A investida reacionária
O mais importante
estrategista da ditadura militar brasileira chamava-se Golberi do Couto e
Silva. É dele, por exemplo, a
teoria do “sístole e diástole”, com a qual pretendia explicar as tendências
históricas dos regimes políticos latino-americano.
Golberi imaginou tal
teoria tendo por base os movimentos do órgão cardíaco: sístole (estado de contração de fibras musculares do coração); diástole (movimento de dilatação do
coração, após fase de contração). Segundo Golberi, as sociedades do continente
se “fecham” (sístole) e se “abrem” (diástole) em períodos mais ou menos
definidos. Creio que ele falou em períodos de 20 a 30 anos. Era a maneira
golberiana de tratar, por assim dizer, da luta de classes.
Em termos políticos, a
aplicação da teoria golberiana seriam, no extremo, a ditadura e a democracia.
Assim, os países latino-americanos alternariam períodos de ditadura e períodos democráticos,
como a que vivemos no Brasil.
Hoje, na América Latina
respira-se democracia (embora imperfeita), mas ela, em vários países estão
sofrendo investidas mais ou menos violentas das forças reacionárias. São os
casos da Argentina e da Venezuela, onde as elites, descontentes com as ainda limitadas
concessões dadas ao povo pelos governos de Cristina e de Chavez, estão
manipulando as classes médias locais, de modo a:
1) demonstrar que
argentinos e venezuelanos estão descontentes;
2) justificar, a médio
prazo, uma eventual solução golpista para os problemas. Nós, brasileiros,
vivemos situação similar em 1964.
No Brasil, o governo
popular liderado pelo PT faz constantes afagos e distribui benesses, no atacado
e no varejo, às elites bancárias, industriais e do agronegócio. Agora mesmo, o
megaempresário Elke Batista recebeu, segundo o Correio Braziliense
(20/abril/2013), a bagatela de R$ 935 milhões do BMDES, que usará na construção
do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). Detalhe: Elke já recebeu do governo petista
R$ 10 bilhões. Ano passado, o presidente do Bradesco afirmou, em entrevista ao
Estado de S. Paulo, que nada foi melhor para o desempenho dos bancos que o governo
Lula. Políticos reacionários (alguns acusados de práticas pouco recomendáveis) ocupam
cargos importantes no governo da “tia” Dilma. Tais concessões, feitas em nome
de uma suposta governabilidade, impede, no fundo e no médio e longo prazos, o avanço
das conquistas populares e atrasam o efetivo processo de desenvolvimento soberano
e sustentável brasileiro.
Nem de longe podemos comparar
os governos de Chavez com os governos do PT. A Venezuela vem crescendo a 5% a
6% ao anos; os dois anos de governo de “tia” Dilma foram pífios nesse quesito:
2,7%, em 2011, e 0,9%, em 2012. Chavez reduziu o analfabetismo do país a algo
em torno de 1,5% da população; no Brasil, a situação da educação é um
verdadeiro horror.
O importante é o
seguinte: os países democráticos e populares da América Latina estão sendo
vítimas de uma poderosa investida política dos setores reacionários e conservadores.
Os meios de comunicação, no Brasil, com seu noticiário tendencioso, ajudam a
propagar a necessidade de soluções, digamos, pouco ortodoxas para esses países.
Pensem nisso.
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