Amanhã, tudo
indica, Dilma será definitivamente afastada da Presidência da República.
Meus amigos
do Facebook bem sabem que durante meses me posicionei contrário ao impeachment,
defendendo a ideia de que Dilma deveria convocar as forças políticas do país e
buscar um pacto político que ajudasse o país a sair do buraco em que se
encontrava – e se encontra. Conversei sobre o assunto com o senador Cristovam –
e ele me disse que com outros senadores estivera com Dilma, onde propôs
exatamente o que sugeria o Velhote do Penedo. Dilma mostrou-se impenetrável,
tal como se mostrou impenetrável ontem no Senado, culpando a tudo e a todos pela
crise, que ela – claro – sabia como superar. No fundo, Dilma sofre de um grave
distúrbio, que a mim me parece incurável.
Quando se
instalou o processo de impeachment, vimos, com clareza, que Dilma se sentia acima
da lei, da Constituição e dos homens. Ela estava certa de que iria driblar os
deputados, senadores, opinião pública, confiando em sua “percepção”, na ação do
Lula (caçado pela Lava-Jato) e na mobilização dos trânsfugas MST e MTST e dos
estudantes vadios. Não, não estou ofendendo a estudantada, mas gostaria que
eles estudassem mais, lessem mais, refletissem mais sobre o Brasil e sobre o
mundo. Infelizmente, as lideranças estudantis pensam e falam à base de clichês
e de ideias do século passado – primeira metade. Uma pena: o Brasil carece de
lideranças políticas.
Não tenho
ilusões sobre o Temer, e não só por razões políticas ou ideológicas. A herança
dilmista é de tal ordem, que a sua arrumação exigirá um esforço gigantesco,
medidas impopulares e alguma dose de sofrimento. A saída da crise não se fará
por atos milagrosos. Estou conformado: não tenho idade nem ânimo para sair às
ruas e protestar contra o que vem aí.
Sempre digo:
quem escolheu Temer como vice foi a Dilma, o Lula e o PT. Não fomos nós. Se
Dilma tivesse sofrido um infarto fulminante, Temer seria o presidente. Se o
impeachment foi forçado ou não, pouco interessa. Não houve golpe, não só porque
os requisitos foram cumpridos, como – principalmente – Dilma cometeu crimes de
responsabilidade. O resto é blá-blá-blá.
Dilma, Lula e
PT escolheram Temer para ter maioria no Congresso. Chegou a ter, mas a imperícia
de Dilma jogou tudo por terra. Custava Dilma ouvir mais o Temer, afagá-lo,
dar-lhe tarefas no governo?
As eleições
deste ano mostrarão o estrago sofrido pelo PT, que provou não ser um partido
preparado para governar o Brasil. O PT vive da repetição de estatísticas
fajutas, como a que retirou 150 milhões de brasileiros da miséria absoluta. Não
tirou – nem o Brasil tinha tantos miseráveis absolutos. Mas eles vão repetir
isto à exaustão.
Bem, amanhã
Dilma não mais será a presidente. Terá seus direitos políticos suspensos por
oito anos. Tomara que aproveite o tempo para ler, estudar, curtir a família,
ouvir música e, se possível, arranjar um namorado, que a compreenda e seja
gentil e amoroso. São os meus sinceros votos.