terça-feira, 28 de junho de 2016

Antissemitismo é crime

O cidadão Thomas de Toledo, professor de Relações Internacionais da UNIP (Universidade Paulista) e secretário geral do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz), divulgou pelo portal Vermelho, do PCdoB, um artigo que reúne grosseria intelectual, antissemitismo e atraso ideológico. Cabe lembrar que antissemitismo, em todas as suas formas, é crime. Crime inafiançável e imprescritível.

O conteúdo do citado artigo e o fato de ter sido ele divulgado no Vermelho, logo com a chancela do PCdoB, merecem algumas considerações.

O PCdoB surgiu, a rigor, como uma dissidência do velho partidão (PCB) criado em 1922. Tal dissidência se deu no bojo de uma crise do movimento comunista internacional, crise esta desencadeada a partir das denúncias dos crimes de Stalin, feitas por Nikita Krushov durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956. A dissidência era liderada por figuras como João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar. O PCdoB foi criado em 1962. Assim, o Brasil passou a conviver com dois partidos comunistas: o Partido Comunista Brasileiro, vulgarmente conhecido como Partidão, e o PCdoB.

O PCdoB teve uma trajetória particular, pois seguiu, ao longo do tempo, diversas linhas políticas. Opondo-se à União Soviética, às voltas com o chamado processo de desestalinização, o PCdoB, de início, declarou-se seguidor do legado de Stalin, a quem chamava de “Guia Genial dos Povos”. Nos anos 1960, o partido adota a chamada linha maoísta, alinhando-se com o Partido Comunista Chinês. Em 1978, o PCdoB rompe com o PC da China e se une ao Partido Albanês do Trabalho (comunista), na época liderado por Enver Hoxha. O Partido Albanês do Trabalho era descrito nos documentos do PCdoB como o “Farol da Humanidade”. A idiotice sempre foi o apanágio do PCdoB.

Não lembro quem disse que ser stalinista é como ser Flamengo: “uma vez stalinista sempre stalinista”. Hoje, o PCdoB se afirma como um partido democrático, defensor do estado democrático de direito, o que é um contrassenso, pois a lógica do partido segue sendo stalinista: centralismo, intransigência intelectual e reducionismo político e ideológico.

O artigo de Thomas de Toledo, tão marcadamente antissemita, evidencia outra herança do stalinismo, cujo histórico está disponível em inúmeros livros que tratam da época. Destaco uma das faces mais abjetas do antissemitismo de Stalin. Quando a Alemanha nazista e a URSS assinaram o chamado pacto Molotov-Ribbentrop, de agosto de 1939, e o Tratado de Amizade entre Alemanha e URSS, de novembro do mesmo ano, as duas mais cruéis máquinas repressivas, a NKVD (russa) e a RSHA (alemã), começaram a trocar informações e, em breve, prisioneiros. Foi nessa época que Stalin entregou a Hitler inúmeros judeus, que faziam parte de uma lista de 5524 nomes de antifascistas alemães e austríacos que viviam (tinham pedido exílio) na URSS.

O antissemitismo foi, na era stalinista, uma política periodicamente utilizada como forma de expurgar os antisstalinistas e os opositores das políticas oficiais da URSS. Os expurgos não aliviaram ninguém, nem mesmo os velhos quadros políticos do bolchevismo. Vários revolucionários da velha guarda, como Trotski, Zinoviev, Kamenev, judeus de origem, foram presos, condenados e executados, quando não liminarmente sumidos ou assassinados, sob os mais diversos pretextos. Stalin não admitia oposição.

O lastro antissemita, portanto, está nas origens do PCdoB, razão pela qual o artigo de Thomas de Toledo foi postado no Vermelho. Um trecho: “Poucos se atentaram ao fato de que Israel passou a controlar três setores-chave do governo golpista: Defesa (Raul Jungmann), Inteligência (Sérgio Etchegoyen) e Banco Central (Ilan Goldfajn)”.

Escrevi este artigo por dois motivos: primeiro, pelo assunto em si, pois o antissemitismo me provoca náuseas; segundo, por que não vi um repúdio público ao artigo de Thomas de Toledo. Claro, houve protestos individuais, como o do editor Ari Roitman e Carlos Minc, ambos judeus, mas onde estão os artistas, intelectuais, professores universitários e líderes dos movimentos sociais? Gostaria de entender o silêncio de todos aqueles que protestaram contra a incorporação da Cultura ao Ministério da Educação, que falam em golpismo, que vertem lágrimas quando se trata da prisão de um larápio que tungou dinheiro de servidores e aposentados.

