sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Autoridades sem compostura


Tiros, assaltos e depressão

Essa semana, no cemitério do Caju e arredores, tivemos mais um espetáculo de tiros, protestos e ódios. Uma criança, de onze anos, tinha sido enterrada – vítima de uma bala possivelmente disparada por uma arma de um PM. Balas perdidas, chacinas, arrastões, linchamentos tornaram-se fatos corriqueiros nas cidades brasileiras. Em Carapicuíba, São Paulo, quatro jovens foram executados: um dos PMs envolvidos já foi preso. No Embu, também em São Paulo, 19 jovens foram chacinados. Praias cariocas são cenários de arrastões – e da ação de justiceiros, que espancam e tentam assassinar jovens sejam eles assaltantes ou suspeitos, sob a complacência da polícia.

Outro dia, a deputada Jandira Feghalli, do PCdoB, após evocar mentalmente o seu líder político (e espiritual), o falecido Henver Hoxha, ex-ditador albanês, dileto discípulo de Stalin, informou no facebook que os governos do PT tinham acabado com a miséria no Brasil. Ontem, dados oficiais nos informaram que há no Brasil dois milhões de desempregados, cerca de 9% da força de trabalho do país. A inflação sobe a cada mês, os juros atingem alturas estratosféricas. As famílias estão endividadas, em razão de uma política irresponsável que estimulou o consumo desenfreado. A inadimplência sobe a cada mês. A chamada reforma administrativa mostra-se uma farsa, cujo objetivo é distribuir cargos ao PMDB em troca de apoio nas votações no Congresso. Vi, hoje, uma entrevista de um jovem, que confessou viver de assaltos, que evidenciou a nossa miséria como nação e o nosso fracasso como civilização.

Vivemos num país em que as autoridades perderam a compostura, se é que, um dia, a tiveram. Outro dia, um estudo oficial com 2,5 milhões de estudantes mostrou números acachapantes. Um em cada cinco alunos (22,2%) do 3º ano não entende o que lê. Outros 34% encontram algum sentido, desde que a informação mais importante esteja na primeira linha do texto. Na escrita, o cenário se repete. Em matemática, 24,3% não sabe somar com três algarismos e não sabe subtrair com dois. Diante disso, o que disse o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro? Disse apenas: “É assustador”.  Quando se esperava do responsável pela educação brasileira o anúncio de medidas urgentes para a sua pasta, ele apenas se diz “assustado”, o que não significa nada.

Enquanto “tia” Dilma negocia o ministério da Saúde com o PMDB, o ministro da Educação assusta-se com os números que mostram o que qualquer ser pensante no Brasil sabe há muito tempo: a educação brasileira é um fracasso.

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Na mesma semana em que o Brasil perdeu o historiador Joel Rufino dos Santos, morreu no Rio de Janeiro um baita escritor: Esdras do Nascimento. Leitor de Esdras desde 1963, quando ele publicou pela Civilização Brasileira o romance “Solidão em família”, confesso que está difícil superar a depressão que me consome.

 

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