Não
vou aceitar que o PT – nem ninguém - paute a minha oposição ao governo
Bolsonaro.
É
essencial que as esquerdas reconstruam um consistente projeto, sem as taras que
o PT plantou no cenário político do país. O PT provou nos seus 13 anos de
governo que não é um partido de esquerda, muito menos capacitado a administrar
o país. É um partido retórico, arrogante, incapaz de levar vida democrática e
aceitar que outros pensem de modo diverso. O PT é um partido autoritário. O seu
grande líder, o comissário Lula, está preso devido bandalheiras que patrocinou
e usufruiu. Vai cumprir 12 anos - e alguns outros mais, que a justiça logo
definirá ao julgar seus outros processos.
A
escolha do juiz Moro causou certo reboliço nas hostes petistas – e com razão.
Moro, na ministério da Justiça, aprofundará a luta contra a corrupção e irá
fundo na luta contra o crime organizado. Isto é intolerável para o PT e
asseclas, que desejam viver num mundo de impunidades. Esta é a origem da ânsia
petista pela soltura do Lula. Impunidade: seu nome é Lula livre.
Vi
o ex-deputado José Eduardo Cardoso, aquele pífio e medíocre advogado da ex-presidente
Dilma, dizer que a ida de Moro para um cargo executivo é inédita e depõe contra
a justiça. Muitos petistas repetiram a bobagem, o que demonstra um
desconhecimento compacto e generalizado da história brasileira. Nelson Jobim
foi ministro do STF e, depois, ministro da Defesa. Célio Borja foi do STF e, em
seguida, ministro da Justiça. No Império, Eusébio de Queiróz foi juiz e,
depois, ministro da Justiça, autor da lei que reprimia o tráfico de escravos. O
exemplo mais emblemático foi o de José Francisco Rezek, que pediu exoneração em
1990 (tinha sido nomeado em 1989) do cargo de ministro do STF e foi ser
ministro das Relações Exteriores, onde permaneceu até 1992. Muitos ministros se
transformaram em juízes, inclusive da suprema corte. Mudanças de lado a lado é
comum no Brasil.
Até
agora, confesso docemente constrangido, os nomes indicados por Bolsonaro me
agradaram. E tem mais: queiramos ou não, Bolsonaro foi eleito e pode escolher
quem ele quiser para compor o seu ministro.
Sou
favorável à fusão dos ministérios da Educação e Cultura. Não há constrangimento
alguma nessa providência: leiam os livros “Tempos de Capanema” (Simon Schwartzman,
e outros, Paz e Terra) e “Gustavo Capanema” (Murilo Badaró, Nova Fronteira). Gustavo
Capanema foi um dos grandes ministros da Educação e da Cultura. Seu chefe de
gabinete era Carlos Drummond de Andrade. Criou o Serviço Nacional do Teatro e o
Instituto Nacional do Livro, entre muitos outros órgãos ligados às duas áreas. Digo
isto porque desejo reafirmar que não há incompatibilidade entre educação e
cultura, que podem formar um único ministério.
Não
votei no Bolsonaro e nem no Haddad. Aliás, nem fui lá: fiquei em casa lendo “A
ilha de Sacalina: notas de viagem” (Anton Tchékhon, Todavia). Mas eu sabia que
Bolsonaro seria eleito. Não perdi, nem vou perder o sono por isso. Nem acho que
a democracia corre perigo.
Por
fim, oposição não é baderna nem besteirol, muito menos essa tolice a que chamam
de “resistência”. É preciso que ela tenha conteúdo e objetivos consistentes,
sendo um deles, sem dúvida, a montagem de um projeto de esquerda,
pluripartidário, democrático, que permita a convivência dos contrários e a liberte
das taras e da corrupção. Concluo: não vou ser pautado pelo PT e muito menos
por gente como a Gleisi, o Lindenberg, Boulos et caterva.
Meu
único consultor é o Velhote do Penedo. Mesmo assim, ele às vezes me enche o
saco.
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