Por fim, me ocorre uma pergunta: e se fosse o Bolsonaro o autor do artigo publicado no Vermelho?  

domingo, 26 de junho de 2016

Mais uma vez, o crime de Paulo Bernardo


A multiplicação dos salários

Volto a falar do roubo do dinheiro de servidores e aposentados, realizado sob a liderança de um figurão do PT, ex-ministro Paulo Bernardo. Ao defender o maridão, a senadora Gleisi Hoffman afirmou que conhecia o marido, como a dizer que ele seria incapaz de fazer o que fez. Hoje, o Brasil todo conhece bem o espertalhão Paulo Bernardo - e sabe do que ele foi capaz de fazer.

Envolvido na maracutaia, outro figurão do PT, Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência e da Aviação Civil, merece ser referido. Os policiais federais que participaram da busca e apreensão na casa de Gabas ficaram impressionados com o que encontraram. Além das duas motos Harley-Davidson apreendidas, o indigitado ainda possuía uma coleção de canetas-tinteiro Montblanc e de relógios Rolex. Afora, claro, peças de alto valor, quadros e carros. Tudo, como disse um petista alucinado aqui mesmo no Facebook, adquirido com os proventos profissionais do investigado. Pois sim.

(Não sei se o petista alucinado a quem me referi acima é rico ou trabalhador assalariado. Se for assalariado, dou um conselho: tente viver como Gabas utilizando apenas os seus proventos. Se conseguir nos explique como conseguiu. Ficaremos eternamente agradecidos).

O Velhote do Penedo que usa canetas Bic e vê as horas num glorioso Technos, considera o crime de Paulo Bernardo (e asseclas) passível de pena de prisão perpétua, acrescida de trabalhos forçados (sanções que não existem nos nossos códigos, mas deveriam existir). E não me venham falar em direitos humanos, pois esses caretas roubaram servidores públicos e aposentados endividados - logo cometeram um crime hediondo, um crime que agrediu milhões de pessoas, milhões de direitos humanos.

*****

Em tempo (1): quando o professor de filosofia Renato Janine Ribeiro foi escolhido para o ministério da Educação, o Velhote observou que ele não ficaria nem um mês no posto, pois estava esquentando o banco para o Mercadante. Dito e feito. Semana passada, o citado professor acrescentou outra nódoa na sua biografia: foi usado como testemunha de defesa da Dilma na Comissão do Impeachment. Vi um pedaço e desisti: Renato Janine Ribeiro mostrou-se mal informado, inclusive porque não decorou direito o script que lhe foi passado pelo José Eduardo Cardozo. Um vexame. Uma tristeza. Mas como disse Quincas Berro D’água: “Cada um cuide do seu enterro, impossível não há!”

Em tempo (2): o Velhote está preparando um artigo sobre o texto antissemita, vergonhosamente antissemita, escrito por um sujeito chamado Thomas de Toledo e publicado no portal Vermelho, do PCdoB. Até isso temos de aguentar, meus amigos.

Em tempo (3): carros do VLT foram criminosamente pichados no Rio de Janeiro. A informação que se tem é que foram professores em greve. Mesmo que não tenham sido, trata-se de uma absurda demonstração de incivilidade.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Temos como sair da desgraça que o PT nos impôs


Sou despertado pela notícia de que o maridão da senadora Gleisi Hoffman, o ex-ministro Paulo Bernardo, foi encanado, envolvido que está num propinoduto de mais de 100 milhões. Bem verdade que houve outras e importantes prisões, mas o ponta de lança da operação, sem dúvida, foi o Paulo Bernardo.

Hoje, parece claro que o projeto de poder do PT envolvia uma malha de canais, que, com certeza, atingia todos os ministérios, seus principais programas e obras, e as estatais de maior peso. Há quem diga que o esquema de propinas da Eletrobrás é tão ou maior que o da Petrobrás. Não sei, mas não duvido. Como não duvido que as caixas-pretas do BNDES e dos Fundos de Pensão, quando abertas, irão povoar o mundo político brasileiro de fantasmas e zumbis com os bolsos cheios de reais, dólares e euros. Um horror necessário.

