões de reais públicos, que pretensamente deveriam ser usados em municípios.

Sejamos objetivos: as loiras cumprem uma função, a de seduzir políticos, prefeitos e altos funcionários, de modo que projetos aprovados (vocês viram como) no Congresso, se transformem em transferências de recursos aos municípios, garantindo, de passagem, uma grana preta (comissões) a todos os envolvidos, mormente empreiteiros e políticos e servidores públicos corruptos. Dizem que uma loira tinha (e tem) um lema: “Nascer pobre é destino, mas morrer pobre é burrice”. Para não chamada de burra, a loira transformou-se numa caftina corrupta.

Um funcionário do Congresso contou ao Velhote que as aliciadoras carregam em suas “pastinhas” álbuns de fotografias de meninas, que o parlamentar pode “escolher” em troca de uma assinatura de apoio a um determinado projeto de lei ou, mesmo, de um voto em plenário a um projeto em votação. Claro, às vezes, além de uma menina, corre também alguma “grana”, que serve para lubrificar o trâmite da proposta. O citado funcionário me disse ainda que este “enredo” é montado e financiado por lobistas – estes, sim, verdadeiramente interessados na aprovação de um projeto, de um financiamento.

Tal cenário, que envolve, além de loiras, parlamentares, servidores públicos e lobistas, implica em mídia, que doura a pílula de projetos indefensáveis, elogia cidadãos que não valem o chão que pisa e encobrem a história toda.

Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, a literatura e o cinema brasileiros jamais exploraram tal filão, com a exceção talvez do filme Brasília 18%, de Nelson Pereira dos Santos, de 2006. O Velhote do Penedo tem a certeza de que os bastidores do poder brasileiros forneceria material para muitos livros (literatura e reportagens) e filmes. A pequena tampa que a polícia federal abriu nas últimas semana evidencia o alcance da rede de corrupção da gangue das “loiras”.

*****

- Notas bem brasileiras -

1 – Um certo Blog da Dilma (tenho certeza que “tia” Dilma jamais faria isso) publicou, na semana passada, na internet, após o Supremo Tribunal Federal acatar os chamados e medievais embargos infringentes, uma fotomontagem racista em que o presidente do STF, Joaquim Barbosa, aparece ao lado de um chimpanzé, com a seguinte legenda: “Ainda vai Barbosinha? Kkkkk...” O racismo é uma lepra (entre outras) que queima o organismo da sociedade brasileiro. Não sei quem a publicou, não sei se a Polícia Federal está atrás de tal energúmeno, não vi nenhuma autoridade vir a público e denunciar esta demonstração de racismo explícito. A verdade é que o brasileiro médio (alguns petistas, inclusive) jamais aceitará que um afrodescendente condene um sujeito louro como o José Dirceu. Jamais. Alguns são mais sutis – e transformam o racismo numa pretensa reação ideológica. Argumentos do tipo: “Não gosto do Joaquim Barbosa. Não porque ele é preto, claro, mas porque ele é de direita”. Quem ainda não ouviu isso?

2 – Enquanto a Rede Globo e a GloboNews, através de seus repórteres, comentaristas e locutores, insistem em chamar os manifestantes de “vândalos”, o jornal O Globo publicou, hoje, 4 de outubro, matéria mostrando a truculência da Polícia Militar do Rio de Janeiro (espancamento e uso de spray de pimenta contra professores e transeuntes). Diz a matéria: “O major Pinto, lotado no 5º BPM (Praça da Harmonia), aparece em vídeo feito pela equipe de multimídia de O Globo dando voz de prisão a um jovem depois que seu colega, o tenente Andrade, do 20º BPM (Mesquita), joga um morteiro no chão, atribuindo ao rapaz a posse do artefato”. Precisa dizer algo mais – ou apenas lamentar a idiotia dos comentaristas, repórteres e locutores da Rede Globo e da GloboNews?

3 – Como era de se esperar, o Tribunal Superior Eleitoral recusou o registro da Rede Sustentabilidade, partido político encabeçado pela ex-senadora Maria Silva, facilitando a reeleição da “tia” Dilma.

Um comentário:

  1. Relativo a nota 1 apenas para manifestar também repúdio a toda e qualquer forma de racismo, especialmente quando alguns escroques profissionais (outros, intelectuais) botam no ministro a pecha de "Joaquim Batman" que também é uma analogia racista, ao cavaleiro das trevas, justiceiro negro, ou que seja.
    Mas não sei se vai facilitar, como na nota 3, a reeleição da Dilma, o veto à Rede Sustentabilidade. O par Marina-Campos parece que promete bagunçar a corrida presidencial.

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