Amarildo
e Eduardo, vítimas.
Neste
primeiro domingo de abril, o Velhote do Penedo gostaria de escrever sobre
amenidades, falar sobre o livro que está lendo, embevecido: “Butterfield 8”, de
John O’Hara. Não posso, porém.
Há
minutos li nos jornais a respeito do sofrimento da mãe de Eduardo de Jesus
Ferreira, um guri de dez anos, assassinado por um PM no Complexo do Alemão.
Estou emocionado, pois tenho um neto, o Vitor, que tem a mesma idade de Eduardo.
Imagino o sofrimento da mãe da pequena vítima.
O
Velhote do Penedo já escreveu aqui várias vezes: é preciso desmilitarizar a
polícia. Torná-la cidadã, pô-la a serviço da sociedade. A sociedade não quer
uma tropa de rambos, sempre pronta a reprimir manifestações, a disparar a esmo,
a matar bandidos e inocentes: o menino Eduardo estava na porta de sua casa, com
um celular nas mãos. O policial supôs que ali estava uma arma, com a qual
aquele guri iria alvejá-lo. Na dúvida, abriu fogo. Acertou a cabeça do menino,
que morreu na hora.
Há
algum tempo, um morador do Alemão foi alvejado pela polícia: tinha uma
furadeira, dessas que usamos em casa, nas mãos. O policial que o matou jurou
que a furadeira era, na verdade, uma metralhadora.
A
PM é despreparada para lidar com a população. Como força militar, ela foi treinada
para eliminar, aniquilar os inimigos, no caso, uma população que vive esmagada
pelos traficantes, de um lado, e pela PM, de outro.
Em
julho de 2013, na Rocinha, a PM sequestrou o ajudante de pedreiro Amarildo Dias
de Souza. Seu corpo jamais foi encontrado. Quem mais hoje em dia faz a
pergunta: “Onde está o Amarildo?”
Eduardo
e Amarildo – vítimas do mesmo equívoco: o de achar que o poder do fogo e da
violência pode ser usada, impunemente, contra o povo. Um dia, quem sabe, meu
neto Vitor poderá se orgulhar da justiça e das autoridades brasileiras. Até lá
quantos Eduardos e Amarildos teremos?
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