terça-feira, 31 de maio de 2016

Amargas reflexões


O descaminho brasileiro

Fazer política no Brasil é ter vocação suicida. Ou ter tendência ao banditismo.

Sabemos que, ao longo do tempo, houve uma deterioração da vida política brasileira, ao ponto de Sarney ser definido como “inatacável” pelo Lula, que foi chamado de “o grande líder da organização criminosa”, segundo as delações que correm por aí. Artistas e intelectuais perdem a vergonha, e passam a defender descaradamente bocas, boquinhas e grandes bocas – e a isto chamam de defesa de democracia e da cultura. Palavras como direita e esquerda não só perderam o sentido, como se mesclaram, produzindo um tipo de posicionamento político que aceita e convive com canalhices variadas. Impeachment de uma presidente incompetente, que nos conduziu a uma crise econômica de difícil solução, ganha o nome de golpe, o que é, antes de tudo, uma leviandade sociológica e gramatical.

Quando uma pobre adolescente é currada por um bando de desajustados e infelizes, muitos se dão conta que a sociedade brasileira está enferma, muito enferma, pois já houve casos iguais, e tão escabrosos, em outros estados brasileiros. Claro, queremos que os delinquentes sejam punidos – e severamente. Mas os crimes, sejam os de colarinho branco, sejam os demais, continuarão a prosperar, pois ninguém, na verdade, se interessa em saber a origem de tudo isso. Somos um povo que adora o lugar comum, nunca a busca inteligente de explicações e saídas. Nenhuma universidade brasileira consta da lista das 200 melhores universidades do mundo. Pensamos pouco. Mas isto pouco nos interessa.

Somos um país que vive de fantasias, que custam caro e penalizam os mais pobres. Todos sabiam que a Copa do Mundo e as Olimpíadas iriam nos custar muito caro, iriam permitir sobrepreços e superfaturamentos e nos tornar donos de imensos “elefantes brancos”. Todos sabiam, mas todos acharam e acham “bacana” sermos anfitriões de jogos que nos custaram (e custam) os olhos da cara. Os milhões de desempregados, os infectados por mosquitos vagabundos, não entraram nas nossas cogitações

Somos todos culpados, sobretudo aqueles que se sentem portadores de verdades históricas irremovíveis, próprias do século XIX. Enquanto alguns ficam gritando contra o suposto “golpe” que apeou do poder um governo apodrecido, 12 milhões de brasileiros estão desempregados, 60 milhões são inadimplentes, milhares estão fora da escola, pois as escolas são ficções educacionais, ruins e superadas, os hospitais públicos assemelham-se a pardieiros. 44% da população do Brasil não lê; 30% nunca comprou na vida um livro sequer; 74% não adquiriu um livro nos últimos três meses. D. Dilma entregou 7,5 mil casas das 61 mil prometidas desde 2009. Enquanto isso, a filha de Luiza Trajano, dona da rede de lojas Magazine Luzia, recebeu meio milhão, via Lei Rouanet, para fazer um livro de receita. Alguma coisa está errada no país do futuro.

Somos um povo que convivemos com a miséria, a estupidez, a ignorância e a violência, achando que temos só direitos, nenhuma obrigação ou dever ou responsabilidade. Herdamos e cultivamos ódios, ressentimentos, ressaibos, lutas sem sentido, preconceitos. Somos um povo generalizadamente desinformado, mas que gostamos de palpitar sobre tudo. Não desejamos qualidade, mas quantidade. Não acreditamos no mérito, mas no jeitinho. Não gostamos de cumprir papéis, mas de ver gente fazendo o que deveríamos estar fazendo. Não amamos virtudes – e, sim, o nepotismo, o fisiologismo e a canalhice.

A maioria do povo brasileiro não vive, mas, como dizia Cláudio Abramo, sobrenada.

Com estas amargas reflexões, encerro por hoje. A vida brasileira é repetitiva, mas como escreveu Dias Gomes numa peça famosa, “naquele tempo, pelo menos éramos campeões do mundo!”

 

 

 

sábado, 28 de maio de 2016

Apodrecimento da vida política brasileira


Vamos nos repensar?

Estou achando ótimo, embora apreensivo, o esquema de delações e gravações que ora torna os nossos dias e noites divertidos. Apreensivo porque deixa claro o nível de apodrecimento da vida política brasileira.

Como não sou de nenhum partido, nem tenho admiração por eles, quero que os políticos corruptos e ordinários se lasquem – e terminem as suas gloriosas carreiras atrás das grades. Se gente do governo Temer estiver envolvida, que seja substituída. Há no Congresso (e na sociedade brasileira) muitos parlamentares (e profissionais) competentes e honestos, que podem perfeitamente ocupar cargos - e auxiliar Temer a atravessar o Rubicão.