O esquema montado por Paulo Bernardo era singelo: o servidor público (aposentado ou não) buscava socorro financeiro nos empréstimos consignados. Comprometia-se a pagar o empréstimo, digamos, em cinco anos, ou seja, 60 meses. De cada mensalidade, era transferido R$ 1,00 (um real) para a sacola do roubo, dos quais 30% (trinta centavos) iam para a operadora e 70% (setenta centavos) eram distribuídos entre os corruptos e o PT. A teia distribuía-se pelo serviço público, de norte a sul, de leste a oeste. Este pingado (pingos de ouro!) atingiu valor superior a 100 milhões. Reconheço: era um golpe de mestre, sutil, minucioso, constante, sem estardalhaço, tinha tudo para ser considerado um crime perfeito, inimaginável pelos grandes autores de policiais.

Bem. Preso, tendo que fazer suas necessidades numa espécie de bueiro, Paulo Bernardo terá muito tempo para refletir: “onde eu errei?” Explico: um sujeito como Paulo Bernardo não se questionará jamais sobre o roubo que liderou – mas sobre o erro que cometeu que possibilitou a polícia bater à sua porta.

Creio que, aos trancos e barrancos, o Brasil está mudando. Suas vísceras estão expostas.

Um dia, faremos o recaldo dessa fase: saberemos o que ganhamos e perdemos. Por enquanto, tenho, hoje, o imenso prazer de, como diria Herivelto Martins, “assistir de camarote” o fracasso de uns, a derrota de outros e a vitória de alguns. Muitos países já viveram situações semelhantes ou piores. Temos como sair da desgraça que o PT nos impôs.

sábado, 4 de junho de 2016

Somos uma sociedade enferma


Sem futuro

O episódio da morte de uma criança de 10 anos num tiroteio com a polícia, o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, o estupro de um menino de seis anos por dois adolescentes num condomínio de luxo, os constantes linchamentos, a corrupção danosa na Petrobrás, realizada por uma quadrilha orquestrada, o cinismo de tantos governantes e ex-governantes, de políticos, e muitos outros pavorosos acontecimentos mostram, com clareza, que a sociedade brasileira está irremediavelmente enferma.

O menino de 10 anos tinha um companheiro de luta: outro menino, este de onze anos, que sequer pode ser levado para um Núcleo de Custódia. Os dois meninos assaltaram uma mulher, fugiram no seu carro, dispararam pelo menos três tiros contra a polícia. Os dois meninos já tinham assaltado antes – e como eram crianças foram, na época, entregues às mães. A mãe do menino de dez anos (que morreu) já cumpriu pena, inclusive por tráfico – e o pai está preso no momento. As duas crianças, portanto, estavam na rua, ao deus-dará, sem famílias, sem escolas, sem qualquer tipo de assistência. O estupro coletivo da menina de 16 anos pôs em evidência uma estatística horrorosa: a cada onze minutos uma pessoa é estuprada no Brasil. O estupro do menino de seis anos num condomínio de ricos está correndo em sigilo. A corrupção na Petrobrás nos escandaliza diariamente, pois a cada dia uma nova delação acrescenta mais fatos à dilapidação da companhia, que, um dia, foi símbolo da capacidade brasileira. Um horror tudo isso.

Conto um episódio. Há alguns anos, estive em Aracaju a convite do meu saudoso amigo Marcelo Deda, na época prefeito da capital sergipana. Hospedei-me num hotel na Praia de Atalaia. Após me instalar, sai a pé para almoçar num restaurante próximo. No caminho, fui abordado por duas meninas, que me ofereceram os seus “préstimos”, não sei se me entendem. Fiquei chocado. Conversei, à noite, com Deda a respeito – e ele me fez um longo e sofrido relato sobre a prostituição infantil na cidade. Claro, o fenômeno não é exclusivo de Aracaju, muito menos das capitais do Nordeste: a prostituição infantil está presente em todo o país - nas capitais, no interior, nas estradas. O que fazer? O Brasil não sabe lidar com os seus problemas.

O drama social brasileiro é extenso e profundo. Somos um povo de analfabetos, um povo inculto, ignorante, um povo deformado por uma evolução histórica que tratou o povão como uma lenha, como um carvão, enfim, que precisava ser queimado na produção da riqueza dos 10% mais ricos. Somos um povo miseravelmente explorado, roubado, estuprado por uma elite irresponsável e insensível. Quando vejo os que se dizem de esquerda (uma esquerda atrasada, envelhecida) lutar pelo Ministério da Cultura, como se o desenvolvimento da cultura dependesse de um prédio na Esplanada dos Ministérios, sinto uma depressão, um tédio miserável. Defender os governos do PT é estar ao lado da corrupção, da gatunagem, da incompetência – e, pior, indiferente aos 12 milhões de desempregados, à inflação, ao buraco de 170 bilhões, à miséria. Ao dizer isto, não estou defendendo nenhum outro partido, nenhuma outra força política. A meu ver, em matéria política, estamos num beco sem saída.

