segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Livro: produto de primeira necessidade


Fim das livrarias?

Leio na revista Piauí – 107, agosto, uma matéria sobre a livraria Leonardo da Vinci, que está em vias de cerrar suas portas.

Trata-se de reportagem, no mínimo, aterrorizante, pois talvez revele uma triste tendência. Deu n’O Globo, há uns quinze dias que o último sebo da Praça Tiradentes encontra-se na mesma situação da livraria Leonardo da Vinci. Aliás, na última vez que fui ao Rio, descobri que os sebos da Rua da Carioca (eram três) já fecharam. Outro, na Rua do Carmo, idem. Efeitos da crise? Talvez, principalmente se a eles somarmos o desinteresse do brasileiro pela leitura. Não há quem resista à equação: poucos leitores – crise econômica.

Tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido e escrevo livros, considero livro produto de primeira necessidade – por isso a reportagem da Piauí me causou profunda emoção. O pior é que não acredito que os chamados e-books venham a substituir os livros tradicionais, impressos e de papel. Claro, os e-books terão leitores, porém em número menor que o escasso número de leitores de livros existentes hoje. Quantos dos que me leem agora já leram um e-book de cabo a rabo? Poucos, pouquíssimos.

O Brasil não possui, uma política para o livro, que tivesse, entre outros objetivos, favorecer a produção de livros, garantir apoio às livrarias, além, é claro, de estimular a leitura, pois essa é uma das funções das escolas públicas e privadas. Bem verdade, que, em 1937, o ministro da Educação Gustavo Capanema criou o Serviço Nacional do Livro, que publicou livros e revistas, tendo orientado as decisões no plano da política educacional brasileira. O SNL foi esvaziado durante a ditadura militar e extinto em 1990, façanha de Fernando Collor.

Como não existe uma política para o livro e como a leitura não é habito do brasileiro, o fechamento de livrarias (e de editoras, mas isto é outra história) é inevitável. Dolorosamente inevitável. O que fazer? Não sei. Espero apenas não assistir o fechamento da última livraria.

Na última vez que estive na leitura Leonardo da Vinci comprei o livro “Vida ociosa”, de Godofredo Rangel, um escritor magnífico, embora esquecido. Sobre “Vida ociosa”, disse Monteiro Lobato: “É o único livro nosso que, embora de gênero diverso, pode ser colocado numa estante entre Brás Cubas e Dom Casmurro”. Procurem e leiam. Vale a pena.

O Velhote do Penedo espera que haja um milagre ou que surja um mecenas, que garanta sobrevida à livraria Leonardo da Vinci. E aos sebos.

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