O Velhote do Penedo não votou na Dilma (logo, também não votou no Temer: a chapa é indivisível) no 1º e 2º turnos. No primeiro, votei na Luciana Genro; no segundo, exerci um direito que os meus 73 anos me asseguram: não fui votar. Os eleitores da Dilma, portanto, não reclamem: eles, no fundo, são responsáveis pelo Temer, que assumiu, constitucionalmente, no lugar da presidente impedida. Quem votou na Dilma, votou também no Temer – ponto final. Se a Dilma sofresse um infarte fulminante, quem assumiria era o Temer.

As delações e gravações divulgadas mostram uma coisa: um golpe – mas golpe mesmo! - estava em curso, contra Dilma e contra a operação Lava-Jato. Lideranças do PMDB e gente do PT, sobretudo Lula (mas não só ele), bolavam um plano sórdido de “afastar” a Dilma das suas funções, embora ela permanecesse no cargo, imobilizada, com o Lula, na Casa Civil, “tocando” o país em associação com os peemedebistas históricos (Sarney. Renan, Jucá, entre outros). Ao mesmo tempo, a operação Lava-Jato seria esvaziada, livrando a cara do Lula, da própria Dilma e da liderança do PMDB. Em minha opinião, Temer e seus amigos mais próximos estavam à margem da trama, por duas razões principais: 1) a queda da Dilma - via impedimento - o beneficiaria; 2) ele e Renan não se tocam - nunca se tocaram - e o presidente do Senado era um dos líderes do golpe.

O golpe enfrentava uma dificuldade: convencer o Teori (e outros ministros do STF) a se engajar na trampa. A arquitetura do golpe era complexa, mas que estava em curso, estava. Em algum momento, porém, o golpe foi abortado – e agora posto à luz pelas delações e gravações. É bom lembrar que as gravações foram feitas em fevereiro e março, bem antes do impedimento da Dilma e da subida do Temer.

Agora, um equívoco (não vou chamar de golpe porque quem defende essa solução não é golpista) está em curso, embora alguns dos envolvidos não tenham consciência do erro: “as eleições já”. É equívoco porque, constitucionalmente, o governo Temer, que sucedeu a presidente impedida, é legal, queiramos ou não, aceitemos ou não. Essa é a regra do jogo, por mais que não gostemos dele. Temer era o vice, escolhido e votado pelos que votaram em Dilma. Logo, é ele, legitimamente, o sucessor da presidente afastada. Além disso, “eleições já” implicam em reforma constitucional, que exige quorum qualificado de três quintos em dois turnos, afora quebra de cláusulas pétreas. Pedir “eleições já” é jogar gasolina na fogueira política brasileira. Daí eu considerar a proposta um equívoco.

O Velhote já disse aqui: o PT desmoralizou a esquerda – ou a ideia da esquerda no poder. Hoje, queiramos ou não, esquerda está identificada como incompetência e corrupção. Nós, de esquerda, perdemos – e precisamos saber perder com dignidade. O PT nos conduziu ao fosso que estamos. Não devemos nos desforrar via palavrões, cusparadas ou xingos. Precisamos curar nossas feridas, que são fundas e sérias.

A esquerda precisa se repensar, se modernizar, encontrar um discurso para o século XXI. Temos que aprender com os clássicos, mas trazer ao balaio um pensamento atualizado. O pior é as nossas universidades são incapazes de liderar esse processo. A esquerda e as universidades envelheceram – pensam como se nós ainda estivéssemos na primeira metade do século XX.

terça-feira, 24 de maio de 2016

São 12 milhões de desempregados!


As lições políticas

Volto ao assunto, tal a sua importância.

Petistas e assemelhados ficaram assanhados com o episódio Jucá – e voltaram à cantilena do golpe, que não houve. É interessante ver gente também investigada pelo Lava-Jato, que antes faziam insinuações malévolas à operação, apresentar-se agora como defensores da luta contra a corrupção. Gente, inclusive, que, como Jucá, estão sendo investigados – e estão sentados no Senado ou fazendo deliciosas viagens à custa dos contribuintes.

Muitos petistas já estão presos, condenados, gente de peso e história no falecido PT, como é o caso do José Dirceu, Vaccari, Delúbio, Silvinho Pereira, entre outros. Aliás, petistas ilustres, como o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, estão sendo investigados hoje não só pela Lava-Jato como pelas operações Zelotes e Acrônimo. Não defendo o Jucá, mas o coloco no mesmo nível que a Gleisi Hoffman, Lindenberg (cujos bens estão bloqueados), Fernando Pimentel, entre outros. Todos, um dia, irão parar na cadeia.

O episódio Jucá teve dois efeitos, além - é claro - do seu afastamento do ministério. O primeiro: reforçou, indiretamente, a operação Lava-Jato, pois demonstrou que, apesar de tudo, a opinião pública, a população, o povo, acredita e deseja que a caça aos ladrões vá até o fim. O segundo: proporcionou ao governo Temer uma demonstração de ação rápida diante de uma crise. Hoje, Temer fez um pronunciamento – e houve entrevista coletiva dos seus principais ministros. Como escritor e homem de bom gosto, foi ótimo ouvir dirigentes que respeitam e sabem o português e não dizem loas à mandioca nem defendem a estocagem de vento.

