quinta-feira, 23 de junho de 2016

Temos como sair da desgraça que o PT nos impôs


Sou despertado pela notícia de que o maridão da senadora Gleisi Hoffman, o ex-ministro Paulo Bernardo, foi encanado, envolvido que está num propinoduto de mais de 100 milhões. Bem verdade que houve outras e importantes prisões, mas o ponta de lança da operação, sem dúvida, foi o Paulo Bernardo.

Hoje, parece claro que o projeto de poder do PT envolvia uma malha de canais, que, com certeza, atingia todos os ministérios, seus principais programas e obras, e as estatais de maior peso. Há quem diga que o esquema de propinas da Eletrobrás é tão ou maior que o da Petrobrás. Não sei, mas não duvido. Como não duvido que as caixas-pretas do BNDES e dos Fundos de Pensão, quando abertas, irão povoar o mundo político brasileiro de fantasmas e zumbis com os bolsos cheios de reais, dólares e euros. Um horror necessário.

O esquema montado por Paulo Bernardo era singelo: o servidor público (aposentado ou não) buscava socorro financeiro nos empréstimos consignados. Comprometia-se a pagar o empréstimo, digamos, em cinco anos, ou seja, 60 meses. De cada mensalidade, era transferido R$ 1,00 (um real) para a sacola do roubo, dos quais 30% (trinta centavos) iam para a operadora e 70% (setenta centavos) eram distribuídos entre os corruptos e o PT. A teia distribuía-se pelo serviço público, de norte a sul, de leste a oeste. Este pingado (pingos de ouro!) atingiu valor superior a 100 milhões. Reconheço: era um golpe de mestre, sutil, minucioso, constante, sem estardalhaço, tinha tudo para ser considerado um crime perfeito, inimaginável pelos grandes autores de policiais.

Bem. Preso, tendo que fazer suas necessidades numa espécie de bueiro, Paulo Bernardo terá muito tempo para refletir: “onde eu errei?” Explico: um sujeito como Paulo Bernardo não se questionará jamais sobre o roubo que liderou – mas sobre o erro que cometeu que possibilitou a polícia bater à sua porta.

Creio que, aos trancos e barrancos, o Brasil está mudando. Suas vísceras estão expostas.

Um dia, faremos o recaldo dessa fase: saberemos o que ganhamos e perdemos. Por enquanto, tenho, hoje, o imenso prazer de, como diria Herivelto Martins, “assistir de camarote” o fracasso de uns, a derrota de outros e a vitória de alguns. Muitos países já viveram situações semelhantes ou piores. Temos como sair da desgraça que o PT nos impôs.

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