Saúde e Chico – reflexões de vésperas do
Natal
1 – O estado
do Rio de Janeiro é governado por um sujeito que atende pela alcunha de Pezão.
Este cidadão, eleito com o apoio de Dilma, Lula e Cabral Filho, logrou a
façanha de destroçar a estrutura da saúde do Rio. Hospitais, postos de saúde
estão em pandarecos, por obra e graça desse desastrado governador. Ele culpa a
crise – palavra mágica que os incompetentes utilizam para justificar a própria
incúria e desfaçatez. Amanhã, Dilma vai se reunir com o Pezão para traçar uma
estratégia capaz de tirar a saúde do Rio do buraco. Vamos ter amanhã, mais uma
vez, discursos, promessas, assinaturas de papéis, sorrisos, aplausos – e tudo
vai ficar como está hoje. Alguém duvida?
2 –
Acho que o bate-boca do cantor e compositor Chico Buarque e alguns jovens de
classe média não justifica, em si, tanta discussão. Um bate-boca oco, vazio,
idiota, que depõe contra a inteligência dos contendores e daqueles que deram atenção
ao episódio. Uma discussão boboca: “você mora em Paris?” “Eu não, você é quem
mora lá!” “PT é uma merda!” “Merda é o PSDB!” A coisa foi por aí.
O que
importa no caso é a evidência de que a sociedade brasileira está irremediavelmente
cindida, não só por interesses de classes, mas por crenças políticas injustificáveis.
Os cientistas políticos (Existe uma ciência política? Tenho minhas dúvidas, mas
vá lá!) deveriam discutir e responder o seguinte: o que levou a sociedade brasileira
a este estágio. Os caras que discutiram com Chico Buarque eram de classe média,
mas o Chico também é. Então, não foi um debate de classes, nem de raça (todos
eram brancos), nem de gênero. Foi uma discussão de bêbados, numa esquina do
Leblon.
Eu jamais
bateria boca com o Chico ou com a Maria do Rosário, por exemplo. Eu jamais os
hostilizaria, mas também nunca conversaria, mesmo amigavelmente, com eles. Não
iria perder meu tempo.
Tenho
contra o Chico uma queixa essencial, isto sim – e gostaria muito de, um dia, ouvir
dele uma autocrítica, coisa que ele jamais fará. Infelizmente.
Chico
defendeu a censura ao livro “Roberto Carlos em detalhes”, biografia do cantor
escrita por Paulo César de Araújo. E não só. Negou que tivesse dado a Paulo
César de Araújo uma entrevista em que falou de Roberto Carlos, tentando assim
desqualificar o escritor e o livro. Paulo César de Araújo tinha, porém, gravado
(em fita e vídeo) a entrevista do Chico, que, pego na mentira, disse apenas que
tinha esquecido. Um tremendo bafo de boca, uma desculpa esfarrapada.
O livro
“Roberto Carlos em detalhes” foi recolhido das livrarias e, no melhor estilo
nazista, queimado. Foram mais de quatro mil livros torrados numa fogueira
inquisitorial, com o apoio do Chico. E não só dele, mas do Caetano Velloso, Gilberto
Gil, Djavan, Milton Nascimento, Chico César, entre outros valorosos expoentes.
Muitos
escritores e músicos, escandalizados, lamentaram a atitude dessa turma de censores.
Entre eles, Ivan Lins, Sérgio Ricardo, Roberto Frejat, Paulinho da Viola, Aldir
Blanc, Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo,
Ruy Castro, Mário Magalhães, João Ubaldo Ribeiro, José Murilo de Carvalho,
Boris Fausto, entre muitos outros.
Tudo
está bem contado no livro “O réu e o rei”, do mesmo Paulo Cesar de Araújo,
lançado em 2014, pela Companhia do Livro. É um livro que merece ser lido. Foi
finalista ao prêmio Jabuti.
Em
conclusão: por isso, acho que bate-boca do Chico com jovens ricos de Ipanema
(Chico também é rico) não tem, em si, importância alguma. Pior é a inflação, os
juros altos, o desemprego, o recrudescimento da miséria, a falência da saúde pública,
da educação – esses temas comezinhos, que não afetam em nada a vida do petista
Chico Buarque.
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