Continuo dizendo que um dos problemas centrais do Brasil, além dos buracos econômicos e da histeria política do PT e assemelhados, é o contingente de 12 milhões de desempregados, que afetam, por baixo, cerca de quarenta milhões de pessoas. Um problema – diga-se - que não passa pelo nariz dos intelectuais e artistas, que amealham grana preta do Ministério da Cultura, inclusive para produzir livros de receitas de bolos e peças escatológicas, onde atores e atrizes fuçam o fiofó uns dos outros. Os artistas e intelectuais brasileiros que defenderam a remontagem do Ministério da Cultura são viciados em Estado – e poucos estão preocupados realmente em fazer cultura, mas o de garantir o emprego do burocrata que libera os recursos que eles torram a rodo.

Tenho comigo a Certidão de Informações, em meu nome, que contém os resumos dos documentos existentes no acervo do Serviço Nacional de Informações – SNI e nos demais conjuntos documentais do Regime Militar, nos quais sou citado. Lá constam as perseguições de que fui vítima, inclusive com dados das empresas que não puderam me contratar por decisão do SNI. Vivi três anos assim, em busca de emprego – e eu tinha duas filhas pequenas. Eu vivia de expedientes: traduzi livros de bolso vendidos em bancas de jornal, servi de motorista, vendi alguns livros meus, comprei fiado. O Velhote sabe perfeitamente o que é ser desempregado, especialmente em época de crise.

Já disse: são 12 milhões de desempregados no Brasil e, segundo a Folha de S. Paulo (13/04/2016), 60 milhões (41% da população com mais de 18 anos) estão na lista de inadimplentes (dados da Serasa Experian). O desemprego, resultado de uma política econômica desastrada, é uma crueldade inominável.      

domingo, 22 de maio de 2016

A esquerda envelheceu - e envileceu

Tarefas da esquerda


O senador Cristovam Buarque disse uma frase que o Velhote do Penedo gostaria de ter dito, mas com um acréscimo: “Não fui eu que mudei”, disse ele, “foi a esquerda que envelheceu”. O Velhote acrescentaria: “foi a esquerda que envelheceu - e envileceu”.

Duas coisas eu sempre escrevi aqui no meu quadro-negro:

1 - ainda acredito no ideal socialista, mas um socialismo que reúna liberdade, pluripartidarismo, políticas sociais sólidas, honestidade e ética. Sim, honestidade e ética – porque o Velhote não considera a corrupção um problema meramente moral, mas, sim, um fato social, no conceito durkheimiano da expressão.

2 – Notei que o pior feito dos governos petistas, além dos buracos econômicos que cavaram, foi a desmoralização da esquerda. Hoje, graças ao PT, a sociedade brasileira (ouvi isto de gente de classe média e das chamadas classes subalternas) supõe que qualquer governo de esquerda é, por sua própria natureza, incompetente, inconsequente e corrupto. Certo, o PT não é propriamente um partido de esquerda, embora o seu discurso pareça. Como dizia Brizola, o PT é uma espécie de galinha que cacareja para a esquerda, mas põe ovos para a direita.

De qualquer forma, creio que temos duas tarefas pela frente: a primeira, é repensar a esquerda, transformá-la, trazê-la para a nossa época. Temos esquecer as palavras de ordem dos anos 1950 e 1960, os jargões próprios da guerra fria, nos integrarmos ao mercado mundial (soberanamente), elaborar um projeto educacional de longo prazo, do primário à universidade, que não sofra interrupções, mas seja constantemente ajustada às transformações da ciência, da técnica e da inovação.

A segunda providência é mais imediata. Temos uma situação gravíssima a enfrentar:

·         Déficit primário: R$ 170,5 bilhões.

·         Queda de 46% dos investimentos do BNDES.

·         Dívida de R$ 450 bilhões da Petrobrás, que ainda apresenta um prejuízo de R$ 56,5 bilhões.

·         Queda de 25% na soma de exportações e importações desde 2013.

·         Inflação de 9,3%.

·         Déficit previdenciário de R$ 136 bilhões.

·         Déficit de R$ 600 bilhões das contas públicas após o pagamento de juros.

·         12 milhões de desempregados.

·         25 mil leitos hospitalares desativados em 3 anos.

O que fazer? Vi, hoje, na televisão, centrais sindicais, movimentos sociais, estudantes e professores repetindo a lenga-lenga do golpe e exigindo a saída do Temer.

Também não gosto do Temer, também não gosto do seu ministério, não gosto de muita coisa, mas quem cavou todos os problemas acima citados foi o governo Dilma. Estamos nesse buraco porque Dilma é incompetente.

12 milhões de desempregados é um número que beira o holocausto. Nos anos finais da ditadura, o Velhote do Penedo ficou três anos desempregado, por que o SNI sempre me vetava. Inclusive em empresas privadas. Sei o que é ser desempregado.

