quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O bródio do Chico


E para encerrar o ano...

 

Recebi no feice fotos do chamado “rolezinho” do Chico Buarque.

Numa delas, uma senhora encorpada, cabelos desgrenhados, vestia uma camisa estampada com foto do compositor. Ela parecia feliz. No íntimo talvez pensasse que estava fazendo política. Deus ama os inocentes, amém.

Todos sabem o que penso do Chico: depois que ele defendeu a censura e a queima do livro de Paulo César de Araújo sobre Roberto Carlos, nunca mais me interessei por sua música (excelente!) e livros (ruins!). Calma, tenho vários discos e CDs do Chico – e todos os seus livros, que li e anotei. Apesar de tudo, não fui inquisitorial. E mais: eu, pessoalmente, jamais iria ofender ou hostilizar um adversário político, do Chico ao Bolsonaro, como também jamais apertaria a mão deles. Se a presença deles me incomodasse, quem sairia do restaurante ou livraria seria eu. Em silêncio e educadamente.

Segundo dizia o feice, estavam presentes no bródio 15 mil pessoas, o que me leva a pensar que a homenagem ao Chico ocorreu, no mínimo, no Maracanã. Não, explicava o feice, a festança foi num bar do Leblon. Não frequento o Leblon, mas acredito que nenhum boteco do bairro consiga receber e atender 15 mil pessoas.

Em termos políticos, Chico já foi tudo. Em 1982, quando Brizola disputava o governo do Rio, Chico apoiou o Miro Teixeira, na época menino do Chagas Freitas, um misto de Antonio Carlos Magalhães, Renan Calheiros e Jader Barbalho. E olha que o PT tinha candidato, o Lysâneas Maciel, um sujeito decente, mas ideologicamente destrambelhado.

Depois, em 1985, Chico apoiou Fernando Henrique Cardoso, fazendo, inclusive, uma adaptação da música “Vai passar”. O PT tinha candidato: Eduardo Matarazzo Suplicy.

Agora, Chico é petista, lulista e dilmista. Não esquentem meus amigos e inimigos. Em 2018, ele deixará de ser petista para apoiar outra legenda e outro candidato. E fará isto não só por interesse, mas, sobretudo, porque sua cabeça política é oca.

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