O PT ficou treze anos no poder. Tinha tudo para iniciar um processo de revitalização da sociedade brasileira, criar as bases de uma sociedade mais justa, mais igualitária e decente. Não. O PT – ou, pelo menos, sua liderança – aliou-se a empreiteiras, bancos, garantindo a estes lucros extraordinários, como disse o próprio Lula. Mas tal aliança teve um preço: os bilhões que foram transferidos ao partido e, deste, aos bolsos e contas no exterior das lideranças. Ao povão garantiram Bolsa Família, que já existia com outro nome, o programa Minha Casa, Minha Vida, conjunto de edificações de péssima qualidade e sem rede de esgoto. Migalhas se comparadas aos lucros dos bancos e empreiteiras. E há quem veja nisso ações de um partido de esquerda.

Esta semana, Dilma afirmou que o governo Temer é “um governo de velhos, brancos e ricos”, numa clara referência preconceituosa aos chamados idosos. Se eu dissesse aqui que Lula é mameluco, os petistas iriam me crucificar; quando Dilma afirma que o governo Temer é ruim porque tem “velho”, os falsos esquerdistas acham uma graça enorme, pois se recusam a perceber que ao dizer que o que disse, Dilma usa o termo “velho” como uma referência negativa, logo preconceituosa. E pensar que a Dilma tem 70 anos.

Estou convicto, enfim, de que o Brasil como civilização não tem futuro. As forças que lutam e agem para manter o Brasil no estágio que está são muito fortes, quase invencíveis. Um Brasil atrasado é terreno favorável à proliferação de ervas daninhas, como o PT. E não só o PT.

Somos uma sociedade enferma. Muitos a querem assim, pois lucram com essa enfermidade.

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Em tempo (1): Volto a perguntar: de que vivem Boulos e Stédile? Trabalham? Ganham quanto? De quem?

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Quem paga o Boulos e o Stédile?


Vi, outro dia, um sujeito, pinta de professor, dizer que as manifestações diárias que ocorrem no Brasil são o Comício da Central dos tempos atuais. Não sei o nome do sujeito, nem onde mora, mas eu gostaria de mandar para ele um ou dois livros de história: o Comício da Central ocorreu no dia 13 de março de 1964. Dezenove dias depois, os milicos botaram os tanques na rua. Não sei se o tal sujeito tem a dimensão da besteira que falou.

Não sou contra as manifestações, mas tenho convicção de que as coisas estão saindo do controle. Em alguns estados, as escolas ou estão ocupadas (sem aulas) ou estão sem aulas devido a greves de professores ou alunos, ou ambos. Ontem, os Sem Teto de São Paulo invadiram o escritório da Presidência da República, o mesmo que durante anos foi chefiada por uma amiga muito particular do Lula - amiga que hoje responde na justiça por enriquecimento ilícito. Por que os Sem Teto não invadiram naquela época? Ou, pelo menos, não protestaram contra os mal feitos amiga do Lula.

E por falar em Sem Teto, volto a uma pergunta que já fiz aqui: de que vive o Boulos? De que vive o Stédile? Quem os paga? Sabemos que os arregimentados, sejam Sem Teto sejam Sem Terra, recebem cem reais e um sanduíche de mortadela por manifestação que participam. São, no fundo, uns pobres diabos manipulados por lideranças inescrupulosas, logo, por uma quadrilha de corruptos, pois as lideranças dessas manifestações comem bem, dormem bem, vivem bem, bebem bem.

Quando fui molestado por um grupo de manifestantes no Aeroporto de Brasília, episódio que já contei neste espaço, notei que os manifestantes eram muito pobres. Conheço petistas aqui em Brasília que, ao lado de discursos apoteóticos e superados, não saem dos bons restaurantes.

Dilma, a presidente afastada, encontra-se agora no Rio, para onde seguiu num avião da Força Aérea, levando seguranças e assessores, para imprecar contra Temer, condenar o golpe que não houve. Até aí, tudo bem. Direito dela, mas não com o nosso dinheiro, o que é um desvio fundamental. Dilma positivamente não sabe o que faz – e quando faz, faz tolice.

Mas insisto: de que vive o Boulos? E o Stédile? Quem os paga?