Hoje me ocorreu uma pergunta maliciosa: do que vivem Boulos e Stédile? O primeiro é líder dos sem teto; o segundo dos sem terras, mas ambos viajam daqui para lá, vestem-se bem e são gordos – o que indica que não passam fome.

***

Em tempo (1): Acho que o Temer amarelou ao recriar o Ministério da Cultura. Eu não recriaria. Jamais vi os artistas que tanto protestaram fazer crítica a uma política econômica desastrada que causou todos os danos acima citados. Eles querem é mamar nas tetas do Estado.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Falta de princípios


Baratas e camundongos

 

Muitos vão me odiar, mas o brasileiro é muito indulgente consigo mesmo.

Penso nisto quando vejo atletas, artistas e jornalistas se apresentarem como intelectuais quando são apenas sujeitos que fazem esporte, trabalham em teatro, TV, cinema e jornais. São trabalhadores como quaisquer outros. Não merecem mais ou menos direitos e deveres que merecem os demais cidadãos.

A chamada classe artística – e não só ela - é viciada em Estado. A frase não é minha, mas de uma pessoa insuspeita: Fernanda Montenegro.

Vejam o que ocorre, hoje, no Brasil. O governo Temer está destampando a caixa preta dos governos petistas, que foram – todos sabem disso, menos os idiotizados – governos que, além da corrupção endêmica, somavam políticas de direita e populismo barato e tosco. Distribuíam facilidades aos ricos (industriais e banqueiros) e migalhas aos pobres (bolsa família, Minha Casa Minha Vida). Não foi o próprio Lula que disse que “os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo”? E repito o que já escrevi aqui: as casinhas do Minha Casa Minha Vida são uma porcaria, muitas já apresentam rachaduras e infiltrações – e não possuem rede de esgoto. Mas servem de vitrina a um governo que se dizia “popular”.

Mas não quero discutir estes assuntos hoje. O que desejo, apenas, é fazer uma constatação.

O deputado Eduardo Cunha, por decisão do STF, foi afastado da presidência da Câmara e do seu mandato de parlamentar. Continua morando na Residência Oficial e tem direito a todas as mordomias do cargo do qual foi apeado.

A presidente Dilma sofreu impeachment preventivo, foi afastada da presidência da República. Continua morando no Palácio da Alvorada e, como Cunha, tem direito a inúmeras mordomias do qual foi afastada.

A turma do PT e do PCdoB não disse uma só palavra a respeito da manutenção das vantagens do deputado Cunha. Não disse por que se dissesse estaria também falando da Dilma. A isto o Velhote do Penedo chama de falta de princípios. E de escrúpulos.

Vi na TV o pessoal do PT e do PCdoB defendendo a permanência de Waldir Maranhão na presidência da Câmara. Maranhão, uma figura bizarra e caricata, é aliado de Cunha, o que significa que o presidente afastado, com a aquiescência do PT e do PCdoB, continua influindo nos trabalhos da Câmara.

A política brasileira sempre teve, e ainda tem grandes homens. Mas, no meio deles há muitas baratas e camundongos. E jararacas.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Despreparo cultural


O Brasil teima em ser atrasado

Acho que foi em 2012 ou 2013, não lembro. Um sujeito (não nos conhecíamos) do Ministério da Cultura telefonou-me: queria conversar comigo. Eu disse que sim. Ele queria que eu participasse da equipe que iria escrever o Plano Nacional de Cultura. Eu não estava afim – por isso fiz uma pergunta que ele não esperava: “Quanto você vai me pagar?” O sujeito aparentemente levou um susto: “Como? Quanto eu vou pagar?” Expliquei: “Você não ganha pelo seu trabalho? Então é justo que eu seja pago pelo meu trabalho”. Ele disse que me telefonaria depois. Desliguei - certo que o sujeito não me ligaria mais. Engano. Dois dias depois ele retornou e me ofereceu uma remuneração, que achei pouco – e fiz uma contraproposta. Ele aceitou no ato.

Eles queriam que eu escrevesse um texto sobre a assim chamada “cultura popular”, coisa simples, que liquidei em alguns dias.

Mas o que eu quero lhes dizer é que participei de duas reuniões com a “turma” que dominava o Ministério da Cultura. Numa delas, vi uma cena típica dos tempos: ao meu lado direito, um sujeito pôs sobre a mesa ostensivamente um chaveiro com a efígie de Trotsky; a duas pessoas dele, outro sujeito em resposta tinha sobre a mesa um chaveiro que homenageava Stalin. Pensei comigo: “O que estou fazendo aqui?”

Ouvi mais que falei. O que ouvi não me agradou. O jargão era o óbvio: desenvolvimento desigual e combinado, forças produtivas, cultura das elites, cultura do povo, alguém comentou que tinha lido um artigo sobre Eros Velúsia, uma bailarina que marcou época no chamado teatro de revista. Outro citou Antônio Cândido, um terceiro falou em Alfredo Bosi, um sujeito fez a exegese do circo, mas ninguém se pronunciou a respeito de uma política de cultura.

Bem, para resumir: escrevi meu texto, recebi o pagamento e nunca mais estive no Ministério da Cultura.

