Melancólico!
O
Velhote do Penedo sente, sinceramente, enorme tristeza quando vê um sujeito,
como José Dirceu, ser preso por corrupção e enriquecimento ilícito.
Eu
era estudante, no Rio e em São Paulo, no período 65-68, e participei de várias
passeatas lideradas por Dirceu – na verdade, não só ele. Eu o admirava.
Lembro-me de uma passeata que teve início da Praça da República, seguiu pelas
avenidas Ipiranga e São João e, lá, mais ou menos, na altura do Largo do
Paissandu, baixou a repressão, que bateu, prendeu e esbordoou estudantes.
A
passeata era uma resposta estudantil à morte de um menino durante a chamada Batalha
da Maria Antônio. Na Rua Maria Antonia funcionavam os cursos de ciências sociais,
humanas e letras, da USP. Eu estava lá, e vi o estudante secundarista José Carlos
Guimarães levar um tiro no peito e morrer. O tiro veio da Universidade Mackenzie,
onde se encastelava o CCC – Comando de Caça aos Comunistas.
Não
esqueço esse passado – e lamento que, tantos anos depois, José Dirceu tenha se
tornado, como diz a imprensa, o organizador da estrutura de corrupção no país,
que, como se sabe, inclui o Mensalão, o Petrolão e Eletrolão. É melancólico.
Não sou petista, mas acho que o PT encontra-se, perdoem o lugar comum, numa
encruzilhada.
Quem,
um dia, escreverá a biografia de José Dirceu? Mas uma biografia séria, que
mostre todas as nuances de uma personalidade complexa. Não sei. Os sentimentos
estão à flor da pele – e não creio que num cenário como o atual do Brasil haja
quem possa escrever sobre Dirceu com isenção.
E
o Brasil segue o seu sofrido destino.
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