terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ela só pensa em reprimir


 

Jornal do Velhote do Penedo

Terça-feira, 5 de novembro de 2013 - Número 13

Um jornal a serviço de ideias desabusadas

A ordem é baixar o cacête!

1 - Quando ocorreram as primeiras manifestações, a escumalha política brasileira – Sarney, Renan, Eduardo Alves, Sérgio Cabral - viveu uma sensação de pânico. “Tia” Dilma, também assustada, foi à televisão prometeu mundos e fundos, entre os quais um plebiscito e uma espécie de “constituinte” para debater os problemas do povo, como se ela não soubesse quais são. Discutiu-se durante uns dois meses o discurso da “presidenta”. Nesse meio tempo, Renan Calheiros, cheio de pompas, fez também o seu discurso: assegurou tarifa zero, assegurou mais investimentos em educação e saúde (“tia” Dilma fizera o mesmo), falou em reforma política, disse que criaria um grupo de trabalho que discutiria com os manifestantes – e así pasarán los dias.

2 - Lá, nas ruas, mais manifestações – e aí a polícia e a TV Globo e a GloboNews começaram a fazer o trabalho, digamos, sujo. A polícia batia, jogava spray de pimenta na cara dos manifestantes, disparava balas de borracha nas pessoas desarmadas e jogava bombas de efeito moral. A TV Globo e a GloboNews, através de seus idiotizados comentaristas e noticiaristas, tratavam de “desinformar” a população e espalhar medo nas pessoas, o que era uma forma de tirá-los das ruas. Um boletim interno da Globo e da GloboNews ordenou taxativamente aos comentaristas e noticiaristas que passassem a utilizar o termo “vândalo” sempre que houvesse confronto entre manifestantes e polícia. As agressões e a violência policial contra civis indefesos não era “vandalismo”. “Vândalos” seriam todos aqueles que revidassem os ataques policiais. Filmagens passaram a ser editadas com o intuito de demonstrar o quanto gente desarmada é agressiva diante de uma polícia armada e truculenta. Mesmo ao vivo, cenas eram e são escolhidas para dar ideia de que a polícia está defendendo “o nosso direito de protestar”, enquanto os “vândalos” só pensam em destruir os patrimônios público e privado.

3 - O uso truncado de palavras e o uso seletivo de imagens são as armas da Rede Globo, que tem uma longa tradição de apoio à ditadura militar que infelicitou o Brasil. Vi uma comentarista usar a palavra “incêndio” para se referir a uma “fogueira” – os “vândalos” tinham posto fogo, no meio da rua, a um monte de lixo, de forma a evitar o avanço das tropas policiais. Qualquer criança sabe que “fogueira” não é um “incêndio”, mas a comentarista, que também sabe qual é a diferença entre os dois termos, usou a palavra “incêndio” por que esta tem uma conotação de destruição, o que já não ocorre com “fogueira”. Notem: “vândalos” provocam “incêndio”, disse a comentarista.

4 - No último sábado, coincidentemente dia de finados, ou seja, dos mortos, “tia” Dilma reuniu 17 ministros (são 39 ministros!) para cobrar inaugurações e providências, tendo em vista as eleições do ano que vem. Conta-se que ela tratou os ministros como sempre faz: aos berros, aos xingamentos. Não debateu com eles os problemas, mas humilhou-os, como de hábito. “Tia” Dilma quer um calendário de inaugurações, onde possa discursar, falar bem de si mesmo e do seu fracassado governo.

5 - Dias antes, reuniu-se com os secretários de Segurança do Rio e de São Paulo, com o ministro da Justiça e outros respeitáveis cidadãos da República, e exigiu, sempre aos berros: “Nada de moleza! Pau nos arruaceiros e vândalos!” Em junho, assustada com as manifestações, “tia” Dilma fez promessas de bonança ao povo; hoje, refeita do susto, e com os préstimos de uma imprensa desonesta, “tia” Dilma arregaça as mangas da camisa e promete cacête!

6 – O Velhote do Penedo lembra do que dizia o Brizola: “O PT é uma galinha que cacareja para a esquerda, mas põe ovos para a direita!” “Tia” Dilma, que já foi do partido do Brizola, está aos poucos assumindo o discurso do general Médici: “Ninguém segura o Brasil, mas os ‘vândalos’ têm que ir para a cadeia!” Claro, Médici usava a palavra “terrorista”, palavra, aliás, que, um dia, foi usada contra a própria Dilma.

7 – Estamos caminhando a passos seguros em direção a um Estado policial. O PT é, na sua essência, um partido autoritário, característica que se acentua na medida em que o governo naufraga. Quando “tia” Dilma engrossa contra os “vândalos”, na verdade ela não fala propriamente contra eles e muito menos contra o que reivindicam ou denunciam. Ela engrossa a voz porque tem consciência de seu governo não deu certo. Isto, na alma de uma pessoa arrogante e vaidosa, dói mais que ser traído pela pessoa que se ama. Voltarei ao assunto.
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Silvio Caldas, o Caboclinho Querido, canta "As Pastorinhas", de Noel Rosa e João de Barro (Braguinha).

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