Às vezes, chegavam-me ecos do acontecia por lá, os quais não me agradavam. O fato é que o MC foi, como tantos outros ministérios, aparelhado pelo PT e pelo PCdoB, que refletiram na estrutura burocrática as alas e grupos e subgrupos desses partidos, cada qual buscando a hegemonia e o domínio sobre os demais. O Ministério da Cultura - visto de fora - não seguia itinerários administrativos e políticos determinados, como qualquer unidade da estrutura governamental, mas parecia um arquipélago de tendências e intenções partidárias. Com um adicional: muitas decisões eram estapafúrdias.

A liberação de grana refletia isso. Certa vez, li, espantado, que um poeta de quinta categoria de Brasília (eu li esse poeta e, por isso, sei exatamente por que ele é de quinta) foi indicado pelo ministério para “representar os escritores de Brasília na Feira Internacional de Frankfurt”. Não sei quais os critérios da escolha, mas o sujeitinho recebeu passagens, diárias e um pagamento adicional, muitas mordomias. Noutra ocasião, um grupo de escritores recebeu grana para, cada qual, se instalar numa capital do mundo (sim do mundo!) – e lá, captando o espírito do lugar, escrever um livro. Não sei também os critérios de escolha, como não sei se os livros foram escritos. Mas isto talvez não fosse o mais importante. A intenção talvez fosse cooptá-los, fazer um agrado, sei lá.

Não vou falar a respeito da Lei Rouanet - tão generosa para com os “amigos” e “aliados”. Outro dia, recebi no Facebook uma mensagem que listava doze projetos estranhos e absurdos favorecidos pela Lei Rouanet. Não vou falar sobre eles, mas muitos que nos últimos dias gritavam contra o impeachment da Dilma constavam da listagem. Uma das propostas beneficiadas foi uma peça escatológica, onde uns sujeitos, em círculo, enfiavam o dedo ou o nariz no rabicó dos outros.

Nesses tantos anos petistas, a chamada intelectualidade brasileira calou-se diante dos descalabros. Alguns – claro – porque estavam comprometidos e eram beneficiários; outros, não beneficiários, fizeram boca de siri por razões ideológicas; terceiros, nada disseram por prudência, talvez receio do patrulhamento que inevitavelmente viria.

Houve um tempo em que educação e cultura eram entendidas como complementares e, não, como duas coisas estanques, uma lá, outra cá. Eram tempos de gente da maior qualidade na sua direção: Capanema, Carlos Drummond de Andrade (chefe de gabinete de Capanema), Josué Montello, Augusto Meyer, José Honório Rodrigues, Adonias Filho, Edmundo Moniz, Edson Nery da Fonseca, José Simeão Leal. Gente que o regime militar afastou. Gente que desapareceu. Os governos petistas não trouxeram gente equivalente, mas convocou os chamados “núcleos de cultura” dos partidos dominantes, muitos dos quais são incapazes de definir cultura.

Todos falam nos danos econômicos, políticos, na dívida, na inflação, no emburacamento dos Fundos de Pensão, na corrupção, mas poucos falam nos danos na cultura. Falo de cadeira, pois jamais recebi um tostão furado pelos livros que escrevi (a não ser meus direitos autorais), jamais recebi um agrado e, à exceção da minha participação na elaboração do Plano Nacional de Cultura, recusei todos os demais convites que me fizeram. Não transformei minha vida intelectual em nenhuma badalação: não gosto sequer de noites de autógrafos, não participo de rodas, mas duvido que muitos pseudoescritores que vagam por aí tenham vendido mais livros que eu. O tal poetastro de quem falei acima não vendeu 1% do que eu vendi.

Reitero não vejo nenhum problema na volta do velho MEC, desde haja uma faxina e organização da instituição. Eu seria mais radical: eu, por exemplo, extinguiria o Ministério da Ciência e Tecnologia, fundiria CNPq e Capes, levava a FINEP para o BNDES. A fusão CNPq e Capes evitaria que pesquisadores brasileiros, que acham que o Estado é deles, recebessem, à sorrelfa, bolsas e auxílios de um e outro para o mesmo projeto.

O Estado brasileiro precisa ser refeito – e drasticamente reduzido com o fito de ser eficiente e eficaz.

Em tempo (1): Tudo bem que a participação dos estudantes seja essencial, que eles reivindiquem idem, que discutam idem, mas é essencial que eles estudem, que o ensino seja severo, que os professores sejam cultos, preparados e atualizados. Sei que os salários são baixos, as escolas precárias, mas não será com ocupações, depredações e agressões, que as coisas vão dar certo ou melhorar. A educação no Brasil, hoje, é uma vergonha – e parte da culpa cabe aos (àqueles) professores que não honram a sua profissão e dos estudantes (àqueles) que não estudam.

