O PT me
impressiona. Andei vendo alguns dos seus parlamentares comentando o resultado
das eleições. Segundo eles, o que levou o PT a ter resultados tão pífios foi o “processo
de criminalização do partido”, levado a cabo pelos golpistas. O que me
impressiona no PT é a sua incapacidade de ver a realidade e de reconhecer os seus erros. Só enxerga o que
supõe. O PT sofre de disfunção cognitiva. A senadora Vanessa Graziotin, que não
é do PT, voltou à cantilena de direita e esquerda, o que mostra um bloqueio de
pensamento que se aproxima da demência. É um caso perdido.
O PT sofreu
uma derrota retumbante. O número de cidades administradas pelo PT caiu de 630
(em 2012) para 256 (2016), uma perda de 374 cidades, inclusive de cidades importantes como São Paulo, o cinturão do ABC, entre outras. Em termos de votos, o PT
apresentou um descenso de 78%: eram 15 milhões de eleitores, em 2012, para 3,3
milhões, em 2016. Se o PT não fizer uma profunda reflexão, o que talvez implique
no afastamento de muitos dos seus caciques, que mandam e desmandam - os quais
estão queimados junto à opinião pública devido a seus envolvimentos na Lava
Jato.
Claro, não só
o PT precisa fazer uma reavaliação profunda. Os demais partidos da esquerda
pré-histórica precisam fazer o mesmo.
O relativo
sucesso do Freixo no Rio de Janeiro parece ter subido à cabeça da militância. É
preciso ficar atento e forte, pois, caso Freixo seja eleito, vai administrar um
fogareiro, uma cidade falida, endividada, dominada em áreas extensas pelo narcotráfico e
pelas milícias. Uma cidade extremamente linda, mas fraturada em desigualdades
escancaradas. Freixo foi um candidato de parte da classe média, universitária,
de zona sul. O discurso político do Freixo é um frescor aos ouvidos dos seus
eleitores, mas o importante, no segundo turno, serão suas propostas para os
problemas da cidade. Os ouvidos dos cidadãos que morrem nas filas dos
hospitais, dos jovens e pais que têm filhos em escolas ruins, dos cariocas que
enfrentam transportes coletivos péssimos, dos favelados e moradores nos
subúrbios – esse universo não deseja ouvir jargões, clichês e palavras de ordem. Querem ver soluções.
Outro
fenômeno aguardado foi o “não voto”, ou seja, a soma das abstenções, nulos e em
branco. O desalento da população com a política parece ser evidente – e tende a
aumentar. Eu creio que o número de não votos deverá aumentar no segundo turno,
mormente no Rio de Janeiro. Cerca de 30% dos brasileiros recusaram-se a votar.
Enfim, as
eleições mostraram duas coisas: a) o enorme desalento da população, descrente
da política e dos políticos; b) a derrocada da esquerda pré-histórica,
principalmente do PT. São duas questões essenciais. Ambas merecem ser debatidas
intensamente no Brasil, mas, para nossa desgraça, os principais envolvidos – os
políticos e os dirigentes e militantes dos partidos da esquerda pré-histórica –
não demonstram nenhum interesse em levar a discussão adiante.
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