Lula, no seu
memorável discurso da última semana, comparou-se a Jesus Cristo, Tiradentes,
Getúlio, Jango e JK. Infelizmente, ele não se comparou ao seu – desculpem a
palavra – símile na política brasileira: Jânio Quadros. Jânio, como Lula, era
alcoólatra; Janio, como Lula, às vezes perdia as estribeiras: era quando os
demônios interiores dominavam suas ações e palavras. O cronista Antônio Maria
escreveu um dia que Jânio uivava em noites de lua cheia.
No seu
discurso da semana, Lula valorizou os políticos corruptos e desqualificou os
“concursados”. Claro, ao valorizar os políticos corruptos, Lula estava de olho
em si próprio - e naquela gangue que o cercava. Ao desqualificar os
concursados, Lula mostrava o seu desprezo pelas pessoas (jovens) que estudaram,
gramaram, enfrentaram provas – e saíram vitoriosos. Brizola e Lula tinham algo
em comum: vieram de famílias extremamente pobres. Brizola calçou sapato pela
primeira vez aos 10 anos de idade. Mas Brizola, embora tenha sido engraxate,
carregador de mala em rodoviário, ascensorista, jardineiro, estudou – e
conseguiu formar-se. De olhos na sua experiência pessoal, Brizola investiu sua
carreira política na valorização da educação. Lula, ao contrário, sempre achou
o estudo, a leitura e a busca de conhecimento coisa de gente inútil e
desocupada. Esta era a grande diferença entre Brizola e Lula.
Em seu
discurso, Lula fez uma observação que devia envergonhar os ditos intelectuais e
gente da cultura que o defendem. Disse ele que ninguém no Brasil criou tantas
universidades e faculdades no país. Lula não sabe, por que é ignorante, que o
que vale é a qualidade do ensino e não a existência de um prédio com a tabuleta
de que ali era um estabelecimento de ensino. O que se esperar de uma
Universidade Federal dos Cafundós do Judas, se lá não há professores
qualificados, não tem biblioteca, laboratórios, auditórios - e os alunos, em
geral, são oriundos de um ensino médio de péssima qualidade?
Levantamento
recente, divulgado na última semana, mostrou que nenhuma universidade brasileira
está na lista das cento e cinquenta melhores do mundo. Mostrou também que a
Universidade de Brasília - grande sonho de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira -
caiu mais de cem pontos no ranking de 500 universidades no mundo. Valorizar
universidades criadas segundo interesses eleitorais – e omitir a realidade das
grandes universidades, totalmente decaídas, é próprio dos inconsequentes. Lula
é um inconsequente.
O discurso de
Lula orbitou em torno de uma mentira. Lula – secundado por seus capangas das
redes sociais - afirmou que o procurador Deltan Dallagnol teria dito: “não
temos prova, temos convicção”. O que o procurador disse foi o seguinte: “provas
são pedaços da realidade, que geram convicção sobre um determinado fato ou
hipótese”. Nos devaneios etílicos de Lula, a realidade tem que se ajustar ao
que ele pensa ou supõe.
Enfim, Lula
fez um discurso para os seus. Cérebros bloqueados por crenças que não se explicam,
em geral absorvem tudo, inclusive mentiras e idiotices do “líder”. Uma pena. Os
partidos que se autoproclamam de esquerda, conforme mostram as pesquisas, estão
agonizantes – levarão uma tunda enorme nas eleições. Tirarão lições da
previsível derrota acachapante?
Quando Lula
disse que o PT é o maior partido de esquerda da América Latina, pensei: vai ser
o partido de esquerda que maior surra eleitoral levou na América Latina. Isto,
após ter ocupado a presidência da República.
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