Em tempo (2): Hoje, vi na TV uma criança de escola pública dizer o seguinte: “A gente tem que estudar o que quer, o que a gente gosta - não o que eles querem que a gente estude”. Uma vez vi um sujeito do MEC (era um coordenador, um quadro intermediário) dizer: “Cada escola tem que ter o seu currículo definido pela comunidade”. Quando penso nas revoluções educacionais da Coreia do Sul e do Japão – sinto uma vontade de chorar copiosamente. O Brasil é um país que se recusa a ser minimamente civilizado.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

É hora de ter a cabeça fria

"Tempos difíceis"
 
Por motivos que me dispenso comentar, não acompanhei a sessão do Senado.

Eram cinco e pouco da manhã, eu já tinha acordado – e estava na cama lendo quando ouvi o som dos fogos de artifício. Levantei-me e fui espiar a história que se desenrolava a poucos quilômetros da minha casa. Liguei a televisão – e vi que Dilma tinha sido afastada do cargo por 55 a 22 votos. Uma goleada. Os fogos eram de comemoração.

Informado dos fatos, voltei aos “Tempos difíceis”, de Charles Dickens (Boitempo Editorial). Não, não procurem nenhuma insinuação entre o título e o momento político brasileiro.

Dilma plantou e colheu. Ela, conforme ficou certo, cometeu crimes de responsabilidade, mas ela mostrou-se péssima gestora, medíocre política e pífia articuladora. Um desastre. E seus auxiliares, gente do tipo Mercadante, Berzoine, Cardoso, sentiam-se os tais, mas só fizeram burradas.

A verdade é que ela foi derrocada pelo “conjunto da obra”: inflação, carestia, desemprego (11 milhões de brasileiros), corrupção (não dela, mas de parte expressiva da elite petista), déficits, crateras orçamentárias, destruição da Petrobrás, dos Fundos de Pensão, várias outras estatais, como Eletrobrás. O BNDES é, hoje, uma vergonha – e quando a caixa-preta for aberta, meus amigos, saiam debaixo.

Diante desse monumental descalabro, Dilma brandia os chamados programas sociais. Bolsa-família, no meu entender, é uma falácia. Minha casa, minha vida é uma enganação: casas mal construídas, sem rede de esgoto, que, em poucos anos, já apresenta infiltrações, rachaduras, portas e batentes emperrados. Sei disso porque constatei pessoalmente – ninguém me contou. Metade da população brasileira está endividada. Não há ideologia capaz de afrontar a realidade.

O PT, como partido, vai encolher bastante. Muita gente vai abandonar o partido nos próximos dias ou semanas, mormente porque teremos eleições breve – e entre a fidelidade partidária ou a vitória eleitoral, muitos petistas vão escolher a segunda. É a vida.

Os eleitores não vão votar no PT, a não ser nos grotões. O PT vai se transformar num partido político nanico, mas não vai desaparecer. Desaparecer nacionalmente parece ser o destino do PDT, que se transformará num mero partido gaúcho. O inacreditável Lupi asfixiou um partido que ele recebeu de bandeja. Um partido que reuniu grandes figuras, como Brizola, Darcy Ribeiro, Doutel de Andrade, Brandão Monteiro, entre muitos outros, e que hoje está reduzido ao próprio Lupi e o inacreditável senador Teomário Mota.

Dilma saiu do Planalto cuspindo maribondos. Dizem que vai fazer oposição, pois o Senado garantiu-se uma mordomia absurda. Mas Dilma, logo, logo, vai submergir na solidão, pois as visitas ao palácio Alvorada vão minguar, como as manifestações em sua defesa. Afinal, o PT vai tratar dos seus cacos, tentando colá-los – e ninguém vai perder tempo com uma presidente tocada do poder e que, supõe-se, não volta mais. Cruel isso? Talvez, mas a vida – sobretudo, a política – é assim. Afora isso, a operação Lava-Jato aí está para assombrar alguns ex-ministros que perderam o foro privilegiado. Lula que se cuide.

O governo Temer vai dar certo? A questão é bizantina. Como não sou adivinho, tenho uma opinião: nenhum governo pode ser igual ou pior que o governo Dilma. Há gente boa no ministério Temer – falo de competência, não de ideologia. Discutiu-se que falta mulher no grupo. Bem, pode ser, mas se esse problema não existisse, estaríamos discutindo a falta de negro, cadeirante, albino, anão e homossexual.

Um deputado do PT postou no seu blog um comentário preconceituoso: é um ministério de velhos – e vinha em seguida um rol de epítetos ofensivos, direita, incompetentes, por aí. Sei, o deputado é um idiota, mas é bom chamar a atenção para os escorregões ideológicos.

Não sou otimista em relação ao governo Temer, até porque não cultivo o otimismo como visão do mundo e da vida. Mas o Brasil não aguenta mais – e saiu de um processo traumático, difícil. A situação é grave, a crise atinge a todos. Eu, pessoalmente, ando nas ruas, ando de ônibus, visito as cidades satélites, vejo a vida – e o que vejo não me agrada. A miséria campeia.

