domingo, 5 de abril de 2015

Desmilitarizar a PM


Amarildo e Eduardo, vítimas.

Neste primeiro domingo de abril, o Velhote do Penedo gostaria de escrever sobre amenidades, falar sobre o livro que está lendo, embevecido: “Butterfield 8”, de John O’Hara. Não posso, porém.

Há minutos li nos jornais a respeito do sofrimento da mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, um guri de dez anos, assassinado por um PM no Complexo do Alemão. Estou emocionado, pois tenho um neto, o Vitor, que tem a mesma idade de Eduardo. Imagino o sofrimento da mãe da pequena vítima.

O Velhote do Penedo já escreveu aqui várias vezes: é preciso desmilitarizar a polícia. Torná-la cidadã, pô-la a serviço da sociedade. A sociedade não quer uma tropa de rambos, sempre pronta a reprimir manifestações, a disparar a esmo, a matar bandidos e inocentes: o menino Eduardo estava na porta de sua casa, com um celular nas mãos. O policial supôs que ali estava uma arma, com a qual aquele guri iria alvejá-lo. Na dúvida, abriu fogo. Acertou a cabeça do menino, que morreu na hora.

Há algum tempo, um morador do Alemão foi alvejado pela polícia: tinha uma furadeira, dessas que usamos em casa, nas mãos. O policial que o matou jurou que a furadeira era, na verdade, uma metralhadora.

A PM é despreparada para lidar com a população. Como força militar, ela foi treinada para eliminar, aniquilar os inimigos, no caso, uma população que vive esmagada pelos traficantes, de um lado, e pela PM, de outro.

Em julho de 2013, na Rocinha, a PM sequestrou o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza. Seu corpo jamais foi encontrado. Quem mais hoje em dia faz a pergunta: “Onde está o Amarildo?”

Eduardo e Amarildo – vítimas do mesmo equívoco: o de achar que o poder do fogo e da violência pode ser usada, impunemente, contra o povo. Um dia, quem sabe, meu neto Vitor poderá se orgulhar da justiça e das autoridades brasileiras. Até lá quantos Eduardos e Amarildos teremos?

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