domingo, 25 de junho de 2017

Entre o errado e o certo, o Brasil, em geral, escolhe a primeira opção


Tudo parece estar errado no Brasil. Hoje, 25 de junho de 2017, todos os brasileiros sabem dessa singela e cruel verdade. Muitos a aprenderam na própria carne; outros, em exemplos narrados por conhecidos e amigos; a maioria, contudo, percebeu que o Brasil é não só um país tangido por erros e equívocos – como respira e vive dos seus erros e equívocos, e agora também de patranhas e desonestidades diversas, entre as quais a desonestidade intelectual.

Uma mulher, mãe de uma criança de três anos, matou o sujeito que estuprou sua filha. Foi condenada a 30 anos – vi a notícia, mas não li uma declaração pública das organizações e astros que se apresentam como defensores dos direitos humanos, dos direitos das crianças e dos direitos à vida. Certo, nós sabemos – embora poucos tenham coragem de verbalizar – que tais organizações, astros e estrelas e deputados são oportunistas, que agem e falam quando a ação e o discurso podem atender os seus interesses. Outro dia, a deputada Benedita da Silva brindou a todos nós com uma frase em que juntou três elementos, que nem sempre andam juntos: ação política, a Bíblia (que ela disse ser a “minha Bíblia”) e – pasmem! – “derramamento de sangue” (que ela afirmou ser instrumento da ação política). Se fosse o Bolsonaro que dissesse tal estupidez, certamente o senadorzinho Randolfe Rodrigues e os deputados Molon, Valente e Maria do Rosário, entrariam com requerimento a clamar a cassação do deputado por falta de “decoro parlamentar” e “incitação à violência”. Bem, eu, de minha parte, entraria com um pedido de exame psicoteste, pois a frase da Benedita da Silva é prova inequívoca de que ela sofre de grave crise ou estado de loucura.

Agora, tomamos conhecimento de que o médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por abusar sexualmente de pacientes em sua clínica de reprodução humana, e Anna Carolina Jatobá Nardoni, condenada a 26 anos e oito meses de prisão por ter jogado a menina Isabella, com apenas cinco anos de idade, do 6º andar do apartamento onde passava os fins de semana com a madrasta e o pai, Alexandre Nardoni, também condenado a 31 anos e um mês de reclusão, estão em vias de obter progressão ao regime semiaberto. Há quem defenda a inocência dos três, mas não é esta a discussão. O que se discute é a facilitação de transformar cadeia fechada em uso de tornozeleira no bem-bom de suas casas. Não esquecer, também, das facilitações obtidas pelas esposas de Sérgio Cabral e do marqueteiro do PT, que confessaram os crimes de que são acusadas.

Outro absurdo ocorreu recentemente: a ampla delação (premiada) dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ora, é certo que o Procurador-Geral Janot tem a prerrogativa de negociar e fechar os termos da delação. Mas os prêmios obtidos pelos Batistas foi um maná, embora os “cujos” tenham feito uma delação infame, que, levada em conta, dariam a eles uma pena entre 250 e 1200 anos de reclusão. Afinal, os sujeitos confessaram cerca de 300 crimes, um dos quais envolvendo o presidente da República e a sinistra informação de que corrompeu mais de mil e oitocentas pessoas. Os Batistas chegaram a afirmar que os 500 mil pilhados numa mala eram parte de um contrato de 20 anos (vinte anos!) de pagamento semanal ao presidente Temer. Bolas! – como diria o meu avô, uma “semanada” de 500 mil chegaria, no final, a uma soma inacreditável de 520 bilhões! Bolas! – 520 bilhões (quando o que resta de mandato ao Temer, a partir de hoje, é de apenas, um ano e três meses). É uma acusação falsa, instrumentalizada e mentirosa, como foi a gravação do papo entre Joesley e Temer. Acusação e gravação que o Globonews, mediante um jornalismo delinquente, que não visa a informar corretamente, mas atender interesses golpistas evidentes.

O Brasil é um país temerário, desigual, onde o povo é tratado como animal de carga – e parte da intelectualidade, do jornalismo, dos políticos se sente reconfortado exercendo papéis de canalhas e de covardes.

Em tempo: semana passada, intelectuais e jornalistas investiram contra o prefeito Crivela, do Rio de Janeiro, vetou um aumento de 50% das verbas das escolas de samba concedido pelo prefeito Eduardo Paes nos estertores da sua administração. Eu faria o mesmo – já que o prefeito preferiu usar os recursos em creches de alunos pobres. Muitos artistas também protestaram, mas isso era esperado: fazem parte daquela firmação de “destaques”, que, a cada ano, faturam ao dar relevo “à lídima manifestação da cultura carioca”. Certo, mas façam isso de graça!

Um comentário:

  1. O Rio recebe no Carnaval mais de um milhão de visitantes que movimentam a economia da cidade, e o espetáculo das escolas de samba tem grande peso nessa festa, daí ser insensato cortar suas verbas.

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