Repito, por fim, o que já disse. Além dos danos econômicos causados pelos governos do PT, eu aponto o que para mim são os mais importantes:

1) a desmoralização da esquerda, na medida em que o PT conseguiu difundir, junto à população, a ideia de que ser de esquerda é ser incompetente, arruaceiro e corrupto. Esta foi a ideia que o governo Dilma legou ao país;

2) o governo Dilma fez tantas besteiras e tolices que pôs no colo de todos nós o governo Temer. Se o governo Temer for pior que o governo da Dilma – adivinhem de quem é a culpa?

terça-feira, 10 de maio de 2016

Impeachment e golpe


Aos trancos e barrancos (2)

 

Escrevi sobre o dano que o PT, mais especificamente o desastrado governo Dilma, causou à esquerda. A incompetência, a rapina dos cofres públicos, a destruição da Petrobrás, o roubo nos Fundos de Pensão, a arrogância e a autossuficiente da Dilma e o mau-caratismo e a vulgaridade do Lula, criaram, na opinião pública, a ideia (pior: a certeza) de que a esquerda (ideologia e prática política) é isso, ou seja, o que o PT produziu, fez e obrou nos últimos treze anos. Em linguagem chula: sob o governo PT, a esquerda transformou-se numa porcaria, segundo a percepção e o sentimento da população.

Quero acrescentar que, além da desmoralização da esquerda, outro dano causado pelo PT – e não me venham falar em golpe - foi o de nos dar, de bandeja, o governo Temer. O Velhote não vai especular sobre o governo Temer, muito menos comentar os nomes que diariamente surgem como possíveis ministros disso ou daquilo. O Velhote, que não alimenta esperanças, fará isso no momento certo.

A internet é um poderoso conduto de mentiras, fofocas, boatos e tolices. A última foi a de que um bispo de Igreja Universal seria ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Bobagem pensar que Temer seria tão tolo a esse ponto, mas o Velhote prefere aguardar, pois se dependesse dele, Velhote, o MCTI seria extinto, tornando-se uma secretaria subordinada ao Planejamento – como, aliás, já o foi no passado. O MCTI (na época, apenas MCT) surgiu da necessidade que Tancredo teve de partilhar a máquina estatal (criando, inclusive, novos ministérios – e este foi o caso do MCT). À distribuição de cargos e espaços na máquina, fenômeno antigo no Brasil, o sociólogo Luciano Martins, em ensaio que merece ser relido, chamou de “feudalização do Estado”.

Bem verdade que Temer é um político conservador, mas o governo Dilma, como o governo Lula, fez um governo conservador, tendo, inclusive, alterado leis trabalhistas e leis de aposentadoria, em prejuízo dos trabalhadores e aposentados. Lula, por exemplo, criou um desconto nas aposentadorias, inclusive com efeito retroativo, ou seja, aos que já estavam aposentados. Os governos Lula e Dilma somados, conforme dados do próprio governo, distribuíram menos títulos de terra que o governo FHC. O MST, claro, sabe disso, mas a reforma agrária é um discurso de múltiplos usos, inclusive o de invadir campos de pesquisa da Embrapa e destruir investigações em curso. O próprio Lula afirmou que “nunca os empresários ganharam tanto como no meu governo”.

Não estou defendendo FHC e muito menos fazendo uma previsão otimista do governo Temer. Não peco pelo otimismo, inclusive porque os danos causados pelo espantoso governo Dilma não têm cura a curto ou médio prazos. A sociedade brasileira vai gramar – e levar sustos seguidos quando falácias petistas se tornarem evidentes. Em 21 abril último, Clóvis Rossi mostrou, com base em estudo elaborado por técnicos do IPEA e da UnB, que não houve em absoluto queda da desigualdade nos últimos vinte anos. O estudo é tão demolidor que o IPEA proibiu a sua difusão. Outros estudos, de outros analistas, estão no forno – e serão divulgados proximamente.

Temer será pior que Dilma? Não sei, mas não creio que ninguém possa ser um governante pior que Dilma: ele, no máximo, vai ser tão ruim quanto ela. Ele vai penalizar os trabalhadores? Mas o que tem feito Dilma? Ou inflação, carestia, desemprego, redução de salários não são penalizações? Corre, e parece certo, que Henrique Meirelles será o próximo ministro da Fazenda. Mas Meirelles não foi o ministro dos sonhos do Lula, que o indicou para Dilma, que torceu o nariz?

Em 2018, meus amigos, vamos ter eleição. Pode ser que o brasileiro, até lá, tenha aprendido a não acreditar nos aventureiros de praxe. A antecipação das eleições seria inconveniente, pois os ânimos estão quentes e a irracionalidade pode predominar e turvar ainda mais o cenário político brasileiro.

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O presente artigo estava escrito quando o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP), articulado com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e com o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardoso, tentou melar o processo de impeachment da presidente Dilma, através de um ato insano, pueril e inaceitável.

O golpe parecia ser certeiro e inteligente. Maranhão, orientado por Dino e Cardoso, baixou um ato (monocrático), anulando a sessão da Câmara que aprovou o relatório da Comissão criada para analisar o impeachment.

