terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dilma, adeus


Amanhã, tudo indica, Dilma será definitivamente afastada da Presidência da República.

Meus amigos do Facebook bem sabem que durante meses me posicionei contrário ao impeachment, defendendo a ideia de que Dilma deveria convocar as forças políticas do país e buscar um pacto político que ajudasse o país a sair do buraco em que se encontrava – e se encontra. Conversei sobre o assunto com o senador Cristovam – e ele me disse que com outros senadores estivera com Dilma, onde propôs exatamente o que sugeria o Velhote do Penedo. Dilma mostrou-se impenetrável, tal como se mostrou impenetrável ontem no Senado, culpando a tudo e a todos pela crise, que ela – claro – sabia como superar. No fundo, Dilma sofre de um grave distúrbio, que a mim me parece incurável.

Quando se instalou o processo de impeachment, vimos, com clareza, que Dilma se sentia acima da lei, da Constituição e dos homens. Ela estava certa de que iria driblar os deputados, senadores, opinião pública, confiando em sua “percepção”, na ação do Lula (caçado pela Lava-Jato) e na mobilização dos trânsfugas MST e MTST e dos estudantes vadios. Não, não estou ofendendo a estudantada, mas gostaria que eles estudassem mais, lessem mais, refletissem mais sobre o Brasil e sobre o mundo. Infelizmente, as lideranças estudantis pensam e falam à base de clichês e de ideias do século passado – primeira metade. Uma pena: o Brasil carece de lideranças políticas.

Não tenho ilusões sobre o Temer, e não só por razões políticas ou ideológicas. A herança dilmista é de tal ordem, que a sua arrumação exigirá um esforço gigantesco, medidas impopulares e alguma dose de sofrimento. A saída da crise não se fará por atos milagrosos. Estou conformado: não tenho idade nem ânimo para sair às ruas e protestar contra o que vem aí.

Sempre digo: quem escolheu Temer como vice foi a Dilma, o Lula e o PT. Não fomos nós. Se Dilma tivesse sofrido um infarto fulminante, Temer seria o presidente. Se o impeachment foi forçado ou não, pouco interessa. Não houve golpe, não só porque os requisitos foram cumpridos, como – principalmente – Dilma cometeu crimes de responsabilidade. O resto é blá-blá-blá.

Dilma, Lula e PT escolheram Temer para ter maioria no Congresso. Chegou a ter, mas a imperícia de Dilma jogou tudo por terra. Custava Dilma ouvir mais o Temer, afagá-lo, dar-lhe tarefas no governo?

As eleições deste ano mostrarão o estrago sofrido pelo PT, que provou não ser um partido preparado para governar o Brasil. O PT vive da repetição de estatísticas fajutas, como a que retirou 150 milhões de brasileiros da miséria absoluta. Não tirou – nem o Brasil tinha tantos miseráveis absolutos. Mas eles vão repetir isto à exaustão.

Bem, amanhã Dilma não mais será a presidente. Terá seus direitos políticos suspensos por oito anos. Tomara que aproveite o tempo para ler, estudar, curtir a família, ouvir música e, se possível, arranjar um namorado, que a compreenda e seja gentil e amoroso. São os meus sinceros votos.

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