Tudo
parece estar errado no Brasil. Hoje, 25 de junho de 2017, todos os brasileiros sabem
dessa singela e cruel verdade. Muitos a aprenderam na própria carne; outros, em
exemplos narrados por conhecidos e amigos; a maioria, contudo, percebeu que o
Brasil é não só um país tangido por erros e equívocos – como respira e vive dos
seus erros e equívocos, e agora também de patranhas e desonestidades diversas,
entre as quais a desonestidade intelectual.
Uma
mulher, mãe de uma criança de três anos, matou o sujeito que estuprou sua
filha. Foi condenada a 30 anos – vi a notícia, mas não li uma declaração
pública das organizações e astros que se apresentam como defensores dos
direitos humanos, dos direitos das crianças e dos direitos à vida. Certo, nós
sabemos – embora poucos tenham coragem de verbalizar – que tais organizações,
astros e estrelas e deputados são oportunistas, que agem e falam quando a ação
e o discurso podem atender os seus interesses. Outro dia, a deputada Benedita
da Silva brindou a todos nós com uma frase em que juntou três elementos, que
nem sempre andam juntos: ação política, a Bíblia (que ela disse ser a “minha
Bíblia”) e – pasmem! – “derramamento de sangue” (que ela afirmou ser instrumento
da ação política). Se fosse o Bolsonaro que dissesse tal estupidez, certamente
o senadorzinho Randolfe Rodrigues e os deputados Molon, Valente e Maria do Rosário,
entrariam com requerimento a clamar a cassação do deputado por falta de “decoro
parlamentar” e “incitação à violência”. Bem, eu, de minha parte, entraria com
um pedido de exame psicoteste, pois a frase da Benedita da Silva é prova inequívoca
de que ela sofre de grave crise ou estado de loucura.
Agora,
tomamos conhecimento de que o médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de
prisão por abusar sexualmente de pacientes em sua clínica de reprodução humana,
e Anna Carolina Jatobá Nardoni, condenada a 26 anos e oito meses de prisão por
ter jogado a menina Isabella, com apenas cinco anos de idade, do 6º andar do
apartamento onde passava os fins de semana com a madrasta e o pai, Alexandre
Nardoni, também condenado a 31 anos e um mês de reclusão, estão em vias de
obter progressão ao regime semiaberto. Há quem defenda a inocência dos três,
mas não é esta a discussão. O que se discute é a facilitação de transformar
cadeia fechada em uso de tornozeleira no bem-bom de suas casas. Não esquecer,
também, das facilitações obtidas pelas esposas de Sérgio Cabral e do marqueteiro
do PT, que confessaram os crimes de que são acusadas.
Outro
absurdo ocorreu recentemente: a ampla delação (premiada) dos irmãos Joesley e
Wesley Batista. Ora, é certo que o Procurador-Geral Janot tem a prerrogativa de
negociar e fechar os termos da delação. Mas os prêmios obtidos pelos Batistas
foi um maná, embora os “cujos” tenham feito uma delação infame, que, levada em
conta, dariam a eles uma pena entre 250 e 1200 anos de reclusão. Afinal, os
sujeitos confessaram cerca de 300 crimes, um dos quais envolvendo o presidente
da República e a sinistra informação de que corrompeu mais de mil e oitocentas
pessoas. Os Batistas chegaram a afirmar que os 500 mil pilhados numa mala eram
parte de um contrato de 20 anos (vinte anos!) de pagamento semanal ao presidente
Temer. Bolas! – como diria o meu avô, uma “semanada” de 500 mil chegaria, no
final, a uma soma inacreditável de 520 bilhões! Bolas! – 520 bilhões (quando o que
resta de mandato ao Temer, a partir de hoje, é de apenas, um ano e três meses).
É uma acusação falsa, instrumentalizada e mentirosa, como foi a gravação do
papo entre Joesley e Temer. Acusação e gravação que o Globonews, mediante um jornalismo
delinquente, que não visa a informar corretamente, mas atender interesses
golpistas evidentes.
O
Brasil é um país temerário, desigual, onde o povo é tratado como animal de carga
– e parte da intelectualidade, do jornalismo, dos políticos se sente
reconfortado exercendo papéis de canalhas e de covardes.
Em
tempo: semana passada, intelectuais e jornalistas investiram contra o
prefeito Crivela, do Rio de Janeiro, vetou um aumento de 50% das verbas das
escolas de samba concedido pelo prefeito Eduardo Paes nos estertores da sua
administração. Eu faria o mesmo – já que o prefeito preferiu usar os recursos
em creches de alunos pobres. Muitos artistas também protestaram, mas isso era esperado:
fazem parte daquela firmação de “destaques”, que, a cada ano, faturam ao dar
relevo “à lídima manifestação da cultura carioca”. Certo, mas façam isso de graça!
O Rio recebe no Carnaval mais de um milhão de visitantes que movimentam a economia da cidade, e o espetáculo das escolas de samba tem grande peso nessa festa, daí ser insensato cortar suas verbas.
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