O golpe foi facilmente abortado, embora tenha causado muito ruído desnecessário, pois a Dilma já está praticamente afastada.

Como sempre digo, a Internet é um instrumento diabólico, tanto divulga conhecimento quanto fofocas, boatos e mentiras deslavadas. Ontem mesmo (9 de maio) soube-se que o filho de Waldir Maranhão acumula um cargo no Tribunal de Contas do Estado do Maranhão, onde recebe dez mil reais, e um emprego, como médico anestesista num hospital de São Paulo, a 2.400 quilômetros de distância em linha reta.

A tentativa de golpe pegou mal na imprensa internacional, na bolsa e na paciência dos brasileiros.  

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O maior dano do PT


Aos trancos e barrancos

 

O Velhote do Penedo reitera: muitas vezes disse aqui que era contra o impedimento de Dilma, mas favorável à sua renúncia, já que ela mostrou-se incapaz de buscar a construção de uma saída política. Hoje, minha opinião a respeito é inútil, pois o impedimento parece ser coisa certa. Como disse Eduardo Campos, com ódio nos olhos, antes tarde do que nunca.

Ontem, o STF suspendeu, finalmente, o mandato parlamentar do deputado Eduardo Cunha, o que o afastou, por consequência, da presidência da Câmara. Como disse Dilma, com ódio nos olhos, antes tarde do que nunca.

Lugares comuns, olhos e ódios à parte, agora cabe à Comissão de Ética dar a paulada final na jararaca carioca, cassando o seu mandato. A cassação de Cunha fará bem ao país. E imagino que Moro deve estar esfregando as mãos – e, se não estiver, conheço muita gente que está.

E, por falar em jararaca, Lula foi indiciado (ele e uma baita lista de “autoridades”) e, assim que Dilma for defenestrada, ele (e todos da lista enorme de “autoridades”) cairá na vala de todos os mortais, ou seja, nós, que não possuímos “foro privilegiado”.

Cá da minha laje, percebo que o Brasil, bem ao seu estilo, caminha aos trancos e barrancos, avançando e recuando, muitas vezes retrocedendo e atolando em patranhas. Este ano, por exemplo, teremos eleições municipais. Vamos ver o que as urnas (ou máquinas eleitorais) vão dizer. Acho que muitos partidos, entre os quais o PT e o PDT, vão ganhar o status de “nanicos”. Talvez seja uma sina.

O estrago provocado pelo governo petista foi devastador – e não falo aqui da economia, da política, da enorme crise que engolfa o Brasil. Todos estão sentindo no bolso, na mente e no coração os efeitos da crise. Meu assunto é outro.

O Velhote do Penedo jamais escondeu sua opção pelo socialismo, mas um socialismo moderno, pluripartidário e democrático. O Velhote do Penedo não usa, em seus textos, as expressões “direita” e “esquerda”, inclusive por achá-las inadequadas. Mas o PT usou tão levianamente (para usar uma palavra branda) a palavra “esquerda”, que nada mais fez que avacalhar o termo e o que ele representa.

Hoje, por obra e graça do PT, do PCdoB e outros, a população entende que governo de esquerda é, por sua própria natureza, incompetente e corrupto. Livrar e superar tal sentimento levará muitos anos, talvez décadas.

Em tempo (1):

Se eu fosse deputado estaria lutando por eleições para a presidência da Câmara dos Deputados. E teria um candidato: Jarbas Vasconcelos.

Em tempo (2):

Fui fundador do PDT – e ainda digo que Brizola era um estadista. Agora, meus amigos, ver o senador Teomário Miranda, do atual PDT que não é o meu, citar o Brizola e confundir FMI com FBI é dose!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O que matou foi a arrogância


Não sou petista, mas tenho amigos que são. Respeito. Fui pedetista, mas não sou mais. Não posso pertencer a um partido que traiu suas prioridades e é presidido pelo Lupi. Durante muito tempo, eu me mantive contrário ao impedimento de Dilma, embora eu estivesse convicto de que ela cometeu crime de responsabilidade.

Em março do ano passado, participei de uma reunião no Senado onde defendi o impossível: um amplo diálogo nacional, reunindo políticos e representantes da sociedade, a formulação de um projeto de reformas, como forma de superação da crise política e econômica que, a meu ver, iria evoluir, chegando à asfixia do país. Mas alertei: isto só poderia acontecer se Dilma o liderasse. Lamentei: mas ela não o faria, devido sua arrogância e autossuficiência.

Chegamos praticamente ao fim de um ciclo – e talvez ao início de outro. Não sei o que vai acontecer. Sei, contudo, de algumas coisas: 1) o PT sairá duramente abalado de tudo isso - e isto ficará patente nas eleições deste ano; 2) O PDT, idem; 3) Não vai ser fácil consertar os estragos produzidos por Dilma.

O PT plantou sua própria débâcle. Plantou e está colhendo. Dilma chegou a ter mais de 70% de aprovação. Jogou no lixo esse capital.