O senador Cristovam Buarque
disse uma frase que o Velhote do Penedo gostaria de ter dito, mas com um
acréscimo: “Não fui eu que mudei”, disse ele, “foi a esquerda que envelheceu”.
O Velhote acrescentaria: “foi a esquerda que envelheceu - e envileceu”.
Duas coisas eu sempre
escrevi aqui no meu quadro-negro:
1 - ainda acredito no ideal
socialista, mas um socialismo que reúna liberdade, pluripartidarismo, políticas
sociais sólidas, honestidade e ética. Sim, honestidade e ética – porque o
Velhote não considera a corrupção um problema meramente moral, mas, sim, um
fato social, no conceito durkheimiano da expressão.
2 – Notei que o pior feito
dos governos petistas, além dos buracos econômicos que cavaram, foi a
desmoralização da esquerda. Hoje, graças ao PT, a sociedade brasileira (ouvi
isto de gente de classe média e das chamadas classes subalternas) supõe que
qualquer governo de esquerda é, por sua própria natureza, incompetente,
inconsequente e corrupto. Certo, o PT não é propriamente um partido de
esquerda, embora o seu discurso pareça. Como dizia Brizola, o PT é uma espécie
de galinha que cacareja para a esquerda, mas põe ovos para a direita.
De qualquer forma, creio que
temos duas tarefas pela frente: a primeira, é repensar a esquerda,
transformá-la, trazê-la para a nossa época. Temos esquecer as palavras de ordem
dos anos 1950 e 1960, os jargões próprios da guerra fria, nos integrarmos ao
mercado mundial (soberanamente), elaborar um projeto educacional de longo
prazo, do primário à universidade, que não sofra interrupções, mas seja
constantemente ajustada às transformações da ciência, da técnica e da inovação.
A segunda providência é mais
imediata. Temos uma situação gravíssima a enfrentar:
·
Déficit primário: R$ 170,5 bilhões.
·
Queda de 46% dos investimentos do BNDES.
·
Dívida de R$ 450 bilhões da Petrobrás, que ainda
apresenta um prejuízo de R$ 56,5 bilhões.
·
Queda de 25% na soma de exportações e importações
desde 2013.
·
Inflação de 9,3%.
·
Déficit previdenciário de R$ 136 bilhões.
·
Déficit de R$ 600 bilhões das contas públicas após
o pagamento de juros.
·
12 milhões de desempregados.
·
25 mil leitos hospitalares desativados em 3 anos.
O que fazer? Vi, hoje, na
televisão, centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e professores
repetindo a lenga-lenga do golpe e exigindo a saída do Temer.
Também não gosto do Temer,
também não gosto do seu ministério, não gosto de muita coisa, mas quem cavou
todos os problemas acima citados foi o governo Dilma. Estamos nesse buraco
porque Dilma é incompetente.
12 milhões de desempregados
é um número que beira o holocausto. Nos anos finais da ditadura, o Velhote do
Penedo ficou três anos desempregado, por que o SNI sempre me vetava. Inclusive
em empresas privadas. Sei o que é ser desempregado.
Hoje me ocorreu uma pergunta
maliciosa: do que vivem Boulos e Stédile? O primeiro é líder dos sem teto; o
segundo dos sem terras, mas ambos viajam daqui para lá, vestem-se bem e são
gordos – o que indica que não passam fome.
***
Em tempo (1): Acho que o
Temer amarelou ao recriar o Ministério da Cultura. Eu não recriaria. Jamais vi
os artistas que tanto protestaram fazer crítica a uma política econômica
desastrada que causou todos os danos acima citados. Eles querem é mamar nas
tetas do Estado.
Recriar o Minc, para mim, foi sinal de fraqueza. Se ele não tiver pulso forte vai ser pior que a Dilma. Sei não.
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