segunda-feira, 3 de agosto de 2015

De líder estudantil à prisão como corrupto


Melancólico!

O Velhote do Penedo sente, sinceramente, enorme tristeza quando vê um sujeito, como José Dirceu, ser preso por corrupção e enriquecimento ilícito.

Eu era estudante, no Rio e em São Paulo, no período 65-68, e participei de várias passeatas lideradas por Dirceu – na verdade, não só ele. Eu o admirava. Lembro-me de uma passeata que teve início da Praça da República, seguiu pelas avenidas Ipiranga e São João e, lá, mais ou menos, na altura do Largo do Paissandu, baixou a repressão, que bateu, prendeu e esbordoou estudantes.

A passeata era uma resposta estudantil à morte de um menino durante a chamada Batalha da Maria Antônio. Na Rua Maria Antonia funcionavam os cursos de ciências sociais, humanas e letras, da USP. Eu estava lá, e vi o estudante secundarista José Carlos Guimarães levar um tiro no peito e morrer. O tiro veio da Universidade Mackenzie, onde se encastelava o CCC – Comando de Caça aos Comunistas.

Não esqueço esse passado – e lamento que, tantos anos depois, José Dirceu tenha se tornado, como diz a imprensa, o organizador da estrutura de corrupção no país, que, como se sabe, inclui o Mensalão, o Petrolão e Eletrolão. É melancólico. Não sou petista, mas acho que o PT encontra-se, perdoem o lugar comum, numa encruzilhada.

Quem, um dia, escreverá a biografia de José Dirceu? Mas uma biografia séria, que mostre todas as nuances de uma personalidade complexa. Não sei. Os sentimentos estão à flor da pele – e não creio que num cenário como o atual do Brasil haja quem possa escrever sobre Dirceu com isenção.

E o Brasil segue o seu sofrido destino.

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