Jornal do Velhote do Penedo
Quinta-feira,
17 de outubro de 2013 - Número 10
Um jornal a serviço de ideias desabusadas
As privatizações do
PT
O
Velhote do Penedo tinha 21 anos quando os milicos (com o apoio de lideranças
políticas civis, como Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Ildo Meneghetti, entre
outros) derrubaram o governo constitucional de João Goulart. A democratização
chegou quando o Velhote soprava as 43 velinhas do bolo. Muito tempo. E não só
isso: a geração do Velhote sofreu muito no período militar. Muitos foram assassinados,
torturados e mutilados, outros tantos, devido ao mêdo (quem não tinha?) e ao
sofrimento, ficaram marcados na alma. O Velhote é um deles, daí porque não pode
ouvir falar em uso das forças armadas, polícia militar, serviços de informação –
sem sentir uma espécie de angústia. Da mesma forma, o Velhote tem ânsias de
vômito quando ex-apologistas ou apaniguados da ditadura surgem na TV ou nos jornais,
falando em democracia, em direitos humanos, como José Sarney, Delfim Netto, Lobão,
entre muitos outros.
O
Velhote, portanto, fica angustiado quando ouve e vê a polícia militar (a
militarização da polícia foi uma invenção da ditadura) esbordoando jovens,
professores e transeuntes sob a alegação de que estes são “baderneiros” ou,
como dizem a Rede Glogo e a GloboNews, “vândalos”. Agora, as autoridades
ressuscitaram uma legislação de exceção, promulgada durante a ditadura, que
prevê penas e medidas graves para os presos durante as manifestações. Os presos
serão enquadrados numa legislação que estabelece penas de 8 a 12 anos de
cadeia. Tudo isso conduzido por uma polícia militar corrupta, truculenta e
despreparada. E finalizada por uma justiça severa para com os pobres e
miseráveis - e complacente quando os réus são ricos e poderosos.
Afinal,
vivemos ou não numa democracia? Por que apelar para uma legislação ditatorial
para fazer frente às manifestações? Elas são perigosas assim? Recentemente, aos
condenados pelo Mensalão foi dada a chance de um novo julgamento, não
coincidentemente após “tia” Dilma ter indicado dois novos membros (liberais)
para compor o plenário do STF. Diga-se que nenhum condenado do mensalão recebeu,
por exemplo, pena que os obrigasse a devolver o roubado. Todo mundo no Brasil é
contra a corrupção, mas parte desse “todo mundo” ficaria feliz se os
mensaleiros fossem absolvidos.
Claro,
esperava-se que o PT no governo fizesse reformas essenciais e tardias, que o
país espera há décadas. Não fez: ao invés da reforma agrária, o PT aliou-se ao
agronegócio. Ao invés de desfazer privatizações equivocadas e mal explicadas,
está privatizando os portos, as rodovias e, agora, o pré-sal (ou parte dele).
Semana que vem (21 de outubro de 2013), ocorrerá, no Rio, o leilão de Libra, o
primeiro do pré-sal, sob o regime de partilha, metáfora criada pelo PT para se
diferenciar das privatizações do PSDB. Partilha é privatização – e estamos
conversados. A verdade é que o governo do PT descapitalizou a Petrobrás, que
não tem condições de tocar o pré-sal.
Os
petroleiros entraram em greve e estão apresentando recursos contra o leilão, ou
seja, contra a privatização da Libra. O governo do PT, ou seja, “tia” Dilma
tomou logo as providências cabíveis: com base na legislação herdada da
ditadura, mobilizou o Exército (sim, o Exército), a PM, forças nacionais, a
polícia civil para impedir que os petroleiros façam manifestações diante do
hotel onde se realizará o leilão.
Depois
das descabidas repressões das polícias militares em todos os estados
brasileiros e, agora, diante dessa mobilização armada contra os petroleiros (e
contra quem for contrário à privatização da Libra), percebe-se que, por obra e
graça do PT e dos seus aliados, o Brasil está se transformando num Estado
policial, onde o protesto leva à cadeia e à truculência de gorilas fardados.
Este jovem seria, hoje, chamado de "vândalo" por estar "sujando" um bem público ou privado.
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