A
cada dia que passa, é patente que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
sofre de certa confusão mental que o leva a dizer uma coisa pela manhã, outra à
tarde, que modifica à noite. Três palpites por dia, uma diferente da outra,
sobre o mesmo assunto. Inegavelmente, FHC é um sujeito equipado
intelectualmente, com grande tarimba política – não só resultado da sua experiência
vivida como do que pôde assimilar, ao longo dos anos, ao conviver com gente da
estirpe política de Tancredo Neves, Franco Montoro, Ulisses Guimarães, por aí.
Bem
verdade que o PSDB parece barata tonta diante dos episódios da política
brasileira – não sabe se é ou não, se fica ou não, se vai ou não, se apoia ou
não. Em minha opinião, cada vez que FHC fala ou escreve o transtorno político
do PSDB se amplia. É um partido-pião – gira, gira, gira e não sai do lugar.
Esta
é a verdadeira desgraça da política brasileira. Temos carência de políticos
capazes de compreender o momento - e, dele, retirar soluções em meio ao
nevoeiro da crise. Um país, mormente um país como o Brasil, não sobrevive em
meio a uma crise política que se alimenta, a cada dia, de palpites, boatos,
oportunismos, informações deliberadamente tortas, intolerância, covardias,
ódios recíprocos. Aparentemente, ninguém está preocupado com os 14 milhões de desempregados,
10 milhões de subempregados, dos jovens que perderam a esperança e investem sua
vida na criminalidade, nos 52% da população sem infraestrutura sanitária, nos
hospitais aos pandarecos, na educação falida. Nada disso parece preocupar
políticos, imprensa, redes sociais. Todos estão interessados em dar exibições explícitas
de ódio sob o disfarce de luta político-ideológica. Estamos afundando em meio a
uma tempestade – e muitos supõem que estamos voando em céu de brigadeiro. A
inconsciência e a alienação são apanágios do brasileiro.
Não
sei se as reformas propostas por Temer são essenciais, mas acredito que sem
reformas (política, judiciária, da previdência, trabalhista, urbana, entre outras)
o Brasil não deslancha. Percebam que não estou defendendo as reformas de Temer –
e, sim, reformas. O Brasil vestiu uma espécie de armadura de ferro – mas ela,
hoje, impede o crescimento. O Brasil não pode viver eternamente como uma
sardinha na lata. Precisa de espaço, de ar, de novas ideias e propostas.
Volto,
para concluir, ao ex-presidente FHC. Penso que ele poderia dar enorme
contribuição ao apaziguamento da crise brasileira, mas a verdade é que me
parece que ele se recusa a fazer isso. Prefere dar entrevistas e escrever
artigos que mais confundem os parvos (entre os quais me incluo). Afinal, de que
lado está FHC? Do lado do agravamento (ou, vá lá, da perenização) da crise ou
da cura da inflamação, que nos impede sair do buraco?
O
Velhote do Penedo não é um esperançoso, mas acredita que os políticos e os
intelectuais deviam ter vergonha na cara – e pensar naquela metade da população
brasileira que está fora dos benefícios da civilização.
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