O
Brasil é a terra da desfaçatez
O
Brasil vive de mentiras, embustes e trambiques. O cotidiano brasileiro, em
todas as esferas, prova isso.
Aqui,
mata-se um ciclista (depois de roubá-lo) pelo simples prazer mórbido - e o
secretário de segurança diz que é um absurdo um crime como aquele acontecer na
Lagoa, cartão postal da Cidade Maravilhosa. Como se os crimes praticados nos
grotões da cidade fossem aceitáveis. Três jovens curram uma menina de doze anos
no banheiro do colégio onde estudam, em São Paulo. E quem ainda lembra do
Amarildo, cujos ossos até hoje não foram encontrados.
Agora
mesmo discute-se no Parlamento as medidas do ajuste fiscal, as quais atingem
diretamente os trabalhadores, a parte fraca chamada a pagar as besteiras que
foram feitas no país no campo da economia.
São
medidas injustas (quase criminosas), mas contam com o apoio da mídia e com o
beneplácito da esquerda (PT e PCdoB à frente). Outro dia presenciei uma cena de
pastelão: uma parlamentar do PCdoB - partido que há alguns anos proclamava que
a “Albânia era o farol da humanidade” e que “Enver Hoxha era, depois de Stalin,
o mais importante pensador marxista” – defendeu o ajuste fiscal e as perdas dos
direitos dos trabalhadores invocando a Guerrilha do Araguaia, movimento que, segundo
ela, era a prova cabal da coragem e do destemor da sua agremiação. Os mortos do
Araguaia positivamente não merecem isso.
O
Brasil vive de tramoias, enganações e sofismas.
Os
parlamentares demoliram o chamado “fator previdenciário”, embuste criado no
governo FHC, combatido, na época, pelo PT, que, hoje, o defende como essencial
ao equilíbrio buscado por “tia” Dilma e o banqueiro Levy. Trata-se de mais um
embuste.
O
fator previdenciário foi criado com o objetivo de estancar (ou contribuir para
o estancamento) do déficit da Previdência Social. Trata-se de uma mentira: não
existe tal déficit, fato sonegado por intelectuais vadios, políticos
despudorados e mídia comprometida. Há um número enorme de estudos, ensaios e artigos
que provam a inexistência do déficit.
Os
meus leitores podem, inclusive, acionar o Google e verificar o que digo. Basta
apenas escrever na busca: “déficit na previdência social”. Se fizerem isto,
procurem o trabalho de Humberto Tommasi, especialista em direito
previdenciário. O título do trabalho é “Inclusão previdenciária”. Não é um
texto complicado, mas objetivo, fácil de ler e muito informativo. Aconselho.
O
que todos evitam falar é que das receitas da seguridade social, que deveriam
ser gastas apenas na previdência, uma parte superior a 30% é desviada para compor
o chamado “superávit primário”, que são recursos carimbados, ou seja, só podem
ser gastos no pagamento dos juros da dívida pública. Trata-se de uma rubrica
impositiva.
Cabe
ilustrar o que foi dito. Notem o quadro abaixo construído com base no texto de
Tommasi (citado):
Dados
correspondentes ao período janeiro/abril 2011
|
R$
|
Arrecadação INSS
|
114,2 bi
|
Gastos com
benefícios previdenciários
|
86,7 bi
|
RESULTADO (Superávit)
|
27,5 bi
|
Esta
deveria ser a conta da previdência, que, como se pode ver pelo exemplo, é
superavitário. Contudo, a conta do governo, que ele próprio e a mídia sonegam
aos trabalhadores, é a seguinte:
Dados
correspondentes ao período janeiro/abril 2011
|
R$
|
Arrecadação
INSS
|
114,2
bi
|
Superávit primário (pagamento juros da dívida
pública)
|
35,0 bi
|
SUBTOTAL
|
79,2 bi
|
Gastos
com benefícios previdenciários
|
86,7
bi
|
RESULTADO (Déficit)
|
7,5 bi
|
Eis a embromação do chamado “déficit” da previdência.
Embromação que serve como justificativa ao arrocho, à tunga nos direitos
trabalhistas, enganações e péssimos serviços.
Como foi dito, há inúmeros trabalhos que mostram à exaustão
que não há déficit na Previdência Social, mas má gestão, uso irregular dos
recursos arrecadados – afora os desvios, vulgo, roubalheira.
O esbulho é retirar dinheiro do trabalhador para pagar
uma dívida que o trabalhador não fez – e que o PT, quando era oposição, exigia
que se fizesse dela uma auditoria. Que o PT, ao chegar ao poder, jamais fez.
O Brasil é a terra da desfaçatez.
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