sábado, 17 de junho de 2017

A palavra de um canalha


Ainda não li, mas vou ler a entrevista de Joesley Batista à Época. Quero dizer, de início, que considero os irmãos Batista dois refinados canalhas, que estão se aproveitando dos holofotes que Dr. Janot lançou sobre eles para faturar bilhões e jogar lama no ventilador. Época pertence ao conglomerado Globo, que vem se dedicando, nas últimas semanas, à missão de levar Temer à renúncia, mesmo que isso venha a contribuir para o completo atolamento do Brasil.

A política brasileira tornou-se, hoje, um caldo grosso de patifarias, vilanias, mentiras, deduragem e delinquência. Um canalha diz uma coisa, mesmo que absurda, e cabe ao acusado provar que o que foi dito a seu respeito não é verdade. Joesley e Wesley Batista vão ao pináculo da canalhice cúmplice, pois confessam crimes e são anistiados, reconhecem que corromperam e são tratados como dignos patriotas, cospem no rosto da nação e são tratados como vítimas. Os viventes e as gerações futuras estão diante de uma farsa estúpida, de um golpe miserável, orquestrado por uma parte da mídia delinquente e irresponsável.

Não votei no Temer, não votaria no Temer – e não sei se as reformas propostas por Temer vão ou não salvar o Brasil ou se elas servem à sociedade brasileira. Já disse aqui: o Velhote do Penedo defende reformas e o que está em jogo é precisamente isto: há interesses claros contra as reformas e, mais ainda, contra a Lavajato. Como ninguém vai assumir papel contrário às reformas e à operação Lavajato, pelo menos de forma clara, tumultua-se a vida política brasileira para ver que bicho vai dar.

Repito: não defendo o Temer – e reconheço seus pecados e insuficiências. Contudo, como leitor de livros policiais, acho no mínimo estranho que a cada semana surja um burburinho envolvendo o presidente – e poucos se perguntem se isto é, no mínimo, estranho ou suspeito. A cada semana, uma acusação. Semana retrasada, a gravação da conversa entre Temer e Wesley; semana passada, a história da ABIN; agora, a entrevista de Joesley. Em “Doze homens e uma sentença” (12 angry men), de Sidney Lumet, o personagem Davis (vivido por Henry Fonda) desconfia dos argumentos da promotoria, que acusava um rapaz de ter assassinado o próprio pai, e diz: “Tudo certo, tudo muito certo e encaixado. Nada é tão certo assim”. O filme é uma obra-prima. Quem não o viu, veja - ou não vai para o céu.

Não vi uma prova concreta do que afirmam os irmãos trombadinhas – e quando ela apareceu, veio na forma de uma gravação truncada, manipulada, inaudível.  Eu soube apenas das falcatruas que permitiram que eles pulassem, em tempo recorde, de pobretões (em Anápolis) a biliardários (em Nova York).

Não sei como gente honesta e inteligente, que o Velhote respeita, aceitou tão passivamente e de pronto o que os Batista falaram. Mesmo que Temer fosse o bandido que os Batista descrevem – eu não aceitaria, por princípio, uma delação do Fernandinho Beira Mar contra o Marcola. E muito menos anistiaria o primeiro por isso.

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