domingo, 22 de maio de 2016

A esquerda envelheceu - e envileceu

Tarefas da esquerda


O senador Cristovam Buarque disse uma frase que o Velhote do Penedo gostaria de ter dito, mas com um acréscimo: “Não fui eu que mudei”, disse ele, “foi a esquerda que envelheceu”. O Velhote acrescentaria: “foi a esquerda que envelheceu - e envileceu”.

Duas coisas eu sempre escrevi aqui no meu quadro-negro:

1 - ainda acredito no ideal socialista, mas um socialismo que reúna liberdade, pluripartidarismo, políticas sociais sólidas, honestidade e ética. Sim, honestidade e ética – porque o Velhote não considera a corrupção um problema meramente moral, mas, sim, um fato social, no conceito durkheimiano da expressão.

2 – Notei que o pior feito dos governos petistas, além dos buracos econômicos que cavaram, foi a desmoralização da esquerda. Hoje, graças ao PT, a sociedade brasileira (ouvi isto de gente de classe média e das chamadas classes subalternas) supõe que qualquer governo de esquerda é, por sua própria natureza, incompetente, inconsequente e corrupto. Certo, o PT não é propriamente um partido de esquerda, embora o seu discurso pareça. Como dizia Brizola, o PT é uma espécie de galinha que cacareja para a esquerda, mas põe ovos para a direita.

De qualquer forma, creio que temos duas tarefas pela frente: a primeira, é repensar a esquerda, transformá-la, trazê-la para a nossa época. Temos esquecer as palavras de ordem dos anos 1950 e 1960, os jargões próprios da guerra fria, nos integrarmos ao mercado mundial (soberanamente), elaborar um projeto educacional de longo prazo, do primário à universidade, que não sofra interrupções, mas seja constantemente ajustada às transformações da ciência, da técnica e da inovação.

A segunda providência é mais imediata. Temos uma situação gravíssima a enfrentar:

·         Déficit primário: R$ 170,5 bilhões.

·         Queda de 46% dos investimentos do BNDES.

·         Dívida de R$ 450 bilhões da Petrobrás, que ainda apresenta um prejuízo de R$ 56,5 bilhões.

·         Queda de 25% na soma de exportações e importações desde 2013.

·         Inflação de 9,3%.

·         Déficit previdenciário de R$ 136 bilhões.

·         Déficit de R$ 600 bilhões das contas públicas após o pagamento de juros.

·         12 milhões de desempregados.

·         25 mil leitos hospitalares desativados em 3 anos.

O que fazer? Vi, hoje, na televisão, centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e professores repetindo a lenga-lenga do golpe e exigindo a saída do Temer.

Também não gosto do Temer, também não gosto do seu ministério, não gosto de muita coisa, mas quem cavou todos os problemas acima citados foi o governo Dilma. Estamos nesse buraco porque Dilma é incompetente.

12 milhões de desempregados é um número que beira o holocausto. Nos anos finais da ditadura, o Velhote do Penedo ficou três anos desempregado, por que o SNI sempre me vetava. Inclusive em empresas privadas. Sei o que é ser desempregado.

Hoje me ocorreu uma pergunta maliciosa: do que vivem Boulos e Stédile? O primeiro é líder dos sem teto; o segundo dos sem terras, mas ambos viajam daqui para lá, vestem-se bem e são gordos – o que indica que não passam fome.

***

Em tempo (1): Acho que o Temer amarelou ao recriar o Ministério da Cultura. Eu não recriaria. Jamais vi os artistas que tanto protestaram fazer crítica a uma política econômica desastrada que causou todos os danos acima citados. Eles querem é mamar nas tetas do Estado.

Um comentário:

  1. Recriar o Minc, para mim, foi sinal de fraqueza. Se ele não tiver pulso forte vai ser pior que a Dilma. Sei não.

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